Jornalista cria casa inteligente local e dispensa servidores externos
Ben Patterson, redator especializado em tecnologia na publicação norte-americana TechHive, iniciou a montagem de uma infraestrutura doméstica inteligente totalmente local para eliminar dependências de serviços na nuvem. A decisão surgiu após múltiplas falhas de fornecedores, aumentos de preços e alterações inesperadas em aplicações de dispositivos conectados.
Do primeiro Raspberry Pi ao novo centro de controlo
O projeto começou com uma experiência casual num Raspberry Pi não utilizado, quando Patterson instalou o Home Assistant, plataforma de código aberto que reúne integrações para centenas de equipamentos smart. A instalação inicial foi concluída em poucos minutos, mas a configuração mostrou-se complexa, obrigando a sucessivas tentativas ao longo dos últimos anos.
Para garantir maior estabilidade, o jornalista migrou recentemente a instância de Home Assistant para um Raspberry Pi 5, modelo com desempenho superior ao do anterior Pi 3. Seguiu-se a adição de hardware Z-Wave, transformando o microcomputador num hub dedicado a este protocolo sem fios.
Paralelamente, Patterson activou um servidor Matter no mesmo Raspberry e passou a controlar equipamentos Thread diretamente na plataforma. No entanto, a comunicação Thread continua a recorrer a um HomePod mini da Apple como border router, ligação que o autor pretende substituir futuramente por um módulo dedicado e totalmente offline.
Automação assistida por IA
Um dos desafios recorrentes foi a criação de dashboards funcionais. Para acelerar o processo, o jornalista recorreu ao ChatGPT, fornecendo-lhe uma lista completa dos dispositivos registados no Home Assistant. A ferramenta gerou um ficheiro de configuração YAML que produziu um painel multi-abas com automatizações e controlos básicos. Apesar de alguns erros de configuração, o resultado serviu de base para ajuste manual e aprendizagem de sintaxe.
Planos para Zigbee e voz local
Patterson pretende agora incorporar um módulo Zigbee a fim de integrar lâmpadas Philips Hue diretamente no sistema local, dispensando a ponte oficial que recorre à cloud. Esta mudança implica abdicar de funcionalidades exclusivas da aplicação Hue, como animações de iluminação e sincronização musical.
Outro objetivo passa por implementar um assistente de voz baseado em modelos de linguagem locais. O Home Assistant suporta integrações com OpenAI, Google Gemini e Ollama, mas o jornalista verificou dificuldades na gestão de mais de uma centena de entidades. A próxima etapa consistirá em dividir os dispositivos por grupos menores e criar um prompt que permita ao modelo interpretar comandos de forma fiável sem recorrer a processamento externo. A conversão de voz para texto continua dependente de serviços pagos na nuvem ou de capacidade de computação adicional.
Alternativas para quem procura soluções prontas
O autor reconhece que a curva de aprendizagem do Home Assistant pode afastar utilizadores menos técnicos. Como solução intermédia, cita o Hubitat, plataforma também local mas proprietária, assinalando que ainda carece de uma avaliação actualizada.
Com esta abordagem, Patterson procura evitar interrupções causadas por falhas em servidores de fabricantes, alterações em planos de subscrição e actualizações de software que afectem a experiência diária. O caso demonstra a viabilidade de um ecossistema doméstico inteligente controlado em exclusivo pelo utilizador, embora exija tempo, conhecimentos técnicos e investimento em hardware específico.

Imagem: pcworld.com