Itaú demite mil funcionários após detectar diferença entre a jornada registrada e a atividade efetiva nos computadores corporativos, informou o banco nesta segunda-feira, 9 de setembro de 2025. A decisão, classificada como “criteriosa” pela instituição, afetou colaboradores de diversos setores que atuavam em regime remoto ou híbrido.
Segundo estimativa do Sindicato dos Bancários, os cortes ocorreram sem aviso prévio. O Itaú Unibanco declarou que as demissões foram motivadas por “padrões incompatíveis com princípios de confiança” depois de comparar dados de telemetria com os horários de ponto.
Itaú demite mil funcionários por inatividade no home office
Para chegar ao resultado, o banco analisou métricas como uso de memória do equipamento, cliques de mouse, abertura de abas, inclusão de tarefas nos sistemas internos e criação de chamados. Esses dados, coletados em dispositivos fornecidos pelo próprio Itaú, indicaram que as horas trabalhadas eram inferiores às reportadas.
A instituição não revelou quais ferramentas utiliza, mas apuração do jornal Valor Econômico aponta que o software xOne, da Arctica Tecnologia, está entre as soluções capazes de medir tempo ocioso e emitir uma nota de “comportamento digital”. Uma publicação da Arctica, posteriormente editada, sugeria o uso da plataforma pelo banco.
Do ponto de vista jurídico, o monitoramento é permitido quando realizado em equipamentos corporativos e informado previamente aos colaboradores. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exige transparência sobre que dados são coletados, a finalidade e o tratamento das informações.
Parte dos dispensados contesta o critério adotado. Alguns alegam possuir avaliações de desempenho positivas e até promoções recentes, mas afirmam não ter recebido acesso aos relatórios de telemetria que embasaram o desligamento. Outros ex-funcionários reconhecem que havia colegas inativos durante o expediente.
Com cerca de 100 mil empregados, o Itaú mantém a exigência de registro de ponto, mesmo em home office, prática comum em instituições financeiras. A revisão das condutas, segundo o banco, busca reforçar a cultura de confiança e a adequação à legislação trabalhista.
Especialistas em gestão alertam que sistemas de monitoramento devem ser acompanhados de metas claras e diálogo frequente para evitar equívocos. Ferramentas de análise de produtividade, se mal interpretadas, podem descartar fatores como reuniões por vídeo, ligações e atividades fora do computador.
Em nota final, o Itaú afirmou que continuará investindo em tecnologia para “garantir eficiência e transparência” nos processos de trabalho remoto.
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Fonte: Getty Images