Jimmy Kimmel critica ameaças à liberdade de expressão em seu retorno emocionado ao talk-show que leva seu nome, exibido nos EUA pela rede ABC. Depois de dez dias fora do ar, o apresentador lamentou ter sido acusado de “fazer pouco” do assassinato do ativista conservador Charlie Kirk e classificou as pressões para tirá-lo da grade como “antiamericanas”.
No programa de terça-feira (24), Kimmel afirmou que “nunca foi intenção banalizar o homicídio de um jovem” e elogiou Erika Kirk, viúva do ativista, pela postura de perdão mostrada no velório. Ainda durante o monólogo, o humorista comparou o presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, a um chefe da máfia, criticou a decisão de afiliadas que continuam barrando o talk-show e fez piada com uma aparição recente de Donald Trump na ONU.
Jimmy Kimmel critica ameaças à liberdade de expressão
Apesar da volta oficial à programação nacional, dezenas de emissoras locais controladas pelos grupos Nexstar e Sinclair mantiveram a substituição do Jimmy Kimmel Live! por conteúdos alternativos. Carr, indicado por Trump para chefiar a FCC, elogiou publicamente a postura dessas afiliadas e voltou a sugerir possíveis sanções à Disney, proprietária da ABC.
Visivelmente abalado, Kimmel disse que Carr “defendia a liberdade de expressão até levar uma piada para o lado pessoal” e acusou o presidente americano de celebrar demissões de humoristas que o criticam. “Nosso líder torce para que pessoas percam o emprego porque não aguenta uma piada; isso é perigoso”, declarou.
O apresentador também ironizou uma suposta carta da Disney que o orientaria a “reativar a assinatura do Disney+”, aludindo ao boicote de assinantes durante sua suspensão. Celebridades como Ben Stiller elogiaram o retorno: “monólogo brilhante”, escreveu o ator nas redes.
Nem todos, porém, aprovaram a volta. Uma hora antes da exibição, Trump afirmou em sua plataforma que “a audiência acabou” para Kimmel e prometeu “testar a ABC”. O movimento ocorre enquanto a Nexstar busca aval da FCC para comprar a Tegna por US$ 6,2 bilhões, negociação que pode ganhar novo peso político.
Para especialistas em mídia, o impasse evidencia o alcance da FCC sobre o conteúdo televisivo, tema detalhado em relatório recente da BBC. Ao mesmo tempo, destaca a tensão entre liberdade artística e interesses comerciais nos grandes conglomerados.
O caso segue em evolução, já que as afiliadas sinalizaram que só retomarão o talk-show se houver “diálogo respeitoso” entre todas as partes. Até lá, Kimmel promete manter o tom crítico que caracteriza suas noites em Hollywood.
Quer se aprofundar em debates sobre mídia e tecnologia? Visite nossa editoria de Ciência e tecnologia e acompanhe as próximas análises.
Crédito da imagem: Getty Images