Macron busca novo primeiro-ministro depois de ver a Assembleia Nacional derrubar, por 364 votos a 194, o governo de François Bayrou em um voto de confiança convocado pelo próprio premier. O revés mergulha a segunda maior economia da Europa em mais um capítulo de incerteza política e fiscal.
Bayrou, de 74 anos, apostou que o Parlamento apoiaria seu plano de cortar gastos públicos para conter a dívida, hoje em 3,346 trilhão de euros (114% do PIB). A manobra uniu esquerda e extrema direita, que aproveitaram a oportunidade para destituí-lo, obrigando o presidente Emmanuel Macron a montar o quarto gabinete em apenas 12 meses.
Macron busca novo primeiro-ministro após voto de confiança
Desde a dissolução da Assembleia em junho de 2024, a bancada centrista perdeu a maioria e passou a depender do humor de blocos oposicionistas. Após as quedas de Gabriel Attal, Michel Barnier e agora Bayrou, nenhum nome desponta como consenso. O Palácio do Eliseu informou que aceitará a renúncia do gabinete nesta terça-feira e indicará um sucessor “nos próximos dias”.
Embora Macron mantenha controle sobre política externa e Defesa, sua agenda doméstica corre risco de paralisia. A proposta orçamentária de Bayrou previa corte de 44 bilhões de euros em 2026 para reduzir o déficit, hoje em 5,8% do PIB, bem acima da meta de 3% da União Europeia. O ex-premier alertou que a “submissão à dívida” ameaça a soberania do país.
Analistas temem novo impasse legislativo. A líder da Reunião Nacional, Marine Le Pen, pediu nova eleição antecipada, certa de que poderia conquistar maioria. “Um país grande como a França não pode viver com um governo de papel”, afirmou. Pressões semelhantes devem crescer enquanto o governo interino negocia apoio para o próximo inquilino de Matignon.
O desafio fiscal é acompanhado de tensões externas, como as guerras na Ucrânia e em Gaza, e pelas incertezas na relação com Washington. Segundo dados do Eurostat, o serviço da dívida francesa já consome cerca de 7% do orçamento federal, limitando a margem para novos estímulos econômicos.
Quem aceitar o posto de primeiro-ministro herdará uma base fragmentada de 577 deputados, onde alianças momentâneas podem tanto aprovar reformas quanto derrubar governos. Macron, cujo mandato termina em 2027, insiste que permanecerá no cargo, mas arrisca tornar-se um “pato manco” se não reconstruir maioria viável.
Para acompanhar os desdobramentos desta crise política e entender como ela afeta a economia europeia, visite nossa editoria de tendências em Notíciase tendências e continue informado.
Crédito da imagem: GlobalNews.ca