Lucro da Samsung mais que dobra no 3º trimestre com retomada de semicondutores e procura por IA

Seul – A Samsung divulgou um salto expressivo em seus resultados do terceiro trimestre, evidenciando a força renovada do negócio de semicondutores e a crescente demanda por soluções voltadas à inteligência artificial. O lucro operacional da companhia alcançou 12,2 trilhões de wons, valor que mais do que dobrou na comparação com o trimestre anterior e ultrapassou as expectativas do mercado, fixadas em 11,25 trilhões de wons.

Fatos centrais do balanço

Os números reportados na noite de quarta-feira no Brasil, já quinta-feira na Coreia do Sul, indicam receita de 86,1 trilhões de wons. A marca superou a estimativa de 85,93 trilhões de wons compilada pela LSEG SmartEstimate. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a receita avançou 8,85%, enquanto o lucro operacional apresentou expansão de 32,9%.

A reação imediata do mercado financeiro refletiu a surpresa positiva. Segundo informações da CNBC, as ações da fabricante subiram mais de 5% nas negociações iniciais na Ásia logo após a divulgação dos resultados.

Quem é a protagonista e qual o peso de suas operações

Maior empresa sul-coreana em valor de mercado, a Samsung atua como líder global em três frentes: produção de chips de memória, prestação de serviços de fundição de semicondutores e fabricação de smartphones. A amplitude dessas operações faz do seu balanço um termômetro relevante para diversas cadeias industriais que dependem de componentes eletrônicos.

Como a divisão de semicondutores impulsionou o trimestre

O principal motor da recuperação foi a unidade Device Solutions, responsável pelas atividades de semicondutores. As vendas desse braço cresceram 19% sobre o segundo trimestre, garantindo faturamento recorde para o segmento de memória. O lucro operacional da divisão atingiu 7 trilhões de wons, salto significativo frente aos 3,86 trilhões registrados no mesmo intervalo de 2024.

Em termos de receita, o segmento passou de 29,27 trilhões para 33,1 trilhões de wons em um ano. O desempenho foi atribuído à expansão nas vendas de chips de memória de alta largura de banda (HBM), essenciais para sistemas de computação focados em inteligência artificial. O movimento reforça a relevância da IA como catalisador de demanda dentro da indústria de componentes.

Competição e retomada da liderança em memória

Nos últimos trimestres, a Samsung vinha enfrentando maior pressão competitiva da SK Hynix, que chegou a superar a empresa no mercado global de memória durante o segundo trimestre. Contudo, um relatório publicado em outubro pela Counterpoint Research indicou a retomada da liderança pela Samsung no terceiro trimestre.

Outro sinal de melhora na competitividade foi a aprovação, relatada pela CNBC, nos testes de qualificação da Nvidia para um produto avançado de HBM. O êxito abre caminho para fornecimentos à fabricante de processadores mais requisitada pelos data centers de IA. Para sustentar a posição conquistada, a companhia planeja concentrar sua produção de memória em massa na próxima geração de chips, o HBM4, até 2026.

Comparação com o trimestre anterior

O segundo trimestre havia sido marcado por retração no setor de chips, prejudicando os resultados consolidados. O quadro agora se inverteu: o lucro operacional total aumentou 160% em relação a junho, e a receita avançou 15,5% no mesmo comparativo. Ao superar suas próprias projeções — a empresa estimava 12,1 trilhões de wons em lucro — a Samsung sinalizou recuperação mais rápida do que o previsto.

Desempenho de dispositivos móveis, tablets e vestíveis

Além dos semicondutores, a divisão responsável por smartphones, tablets, vestíveis e equipamentos de rede apresentou evolução. O lucro operacional deste segmento chegou a 3,6 trilhões de wons, frente aos 2,82 trilhões obtidos no terceiro trimestre de 2024. O impulso veio das vendas de aparelhos premium, entre eles o recém-lançado Galaxy Z Fold7, posicionado no topo da linha da marca.

O lançamento reforçou a estratégia da empresa de explorar formatos dobráveis como diferencial competitivo, enquanto mantém margens mais elevadas na categoria de alto valor agregado. Essa dinâmica contribuiu para o avanço de lucros mesmo em um cenário global de incertezas na demanda por eletrônicos de consumo.

Por que a inteligência artificial influencia os resultados

O interesse crescente por aplicações de IA vem elevando a procura por componentes capazes de lidar com grandes volumes de dados em velocidade alta, caso dos chips HBM. Esses semicondutores oferecem maior largura de banda e eficiência energética, características críticas em data centers e sistemas de treinamento de modelos de aprendizagem de máquina. Com isso, o segmento de memória se tornou beneficiário direto da nova onda tecnológica.

A Samsung ressaltou que espera, já no próximo trimestre, novas oportunidades geradas pela rápida expansão da IA, tanto para seus dispositivos finais quanto para o fornecimento de semicondutores especializados. A perspectiva de demanda sustentada fortalece a visão de continuidade do ciclo de recuperação no negócio de chips.

Detalhamento dos percentuais de crescimento

Ao analisar as variações anuais e trimestrais, observa-se:

• Receita consolidada: alta de 8,85% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior e de 15,5% sobre o segundo trimestre.

• Lucro operacional consolidado: avanço de 32,9% na comparação anual e de 160% no recorte trimestral.

• Vendas do segmento de semicondutores: expansão de 19% ante o trimestre imediatamente anterior.

Esses percentuais ilustram não apenas o efeito positivo da recuperação do mercado de chips, mas também a importância de produtos de maior valor agregado dentro do portfólio da companhia.

Reação do mercado e sinalizações futuras

A valorização instantânea de mais de 5% nas ações nas bolsas asiáticas evidencia a confiança renovada dos investidores. O mercado enxergou nos números divulgados a capacidade da Samsung de navegar em um ciclo de negócios de semicondutores volátil, recuperando margens e participação de mercado em um curto intervalo.

Para os meses seguintes, a companhia projeta continuidade da tendência de crescimento vinculada à IA, mantendo como foco estratégico a produção em larga escala de versões ainda mais avançadas dos chips HBM. A estratégia engloba também o reforço da linha de dispositivos premium, sinalizando uma atuação coordenada entre as divisões para capturar valor em diferentes pontos da cadeia.

Resumo dos valores absolutos reportados

Receita total: 86,1 trilhões de wons (equivalentes a US$ 60,5 bilhões ou R$ 324,1 bilhões, na conversão direta).

Lucro operacional total: 12,2 trilhões de wons (R$ 45,9 bilhões).

Lucro operacional da Device Solutions: 7 trilhões de wons (R$ 263,3 bilhões).

Lucro operacional de dispositivos móveis e redes: 3,6 trilhões de wons (R$ 13,5 bilhões).

Como cada divisão impactou o resultado consolidado

O balanço indica que semicondutores e dispositivos móveis foram os maiores contribuintes para o salto de lucratividade. Enquanto a divisão de chips beneficiou-se da procura por memória HBM, o segmento de dispositivos capitalizou a preferência por smartphones premium. Essa composição diversificada reduz a exposição da Samsung a oscilações de um único mercado.

A empresa, contudo, enfatizou que a continuidade do bom desempenho dependerá do ritmo de adoção da IA e da capacidade de manter diferenciação tecnológica frente a concorrentes diretos, especialmente no mercado de memória.

Perspectiva de médio prazo

Até 2026, a estratégia declarada é direcionar esforços de P&D e de produção para o HBM4, etapa seguinte no avanço dos chips de alta largura de banda. A execução desse plano deverá influenciar o posicionamento competitivo da Samsung em todo o segmento de semicondutores, potencialmente consolidando a liderança recapturada no terceiro trimestre.

A expectativa da companhia é que o ecossistema de IA, ainda em ritmo acelerado de expansão, mantenha a demanda por componentes de alto desempenho, sustentando margens favoráveis e possibilitando novos recordes de receita para a divisão de memória.