O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou em Paris que 26 nações aliadas da Ucrânia comprometeram-se a destacar forças militares para o país assim que for alcançado um cessar-fogo ou acordo de paz com a Rússia. O objetivo é formar uma força de reasseguramento capaz de proteger o território ucraniano por terra, mar e ar no período imediatamente posterior ao fim das hostilidades.
Compromisso assumido em Paris
A decisão foi comunicada após uma reunião presencial e virtual da denominada “coligação dos dispostos”, que juntou chefes de Estado e de Governo europeus, bem como representantes dos Estados Unidos. Entre os participantes estiveram o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e o enviado norte-americano para as negociações de paz, Steve Witkoff. Segundo Macron, o grupo pretende garantir que a Ucrânia receba apoio militar contínuo e coordenado, com a presença de tropas estrangeiras no terreno, no mar ou no espaço aéreo logo que as ações de combate cessem.
O Reino Unido, representado pelo primeiro-ministro Keir Starmer, sublinhou uma “promessa inquebrável” de apoio a Kiev. De acordo com o gabinete de Starmer, a conversa telefónica mantida posteriormente com o presidente norte-americano, Donald Trump, reforçou a necessidade de a coligação contar com o aval dos Estados Unidos para qualquer missão multinacional em solo ucraniano.
Apoio militar e pressão diplomática
Durante o encontro, foi igualmente acordado o fornecimento de mísseis de longo alcance à Ucrânia, medida destinada a reforçar as capacidades de defesa do país até à entrada em vigor da força internacional. Paralelamente, o chanceler alemão, Friedrich Merz, que participou por videoconferência, alertou para um eventual agravamento das sanções económicas europeias caso Moscovo prolongue o conflito ou dificulte as negociações.
Numa reunião à porta fechada com Witkoff, o chefe de gabinete de Zelenskyy, Andriy Yermak, defendeu que as garantias de segurança tenham carácter “forte e eficaz” em todas as dimensões: terrestre, marítima, aérea e cibernética. Yermak salientou ainda a importância de um sistema de partilha de informações e de cobertura aérea semelhante ao previsto pelo artigo 5.º da NATO, embora ainda não existam detalhes sobre o formato final desse apoio.
Posição da NATO e riscos de escalada
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, interveio por videoconferência para defender uma coligação ampla que dissuada novas ações militares russas noutros países europeus. Rutte recordou alertas de serviços de informação que apontam para possíveis intenções de Moscovo além-fronteiras e frisou que a resposta ocidental deve ser suficientemente forte para desencorajar qualquer ofensiva.
Rutte afirmou que “não se pode ser ingénuo” face às ambições do Kremlin e indicou que a aliança atlântica continuará a apoiar a Ucrânia enquanto durar o conflito.
Situação no terreno e tensões diplomáticas
Enquanto decorriam as conversações em Paris, a Força Aérea ucraniana relatou que a Rússia lançou 112 drones de ataque e de distração durante a noite. Segundo o comunicado, 84 aparelhos foram intercetados ou neutralizados pelos sistemas de defesa aérea.
Do lado diplomático, Moscovo anunciou a expulsão de um diplomata estónio, em resposta à declaração de “persona non grata” a um representante russo por parte de Tallinn no mês anterior, elevando a tensão entre a Rússia e o Báltico.
Com o apoio militar adicional e a formação de uma futura força multinacional, os líderes europeus e norte-americanos procuram estabelecer um mecanismo de dissuasão que assegure a estabilidade da Ucrânia numa fase pós-guerra, mantendo simultaneamente a pressão sobre o governo russo para aceitar um cessar-fogo negociado.