Jimmy Kimmel suspenso pela ABC após comentários sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk reacendeu o debate sobre limites da liberdade de expressão na TV dos Estados Unidos.
A rede, controlada pela Disney, divulgou que o Jimmy Kimmel Live! ficará “pré-exibido indefinidamente”. A decisão veio dois dias depois de o apresentador afirmar que o “Maga gang” tentava capitalizar politicamente a morte de Kirk.
Jimmy Kimmel suspenso pela ABC após comentários sobre Charlie Kirk
Durante o monólogo de segunda-feira, Kimmel criticou o hasteamento de bandeiras a meio-mastro e ironizou a reação do ex-presidente Donald Trump, chamando-a de “luto de criança de quatro anos”. O humorista, que costuma satirizar o republicano, deixou o estúdio em Hollywood sem comentar o afastamento.
Trump celebrou a medida em sua rede social, chamando-a de “grande notícia para a América” e classificando o programa como “sem audiência”. Já fãs que aguardavam na fila para assistir à gravação lamentaram o cancelamento; uma turista da Virgínia definiu a suspensão como “ridícula” e “bizarra”.
A repercussão em Hollywood foi imediata. Ben Stiller, Jean Smart e Jamie Lee Curtis manifestaram apoio público ao apresentador. O sindicato de roteiristas WGA e o Sag-Aftra consideraram a atitude da emissora uma ameaça aos direitos constitucionais de livre expressão.
Paralelamente, afiliadas importantes também recuaram. O conglomerado Nexstar anunciou que deixará de exibir o talk show “por tempo indeterminado”, alegando que as declarações foram “ofensivas em um momento crítico do discurso político nacional”. A Sinclair, maior grupo de afiliadas da ABC, programou um especial em homenagem a Kirk para o horário originalmente ocupado pelo programa.
O presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, elogiou a decisão das emissoras e classificou o discurso de Kimmel como “conduta doentia”. Anna Gomez, única democrata no órgão, rebateu, dizendo que atos de violência não podem justificar censura ampla. Especialistas lembram que a Nexstar aguarda aval do órgão para uma fusão de US$ 6,2 bilhões, fator que pressiona ainda mais o debate.
O suspeito pelo assassinato de Charlie Kirk, Tyler Robinson, 22, já foi indiciado por homicídio qualificado, e promotores pedem pena de morte. Detalhes do caso continuam a alimentar o embate político em ano eleitoral nos EUA, como mostra reportagem da BBC.
Até o momento, ABC informou que abrirá diálogo com Kimmel sobre uma possível retratação antes de recolocá-lo no ar. Não há prazo definido para o retorno.
No cenário de queda de audiência da TV aberta e migração para o streaming, analistas veem o episódio como mais um sinal de pressão comercial e política sobre programas noturnos tradicionais.
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Crédito da imagem: AFP via Getty Images