Metal líquido revoluciona combate a infecções em implantes

Metal líquido revoluciona combate a infecções em implantes é o ponto central de uma pesquisa da Universidade Flinders, na Austrália, que propõe um biomaterial capaz de reduzir infecções e, ao mesmo tempo, acelerar a integração óssea em cirurgias ortopédicas.

Os cientistas incorporaram nanopartículas de prata-gálio (Ag-Ga) a um andaime biocerâmico 3D de hidroxiapatita. Nos testes, o material apresentou ação antimicrobiana sustentada contra patógenos como Staphylococcus aureus, MRSA e Pseudomonas aeruginosa, principais vilões de próteses de quadril e joelho.

Metal líquido revoluciona combate a infecções em implantes

O estudo, publicado na revista Advanced Functional Materials, descreve o primeiro caso de integração de nanometais líquidos em uma cerâmica bioativa de suporte de carga. Segundo o professor associado Vi-Khanh Truong, o recurso alia “proteção antimicrobiana localizada e sustentada” a propriedades que estimulam o crescimento ósseo.

Cerca de 85 000 substituições de quadril e joelho são realizadas por ano na Austrália. A resistência bacteriana torna os antibióticos sistêmicos menos eficazes, enquanto cimentos carregados de fármacos perdem ação rapidamente. A nova solução oferece uma alternativa sem depender de antibióticos, crucial para a segurança de longo prazo dos pacientes.

Para o pós-doutorando Ngoc Huu Nguyen, a diferença está na liberação controlada de íons metálicos, que atacam as bactérias em múltiplas frentes ao mesmo tempo em que mantêm alta biocompatibilidade. Ensaios laboratoriais demonstraram redução significativa de colônias resistentes e melhora na regeneração óssea em modelos pré-clínicos.

Os autores listam aplicações potenciais que vão de preenchimentos ósseos antimicrobianos para fraturas infectadas até dispositivos autônomos destinados a pés diabéticos. O professor Krasimir Vasilev, especialista em Nanoengenharia Biomédica, acredita que o avanço abrirá caminho para uma “nova geração de materiais capazes de prevenir infecções e promover cicatrização sem recorrer a antibióticos”.

A pesquisa ainda precisa avançar para estudos clínicos, mas sinaliza importante passo na luta global contra a resistência antimicrobiana e na melhoria da longevidade dos implantes ortopédicos.

Quer acompanhar mais descobertas que unem saúde e tecnologia? Acesse nossa editoria de Ciência e Tecnologia e continue atualizado.

Crédito da imagem: ChooChin/iStock; edwardolive/iStock; Sergii Kolesnikov/iStock