Luan Carvalho detalha preparação para viver Gal, inspirada na detenta Tieta, na série Tremembé

Quem, o quê, quando, onde, como e porquê compõem o centro da entrevista em que o ator Luan Carvalho descreve, em detalhes, a jornada para interpretar Gal na série Tremembé, disponível no Prime Video. A produção dramatiza a rotina da penitenciária paulista que ficou conhecida nacionalmente pelos processos contra Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga, os irmãos Cravinhos, o ex-médico Roger Abdelmassih e o casal Nardoni. Dentro desse contexto de crimes amplamente divulgados, Gal surge como personagem de grande influência na ala masculina do presídio, inspirada na detenta Tieta, figura descrita como “primeira-dama” do interno Terremoto.
- Premissa central da série
- A identidade de Gal e a inspiração em Tieta
- Processo de preparação do ator
- Da nudez no teatro à cena na televisão
- Repercussão pública após a estreia
- Impacto pessoal e profissional
- Projetos paralelos: “Titanic” em versão musical
- A discussão sobre produções de true crime
- A representatividade dentro da narrativa
- Fontes usadas pelo elenco
- Logística das filmagens e cuidado com elenco
- Resposta do público ao núcleo de humor
- Visão sobre segurança dentro e fora dos muros
- Perspectivas futuras
Premissa central da série
Tremembé foi concebida para retratar a convivência de condenados que ocuparam as manchetes brasileiras nos últimos anos. Cada episódio mescla fatos reconhecidos nos processos judiciais com situações ficcionais que tentam reproduzir a atmosfera da unidade prisional. Entre as figuras já conhecidas do público, a narrativa apresenta Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga, Cristian e Daniel Cravinhos, Roger Abdelmassih e Alexandre Nardoni, todos inseridos em uma dramaturgia que também reserva espaço para personagens menos lembrados fora dos corredores do sistema carcerário. É nesse grupo que Gal se destaca, comandando atenções a partir do primeiro contato com o telespectador.
A identidade de Gal e a inspiração em Tieta
Descrita na obra como um homem negro, gordo e gay que exerce poder dentro de um ambiente historicamente hostil às diversidades, Gal tem origem direta na detenta Tieta. Segundo os relatos compilados por Luan Carvalho durante a preparação, Tieta era parceira de Terremoto, interno visto como liderança máxima da ala masculina, em patamar semelhante ao que a personagem Sandrão representava no pavilhão feminino. Dentro dos muros, a associação a um preso influente significava, para Tieta, proteção contra a hostilidade cotidiana.
Aos intérpretes de Tremembé foi permitido acessar histórias narradas por ex-detentos, entre eles um regressso que conviveu com nomes conhecidos do público. Ele relatou que Tieta e Terremoto “mandavam em tudo”, definindo regras e exercendo autoridade sobre os demais presos. O material bibliográfico existente sobre Tieta é escasso: o livro “Tremembé”, de Assis Filó, teve circulação limitada após ser proibido, o que exigiu do ator a reconstrução da personagem a partir de depoimentos orais e poucos exemplares ainda disponíveis da obra.
Processo de preparação do ator
Luan Carvalho, de 24 anos, iniciou a preparação com reuniões que contaram com especialistas em criminalidade, ex-detentos e a equipe de dramaturgia da série. A ausência de registros amplos sobre Tieta obrigou o ator a combinar os relatos do regressso às referências descritas no livro. A construção final exigiu escolhas que transmitissem poder, vulnerabilidade e estratégia de autoproteção, elementos apresentados como centrais para entender a sobrevivência de uma pessoa LGBT dentro de um presídio masculino.
No campo técnico, a produção contratou preparadores de intimidade, Larissa e Marcelo, para garantir segurança nas cenas que envolvem contato físico mais explícito. O episódio 4 inclui a sequência do banheiro entre Gal e Terremoto, apontada por Carvalho como a mais desafiadora da temporada, pois demanda nudez integral. Na data da filmagem, o set foi reduzido a aproximadamente dez profissionais, medida que o ator considerou essencial para manter a privacidade durante os takes.
Da nudez no teatro à cena na televisão
A trajetória de Carvalho no teatro musical serviu como base para lidar com a exposição corporal diante das câmeras. Em 2021, ele atuou em “Naked Boy Singing”, espetáculo encenado com o elenco completamente nu. O ator afirma que aquela experiência facilitou a quebra de tabus pessoais, permitindo que, em Tremembé, o foco ficasse no desenvolvimento dramático da sequência e não na insegurança sobre o corpo.
Ainda na esfera teatral, a presença em “Priscilla, Rainha do Deserto” foi determinante para que a diretora de elenco Ana Luiza o convidasse ao teste de Tremembé. A participação no musical como drag queen expandiu as possibilidades de papel para o ator, que vinha interpretando personagens adolescentes desde o início da carreira, aos 20 anos, quando estreou no audiovisual.
Repercussão pública após a estreia
Depois do lançamento, Tremembé tornou-se o título mais visto do Prime Video no Brasil desde 2016, de acordo com informações repassadas ao elenco. A alta audiência resultou no aumento da visibilidade de Carvalho fora do nicho de teatro musical. O ator relata que passou a ser reconhecido também por espectadores que não costumavam frequentar espetáculos de palco, incluindo pessoas de faixas etárias diversas e homens heterossexuais que o abordaram nas ruas.
Impacto pessoal e profissional
O papel de Gal marcou a transição do intérprete para personagens adultos e alterou a projeção de carreira. Até então, ele era escalado para papéis infanto-juvenis, com idade inferior à real. A descoberta de uma plateia mais ampla pressiona a agenda do artista em compromissos de divulgação, entrevistas e participação em eventos ligados à série.
Projetos paralelos: “Titanic” em versão musical
Paralelamente às gravações, Carvalho integra o elenco do musical “Titanic”, em cartaz no Teatro Frei Caneca, na capital paulista, até 14 de dezembro. O espetáculo, que tem sessões aos sábados e domingos, reúne nomes como Marcos Veras, Alessandra Maestrini, Luiz Lobianco, Jorge Salma e Juliana Drusi. A montagem apresenta a tragédia do navio a partir do ponto de vista de uma personagem inspirada na cantora Céline Dion, utilizando músicas do repertório da artista canadense.
A discussão sobre produções de true crime
Questionado sobre a transformação de crimes reais em obras audiovisuais, Luan Carvalho defendeu a divulgação das histórias como forma de examinar motivações, contextos e processos. Para ele, conhecer o “porquê” e o “como” auxilia a sociedade a reconhecer limites e compreender que impulsos extremos podem surgir em qualquer indivíduo. O ator salienta que apresentar esses casos em série não significa celebrar os crimes, mas colocar uma lente de aumento sobre fatos já documentados em processos judiciais.
A representatividade dentro da narrativa
A caracterização de Gal trouxe à tela uma combinação pouco frequente em posições de autoridade ficcional: um homem negro, gay e fora do padrão de magreza em situação de comando. Dentro da história, a personagem utiliza o prestígio acumulado junto a Terremoto para se proteger de ataques motivados por homofobia, racismo e discriminação de corpo. A sequência do episódio 4, em que Gal demonstra vulnerabilidade ao se submeter aos desejos do parceiro, contrapõe o poder exercido em público com a intimidade que envolve dependência afetiva.
Fontes usadas pelo elenco
A equipe de preparação recorreu a duas frentes principais: relatos de ex-presos que conviveram com Terremoto e Tieta e a referência literária contida no livro “Tremembé”, de circulação restrita. Segundo Carvalho, a obra escrita por Assis Filó foi retirada de catálogo, situação que resultou em número reduzido de exemplares disponíveis para pesquisa. Diante da limitação, conversas presenciais assumiram papel central no processo investigativo.
Logística das filmagens e cuidado com elenco
A produção definiu procedimentos específicos para cenas de nudez. A presença de coordenadores de intimidade permitiu que atores expusessem limites pessoais, avaliassem coreografias e definissem posicionamento de câmeras. Miguel Nader, intérprete de Terremoto, participou ativamente das discussões para alinhar expectativas sobre a sequência do banheiro, considerada a mais sensível em termos de exposição corporal.
Resposta do público ao núcleo de humor
Embora envolvida em crimes, Gal transita no núcleo cômico da série, gerando contrastes entre a tensão criminosa e momentos de leveza. Para Luan Carvalho, essa dinâmica funciona porque o humor antecede a revelação de fragilidades, oferecendo ao público diferentes camadas da personagem. A alternância foi pensada para evidenciar que até indivíduos capazes de atos violentos mantêm emoções diversas em contextos de afeto e submissão.
Visão sobre segurança dentro e fora dos muros
Os relatos compilados pelo ator indicam que, para Tieta, permanecer na cadeia significava, paradoxalmente, um ambiente mais seguro do que a vida fora dela. A violência direcionada a pessoas LGBT no Brasil, segundo o que foi descrito a Carvalho, colocaria a detenta em risco caso saísse em liberdade. Essa perspectiva alimentou a composição de Gal, que faz da posição de poder um escudo contra agressões no presídio.
Perspectivas futuras
Com o êxito de Tremembé, o ator espera ampliar oportunidades no audiovisual e no teatro. Ele continua envolvido em musicais, área que considera base de sua carreira, e mantém compromissos de divulgação da série. A repercussão do streaming, acrescenta, alterou o perfil de público interessado em sua trajetória, tendência que pode influenciar escolhas de trabalho nos próximos anos.
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