James Comey indiciado por falso testemunho ao Congresso

James Comey indiciado por um grande júri federal da Virgínia enfrenta duas acusações criminais que fazem referência direta ao seu depoimento de setembro de 2020 perante o Congresso norte-americano.
O ex-diretor do FBI, alvo de críticas frequentes do ex-presidente Donald Trump, responde por falsa declaração e obstrução de Justiça. Ele é acusado de negar, na Comissão Judiciária do Senado, ter autorizado a divulgação anônima de informações sigilosas sobre uma investigação que analisava possível interferência russa na eleição de 2016.
James Comey indiciado por falso testemunho ao Congresso
A promotoria sustenta que Comey “deliberadamente” orientou um subordinado a servir de fonte anônima em reportagens sobre o caso e, ao fazê-lo, teria obstruído o trabalho investigativo dos senadores. Caso condenado, o ex-chefe da polícia federal pode receber pena de até cinco anos de prisão.
A leitura formal das acusações (arraignment) está marcada para 9 de outubro, às 10h (14h em Brasília), no tribunal de Alexandria, Virgínia, segundo a rede CBS News. Comey declarou-se inocente em vídeo divulgado nas redes sociais e afirmou ter “plena confiança no sistema judiciário federal”. Seu advogado, Patrick Fitzgerald, adiantou que buscará a absolvição completa do cliente.
O processo é conduzido por Lindsey Halligan, nova procuradora do Distrito Leste da Virgínia e ex-advogada pessoal de Trump. A denúncia foi apresentada pouco antes de expirar o prazo de cinco anos do estatuto de limitações, reforçando a pressão do ex-presidente, que publicamente cobrou agilidade do Departamento de Justiça contra antigos adversários políticos.
Pam Bondi, procuradora-geral dos Estados Unidos, declarou em nota que a iniciativa “demonstra o compromisso em responsabilizar quem abusa do cargo e engana o povo americano”. Já especialistas, como a professora de Direito Laurie Levenson, avaliam que o Ministério Público terá dificuldade para provar intenção deliberada de mentira, elemento-chave para condenação por falso testemunho.
Líderes democratas criticaram o indiciamento. Hakeem Jeffries, líder da minoria na Câmara, classificou o ato como “ataque vergonhoso ao Estado de Direito” e prometeu investigação sobre eventuais interferências políticas.
Comey dirigiu o FBI de 2013 a 2017 e foi demitido por Trump em meio às apurações sobre o contato da campanha republicana com Moscou. Desde então, enfrentou outras investigações, incluindo um inquérito do Serviço Secreto após publicar mensagem cifrada contra o ex-presidente.
Com a audiência de outubro definida, o caso deve dominar o noticiário político nos próximos meses e reacender o debate sobre a independência do Departamento de Justiça em meio às pressões da Casa Branca.
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