Juiz federal considera ilegal envio da Guarda Nacional para Los Angeles por Trump

Juiz federal considera ilegal envio da Guarda Nacional para Los Angeles por Trump

Um tribunal federal da Califórnia concluiu que a mobilização da Guarda Nacional para Los Angeles, ordenada pelo então Presidente Donald Trump, violou a lei norte-americana que limita o uso de forças militares em assuntos internos.

Índice

Decisão judicial e fundamentos

O caso foi analisado pelo juiz Charles Breyer, do Tribunal Distrital dos Estados Unidos, que decidiu que a intervenção decretada em junho, durante protestos contra operações de imigração, infringiu o Posse Comitatus Act. Esta legislação, em vigor desde 1878, impede o Governo Federal de recorrer às Forças Armadas para executar leis civis, salvo autorização expressa do Congresso.

Na sentença, Breyer enumerou actividades atribuídas aos militares — instalação de perímetros de segurança, bloqueios de trânsito e controlo de multidões — que, segundo o magistrado, excedem o âmbito permitido. O despacho impede ainda que a Guarda Nacional realize detenções, buscas, recolha de provas ou patrulhas de segurança dentro do estado.

Reacção da Casa Branca e próximos passos

A porta-voz Anna Kelly classificou o veredicto como tentativa de “usurpar a autoridade do Comandante-em-Chefe” e adiantou que o Governo irá recorrer. A decisão fica suspensa até 12 de setembro, prazo que permite ao executivo preparar a contestação junto do Tribunal de Recurso.

Kelly sustentou que o Presidente “está comprometido em proteger cidadãos cumpridores da lei” e garantiu que o assunto “não ficará encerrado”. A Administração já recorre à Guarda Nacional noutros pontos do país, nomeadamente Washington, D.C., e avalia enviar tropas para Chicago.

Posição das autoridades da Califórnia

O governador Gavin Newsom, que intentou a acção judicial contra o Governo Federal, considerou que o tribunal “ficou do lado da democracia e da Constituição”. O estado alega ter capacidade policial suficiente para gerir protestos sem recurso a militares.

Num processo paralelo, Newsom contestou a alegada ultrapassagem da sua autoridade enquanto comandante da Guarda Nacional da Califórnia. Embora Breyer lhe tenha inicialmente dado razão, o Tribunal de Recurso do Nono Circuito reverteu essa decisão em junho, mantendo a mobilização ordenada pela Casa Branca até agora.

Impacto potencial noutras cidades

Embora o despacho se limite ao território californiano, analistas jurídicos admitem que o precedente possa incentivar novas impugnações a futuras deslocações de tropas para tarefas policiais. O juiz alertou que ordens semelhantes em outras regiões poderão abrir caminho a “uma força policial nacional com o Presidente como chefe”, cenário que, segundo Breyer, contraria o espírito do Posse Comitatus Act.

Contexto da mobilização em Los Angeles

Trump autorizou o envio de centenas de elementos da Guarda Nacional para Los Angeles em junho, na sequência de manifestações contra operações federais de imigração. A Casa Branca justificou a decisão com necessidade de conter episódios de violência, argumento contestado pelas autoridades locais, que defenderam estar aptas a manter a ordem pública.

Além de Los Angeles, o executivo federal recorreu recentemente à Guarda Nacional para patrulhar edifícios governamentais em Washington, D.C., durante protestos designados “No Kings”. A possibilidade de deslocar militares para outras cidades, como Chicago, permanece em estudo.

Limites legais ao uso de militares

O Posse Comitatus Act proíbe militares de aplicar leis civis, efectuar detenções ou participar em investigações internas sem autorização do Congresso. Entre as excepções previstas contam-se missões de socorro em catástrofes naturais ou, em casos pontuais, pedidos formais dos estados.

No despacho, Breyer salientou que nenhuma dessas excepções se aplicava à operação em Los Angeles. O magistrado indicou ainda que declarações recentes de Trump e do secretário da Defesa, Pete Hegseth, levantam “sérias preocupações” sobre a intenção de empregar militares no policiamento de outras iniciativas governamentais.

Processo em curso

Com a decisão provisoriamente suspensa, a Administração Trump tem até 12 de setembro para apresentar recurso. Caso a decisão seja confirmada em instância superior, o Governo Federal ficará impedido de ordenar missões semelhantes na Califórnia sem alterar a base legal ou obter autorização do Congresso.

Enquanto isso, o estado continua a monitorizar qualquer nova tentativa de mobilização de tropas, mantendo aberta a possibilidade de novas acções judiciais caso considere que a lei federal volta a ser ultrapassada.

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