Lua habitável pode ser detectada com astrometria, diz estudo

Lua habitável deixou de ser apenas tema de cinema e pode entrar no radar dos astrônomos graças a avanços na astrometria, técnica que mede minúsculas oscilações na posição das estrelas. Pesquisadores da Universidade do Arizona detalham, em artigo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, como satélites naturais com massa suficiente para manter atmosfera e oceanos poderão ser detectados em exoplanetas vizinhos ao Sol.
O estudo se concentrou em Alpha Centauri A, estrela a cerca de quatro anos-luz de distância, onde o Telescópio Espacial James Webb (JWST) identificou em 2025 o candidato a planeta gasoso S1, possivelmente do tamanho de Saturno. Caso exista, essa combinação de planeta gigante e satélite rochoso lembra Pandora, o mundo de Avatar, e serve de laboratório natural para testar a nova abordagem.
Lua habitável pode ser detectada com astrometria, diz estudo
Simulações feitas pelos autores mostram que uma lua com até 30 massas terrestres provocaria perturbações claras na órbita de um planeta como S1 ao longo de campanhas de observação entre três e cinco anos. Equipamentos já em construção, como o Telescópio Europeu Extremamente Grande (ELT) de 39 m, no Chile, poderiam identificar uma exolua com massa próxima à da Terra observando uma vez por dia durante cinco anos.
Por que ainda não vimos exoluas?
Entre os mais de seis mil exoplanetas catalogados, nenhuma lua foi confirmada. A maior do Sistema Solar, Ganimedes, possui apenas 2,5% da massa da Terra, o que torna o sinal astrométrico extremamente fraco. Até agora, candidatos encontrados por microlente ou trânsito não resistiram à confirmação. A astrometria, porém, oferece sensibilidade suficiente para inverter esse quadro, segundo o artigo.
Pandora da ficção inspira ciência
No universo de Avatar, Pandora orbita o gigante gasoso Polifemo em Alpha Centauri A e abriga os Na’vi, seres azuis de três metros de altura. Embora fictícia, a lua fornece parâmetros sobre atmosfera, gravidade e composição que ajudam a definir o que torna um satélite potencialmente habitável. O possível retorno de S1 ao campo de visão do JWST entre 2026 e 2027 pode oferecer a primeira oportunidade real de procurar um “vizinho” semelhante.
Para o astrônomo principal do estudo, a detecção de exoluas abrirá caminho para comparar a formação de sistemas planetários e testar se o nosso conjunto de mundos é único. Em entrevista ao site da NASA, ele ressaltou que “identificar luas com oceanos e atmosfera seria um passo decisivo na busca por vida fora da Terra”.
Encontrar uma lua habitável em Alpha Centauri ainda depende da confirmação de S1, mas a metodologia já aponta que esses corpos podem ser revelados dentro de algumas décadas, aproximando a ficção científica da realidade.
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Crédito: 20th Century Fox/Divulgação
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