Lua Negra de agosto escurece o céu e facilita observação de estrelas
No penúltimo sábado de agosto, dia 23, o calendário astronómico reserva um fenómeno pouco frequente: a chamada Lua Negra. Embora o termo não faça parte da nomenclatura oficial da astronomia, descreve situações específicas em que a Lua nova se destaca pela excecionalidade do momento em que ocorre.
O que é a Lua Negra
A designação pode referir-se a três circunstâncias distintas: a segunda Lua nova no mesmo mês, a ausência de Lua nova em fevereiro ou a terceira Lua nova numa estação que apresenta quatro. É neste último critério que se enquadra o evento de 2025.
Habitualmente, cada estação regista três Luas novas. Contudo, a cada 33 meses, em média, um dos períodos sazonais inclui quatro, produzindo a chamada Lua Negra. No hemisfério sul, o inverno de 2025 cumpre essa condição; no hemisfério norte, o mesmo sucede no verão.
Datas que explicam a raridade
As duas primeiras Luas novas da estação ocorreram em 25 de junho e 24 de julho. A terceira, marcada para 23 de agosto, surge antes do início oficial da primavera austral, a 22 de setembro, mantendo-se, por isso, associada ao inverno. A quarta Lua nova, prevista para 21 de setembro, reforça a conta de quatro no mesmo intervalo sazonal e confirma a designação de Lua Negra para o acontecimento de agosto.
Por que a Lua “desaparece”
Durante a fase de Lua nova, o satélite natural alinha-se entre a Terra e o Sol. A face iluminada fica totalmente voltada para a estrela, enquanto o lado escuro aponta para o nosso planeta, tornando-se invisível a olho nu. Esta ausência de brilho originou o apelido “negra”, embora nada mude na cor ou nas características físicas da Lua.
Observação do céu favorecida
A falta de claridade lunar oferece condições ideais para contemplar outros corpos celestes. Sem a interferência da luz refletida pela Lua, estrelas pouco luminosas, planetas e até a Via Láctea tornam-se mais evidentes para quem observar de locais afastados da poluição luminosa urbana.
Nesta altura, pode também surgir a oportunidade de identificar a Estação Espacial Internacional (ISS), que percorre o firmamento em trajetórias previsíveis. Aplicações como Stellarium, Sky Safari ou Star Walk ajudam a localizar constelações e a acompanhar o movimento da ISS em tempo real.
Últimos vestígios das Perseidas
A chuva de meteoros Perseidas permanece ativa entre 17 de julho e 24 de agosto. Embora o pico tenha ocorrido a 12 de agosto com a Lua 90 % iluminada, os rastos luminosos ainda poderão ser visíveis na noite da Lua Negra. Com o céu mais escuro, as partículas provenientes do cometa Swift-Tuttle podem deixar trilhos curtos, mas perceptíveis, sobretudo depois da meia-noite.
Melhores práticas para observar
Para aproveitar o máximo do fenómeno, recomenda-se:
- Escolher áreas longe de luzes artificiais, como zonas rurais ou parques de céu escuro.
- Permitir que os olhos se adaptem à escuridão durante, pelo menos, 20 minutos.
- Usar vestuário adequado às temperaturas nocturnas de agosto.
- Levar binóculos ou um pequeno telescópio; embora não revelem a Lua, ampliam detalhes de aglomerados estelares e nebulosas.
Quando volta a acontecer
A definição de Lua Negra aplicada a 2025 repete-se, em média, a cada 33 meses. A próxima ocorrência, obedecendo ao mesmo critério de quarta Lua nova numa estação, deverá surgir em meados de 2028. Já a versão “segunda Lua nova no mesmo mês” acontece a cada 29 meses, enquanto a ausência de Lua nova em fevereiro verifica-se apenas de 19 em 19 anos.
Embora invisível, a Lua Negra de 23 de agosto representa uma janela privilegiada para a observação do cosmos, proporcionando um céu mais escuro e a possibilidade de apreciar estrelas, planetas e os remanescentes das Perseidas sem o habitual brilho lunar.

Imagem: BlueRingMedia Shutterstock via olhardigital.com.br