Mega centros de dados de IA elevam consumo de água e energia e geram alertas nas cidades
O rápido crescimento dos centros de dados dedicados à inteligência artificial está a colocar pressão adicional sobre recursos hídricos e elétricos em várias regiões. Anúncios recentes de grandes investimentos e novas instalações têm gerado preocupações sobre o impacto ambiental e social destas infraestruturas.
Expansão recorde nos Estados Unidos
A OpenAI e a Oracle confirmaram planos para acrescentar 4,5 GW de capacidade ao projeto Stargate, um conglomerado de centros de dados que pode atingir 10 GW. O investimento global, estimado em 500 mil milhões de dólares, pretende reforçar a liderança norte-americana em IA. A escala do projeto destaca a procura crescente por energia elétrica para alimentar sistemas avançados de computação.
Casos no Brasil ilustram impactos locais
Em Caucaia, no Ceará, a construção de um mega centro de dados do TikTok levanta dúvidas sobre sustentabilidade numa região fustigada por secas. Projeções apontam que a instalação poderá consumir, num único dia, a eletricidade equivalente ao gasto de 2,2 milhões de pessoas e grandes volumes de água para arrefecimento.
No sul do país, Eldorado do Sul prepara-se para receber o complexo AI City, da Scala Data Center. O projeto começa com 54 MW e investimento inicial de 3 mil milhões de reais, mas pode escalar para 4 750 MW, potência comparável ao consumo de todo o estado do Rio de Janeiro. Agricultores locais temem dificuldades de abastecimento, enquanto comunidades indígenas relatam falta de consulta prévia.
Moradores de ambas as localidades contestam a transparência dos estudos de impacto e a rapidez das autorizações ambientais.
Autorização governamental e critérios de localização
Instalações com elevado consumo de energia necessitam de autorização específica do Ministério de Minas e Energia. Em 2024, sete dos 21 pedidos recebidos referiam-se a centros de dados. Os operadores procuram zonas próximas de cabos de fibra óptica e fontes energéticas confiáveis, mas regiões frias ou com energia renovável ganham vantagem pela redução das necessidades de arrefecimento.
Especialistas indicam que implantar centros de dados em áreas urbanas pode diminuir custos de infraestrutura e permitir o reaproveitamento do calor gerado para aquecimento de edifícios, reduzindo parte do impacto. Ainda assim, a escala dos projetos obriga a avaliações rigorosas sobre água, eletricidade e efeitos nas comunidades envolventes.