Lançamento de foguete brasileiro Hanbit-Nano em Alcântara é adiado pela terceira vez

O lançamento de foguete brasileiro Hanbit-Nano, previsto para ocorrer a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, foi adiado pela terceira vez nesta sexta-feira, 19. A Innospace, empresa sul-coreana responsável pela operação, identificou falha em uma válvula do segundo estágio do veículo e solicitou a suspensão temporária da contagem regressiva. De acordo com nota oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), uma nova tentativa poderá ser agendada entre 21 e 22 de dezembro, dentro da janela autorizada para a missão.
Contexto do lançamento de foguete brasileiro Hanbit-Nano
O Hanbit-Nano é o primeiro foguete comercial autorizado a decolar do território nacional. O ponto de partida escolhido foi o CLA, também conhecido como Base de Alcântara, localizado no litoral do Maranhão. A operação, batizada de Spaceward, é fruto de um acordo entre a FAB e a Innospace e envolve aproximadamente 400 profissionais, entre militares, técnicos civis e engenheiros vindos da Coreia do Sul. Essa força-tarefa tem trabalhado em conjunto para assegurar a integração de sistemas, a logística de transporte e o rigoroso cumprimento dos protocolos de segurança exigidos em atividades espaciais.
O objetivo central da missão é demonstrar a capacidade do Hanbit-Nano de colocar pequenas cargas em órbita baixa e, simultaneamente, evidenciar que Alcântara possui as condições técnicas para abrigar lançamentos comerciais de maneira contínua. Caso o voo seja bem-sucedido, a expectativa da administração local é atrair novos contratos e investimentos, aquecendo o nascente mercado espacial brasileiro.
Características técnicas do Hanbit-Nano
O Hanbit-Nano é classificado como um foguete de pequeno porte. O veículo mede 21,8 metros de altura, pesa cerca de 20 toneladas e utiliza um sistema de propulsão híbrido. Nesse arranjo, parte do combustível é sólido e parte é líquida, combinação que proporciona maior controle de empuxo e, ao mesmo tempo, simplifica alguns componentes em comparação aos sistemas totalmente líquidos. O segundo estágio conta com tanque de metano líquido, elemento que se tornou o foco da inspeção emergencial após a falha identificada na válvula de abastecimento.
Quando for efetivamente lançado, o foguete deverá levar oito cargas úteis para uma órbita aproximada de 300 quilômetros de altitude. Entre os dispositivos previstos estão cinco pequenos satélites operacionais e três equipamentos experimentais. Essas cargas se enquadram no segmento de nanosatélites, recursos usuais para observação da Terra, comunicações de baixa latência e pesquisa científica.
Motivos do novo adiamento do lançamento de foguete brasileiro
A suspensão mais recente decorreu de um problema técnico localizado em uma válvula do segundo estágio. Esse componente é responsável pelo abastecimento de metano líquido, elemento crítico para a queima híbrida que impulsiona o veículo na fase final de inserção orbital. Segundo a nota emitida pela FAB, será necessária uma inspeção detalhada sobre o funcionamento do conjunto antes que o cronograma seja retomado.
Não é a primeira vez que a operação passa por ajustes. Esta representa a terceira reprogramação dentro do mesmo ciclo operacional. A manutenção de uma janela de lançamento até 22 de dezembro permite algum grau de flexibilidade, mas exige coordenação constante entre a Innospace, a FAB e a Agência Espacial Brasileira (AEB) para assegurar que todos os parâmetros de segurança continuem válidos. Qualquer alteração significativa nas condições técnicas ou meteorológicas poderá demandar nova avaliação.
Operação Spaceward e o papel da FAB no lançamento de foguete brasileiro
Denominada Operação Spaceward, a missão estabelece um modelo de cooperação internacional em que a infraestrutura nacional é utilizada por uma companhia estrangeira sob supervisão das autoridades brasileiras. A FAB atua como anfitriã do CLA, garantindo apoio logístico, segurança de área e cumprimento dos procedimentos de salvaguarda. Já a Innospace fornece o veículo lançador, os especialistas em sistemas de propulsão híbrida e o conjunto de cargas embarcadas.
A mobilização de cerca de 400 profissionais ilustra a complexidade envolvida. Militares brasileiros participam do controle de tráfego aéreo restrito, da vedação marítima em torno da zona de exclusão e da coordenação com órgãos civis. Técnicos sul-coreanos realizam a integração final do foguete, checando sistemas de telemetria, ignição e separação de estágios. Engenheiros de ambas as nacionalidades supervisionam redundâncias de segurança, verificando pressurização dos tanques, integridade das estruturas e programação de bordo.
Essa colaboração também demonstra a política da FAB de abrir Alcântara para missões comerciais sob acordos específicos, reforçando a intenção de inserir o país em cadeias globais de serviços espaciais. A operação em andamento serve de vitrine para mostrar a capacidade do Brasil de hospedar lançamentos com padrões internacionais de qualidade e segurança.
Impactos do adiamento e perspectivas para Alcântara
O adiamento do Hanbit-Nano adia, mas não invalida, as expectativas depositadas sobre a Base de Alcântara. A administração local enfatiza que um voo bem-sucedido atestará a robustez das instalações, criando precedente favorável para novas campanhas. Sob essa ótica, cada etapa técnica concluída, mesmo que acompanhada de correções, contribui para o aperfeiçoamento dos protocolos e solidifica a reputação do centro de lançamento.
Para o mercado de nanosatélites, o sucesso do Hanbit-Nano representaria um marco. A colocação de até oito cargas úteis em órbita baixa agregaria valor ao portfólio da Innospace e, simultaneamente, demonstraria que o território brasileiro pode competir na prestação de serviços de acesso ao espaço a custos atrativos. Esse cenário, se concretizado, deve estimular discussões sobre futuras parcerias, infraestrutura complementar e formação de mão de obra especializada.
Enquanto a inspeção da válvula prossegue, a prioridade das equipes é diagnosticar a causa exata da falha e validar a integridade dos demais sistemas. Apenas após a conclusão desse processo será possível definir, de maneira definitiva, a data e o horário do próximo lançamento dentro da janela que se encerra em 22 de dezembro.
Com a reprogramação ainda em aberto, o cronograma oficial estipula que a nova tentativa de decolagem do Hanbit-Nano seja realizada entre 21 e 22 de dezembro, condicionado ao aval conjunto da Innospace, da FAB e da AEB.

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