Marte habitável: gases de enxofre podem ter aquecido planeta

Marte habitável volta ao centro do debate científico após um estudo da Universidade do Texas em Austin sugerir que gases de enxofre vulcânicos teriam garantido temperaturas amenas no planeta há bilhões de anos.

Publicada na revista Science Advances, a pesquisa analisou a composição de meteoritos marcianos e executou mais de 40 simulações climáticas. Os modelos indicam que compostos altamente reativos, como sulfeto de hidrogênio (H₂S), dissulfeto (S₂) e até hexafluoreto de enxofre (SF₆), intensificaram o efeito estufa e mantiveram água líquida na superfície.

Marte habitável: gases de enxofre podem ter aquecido planeta

Coordenada pela doutoranda Lucia Bellino, a investigação mostra que o ciclo do enxofre pode ter dominado a atmosfera marciana primitiva. Enquanto meteoritos exibem elevados teores de enxofre reduzido, a crosta apresenta enxofre oxidado, evidência de conversão constante entre formas químicas distintas.

A hipótese ganhou força em 2024, quando o rover Curiosity identificou enxofre elementar em rochas rachadas, descobrindo o mineral em estado puro pela primeira vez. Para o coautor Chenguang Sun, o achado confirma que emissões vulcânicas de S₂ precipitaram como enxofre sólido, exatamente como previam os modelos atmosféricos.

Atualmente, Marte registra médias próximas de –62 °C, hostis à água líquida. No entanto, ao demonstrar que gases de enxofre podem reter calor por longos períodos, os cientistas pretendem investigar se a atividade vulcânica também forneceu reservas hídricas e nutrientes para possíveis microrganismos.

O trabalho recebeu apoio do Center for Planetary Systems Habitability da Universidade do Texas, da National Science Foundation e da Heising-Simons Foundation. Detalhes sobre a metodologia estão disponíveis no site da revista Science, referência internacional em pesquisas de ponta.

Embora não prove a existência de vida, o estudo redefine os limites de habitabilidade marciana e oferece parâmetros para missões futuras que buscarão vestígios biológicos e sinais de antigos oceanos.

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Imagem: Artsiom P/Shutterstock

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