LibreOffice acusa Microsoft de complicar formatos e travar migrações
A The Document Foundation, responsável pelo pacote de produtividade LibreOffice, alega que a Microsoft torna propositadamente complexos os seus formatos de ficheiro para manter os utilizadores dependentes do seu ecossistema. A denúncia foi divulgada na sexta-feira, 18 de julho, num texto assinado por Italo Vignoli, um dos fundadores da organização sem fins lucrativos.
Acusação de “bloqueio ao fornecedor”
Segundo Vignoli, a Microsoft utiliza a complexidade técnica como estratégia de vendor lock-in. O responsável compara o cenário a um sistema ferroviário aberto, mas cujas locomotivas exigem um controlo tão intrincado que apenas o fabricante original consegue operá-las. “Os passageiros nem percebem as barreiras que limitam a sua liberdade de escolha”, afirma.
Formatos em causa
Por defeito, o LibreOffice grava documentos em OpenDocument Format (ODF), com extensões como .odt e .ods. Já o Microsoft Office recorre ao Office Open XML (OOXML), presente nos ficheiros .docx e .xlsx. Embora ambos se baseiem em XML, a fundação argumenta que o OOXML inclui tags profundamente aninhadas, centenas de elementos opcionais, múltiplos namespaces e nomenclaturas pouco intuitivas, além de documentação escassa.
Impacto para utilizadores e instituições
Na visão de Vignoli, a dificuldade em interpretar o OOXML desencoraja a migração para suites alternativas, permitindo à Microsoft ditar preços e condições. O fundador traça ainda um paralelismo com a transição do Windows 10 para o Windows 11, que considera forçada e sem justificação técnica.
Apelo à simplicidade
A The Document Foundation defende que formatos abertos e claros facilitam a concorrência e reduzem custos para governos, empresas e consumidores. Vignoli conclui que a “complexidade aprisiona”, enquanto a simplicidade garante interoperabilidade.