A Microsoft ultrapassou, na quinta-feira, 31 de julho, o patamar de 4 triliões de dólares em capitalização bolsista, um feito até agora reservado apenas à Nvidia. A valorização decorreu poucas horas depois da divulgação dos resultados do último trimestre fiscal, que evidenciam um crescimento acelerado da receita e do lucro.
Marco histórico para a Microsoft
Fundada há quase cinco décadas, a empresa de Redmond atinge pela primeira vez este nível de valorização. Desde 2019, ano em que superou o primeiro trilião, o valor de mercado quadruplicou. O movimento confirma a posição da Microsoft entre as corporações tecnológicas mais valiosas do mundo, deixando apenas a Apple fora do grupo restrito das organizações a caminho do mesmo objetivo. Atualmente, a fabricante do iPhone está avaliada em 3,2 triliões de dólares.
Resultados financeiros impulsionam capitalização
No trimestre encerrado a 30 de junho, a Microsoft registou receita de 76,4 mil milhões de dólares, equivalente a um avanço de 18 % face ao período anterior. O lucro líquido chegou aos 27,2 mil milhões, representando um incremento de 24 % na mesma comparação.
Os números superaram as expectativas do mercado e motivaram uma subida abrupta das ações na Nasdaq. O contexto de recuperação do índice, alimentado pelo aproximar do prazo de isenção de tarifas recíprocas impostas durante a administração Trump, também contribuiu para a valorização.
Nuvem e inteligência artificial sustentam crescimento
O principal motor do desempenho foi a Azure. O negócio de serviços em nuvem revelou um avanço de 39 % em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, reforçando o posicionamento da Microsoft no segmento corporativo. Satya Nadella, diretor-executivo, destacou a procura por soluções de inteligência artificial como fator decisivo para o ritmo de expansão.
Segundo a empresa, cerca de 800 milhões de utilizadores interagem regularmente com funcionalidades de IA em produtos Microsoft. O Copilot, assistente baseado em modelos generativos, acumula mais de 100 milhões de utilizadores mensais.
Contrastes com reestruturações internas
Apesar do crescimento, a organização atravessa um processo de ajustamento de custos. No início de julho, cerca de 9 000 postos de trabalho foram eliminados e diversos projetos sofreram cancelamento ou adiamento. Questionado sobre as demissões, Nadella afirmou que a prioridade continua a ser a rentabilidade a longo prazo e o reforço das áreas consideradas estratégicas, como a IA e a infraestrutura de nuvem.
Perspetivas para o mercado tecnológico
Com a Microsoft e a Nvidia acima de 4 triliões de dólares, analistas acompanham agora a trajetória da Apple, que poderá tornar-se a terceira empresa a chegar à mesma fasquia. A valorização das duas primeiras evidencia a importância dos serviços em nuvem, da inteligência artificial e dos semicondutores para o atual ciclo de crescimento do setor.
Mesmo perante cortes de pessoal e incertezas macroeconómicas, os resultados sugerem que o investimento em plataformas de IA e centros de dados continua a render retorno significativo. A evolução da Nasdaq nos próximos meses dependerá, em parte, do desfecho das negociações comerciais entre os Estados Unidos e os seus parceiros, bem como da adoção contínua de soluções inteligentes por empresas e consumidores.

Imagem: tecmundo.com.br