Lucro da Intel supera previsões após aporte federal e encerra seis trimestres de prejuízo

Lucro da Intel supera previsões após aporte federal e encerra seis trimestres de prejuízo

O resultado do terceiro trimestre mostrou a Intel de volta ao lucro e acima das projeções do mercado em seu primeiro balanço desde que o governo dos Estados Unidos tornou-se acionista de referência com 10 % do capital. A divulgação, feita na quinta-feira (23), apresentou aumento de receita, reversão do prejuízo registrado um ano antes e indicou progresso na reestruturação interna da companhia.

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Participação federal redefine composição acionária

O Departamento do Tesouro norte-americano adquiriu aproximadamente 10 % das ações da Intel por cerca de US$ 8,9 bilhões. Esse movimento transformou o governo em principal acionista individual, condição que acrescenta uma dimensão estratégica às decisões corporativas da fabricante de semicondutores. Para refletir a parcela mantida em custódia, a empresa precisou registrar uma despesa contábil que resultou em perda de US$ 0,37 por ação, item sem efeito na operação regular, mas relevante para o demonstrativo financeiro.

Receita cresce e prejuízo é revertido

No trimestre encerrado em setembro, a Intel apurou receita de US$ 13,6 bilhões, superando a estimativa consensual de US$ 13,1 bilhões. O lucro líquido somou US$ 4,1 bilhões, contraste expressivo com o prejuízo de US$ 16,6 bilhões registrado no mesmo período de 2024. O ganho ajustado por ação ficou em US$ 0,23, indicador usado por analistas para comparar desempenho operacional. A companhia encerrou, assim, uma sequência de seis trimestres de perdas, a mais longa desde 1989.

Aporte governamental direto e reflexos no caixa

Além da posição acionária, a Intel informou ter recebido US$ 5,7 bilhões em recursos do governo Donald Trump durante o trimestre. O valor reforçou o caixa e dá continuidade à política federal de incentivo à produção doméstica de chips. A empresa declarou que os fundos serão aplicados na modernização de linhas produtivas, na expansão de capacidade e no fortalecimento da cadeia de fornecimento local, todos pontos citados pelo governo como essenciais para a segurança nacional.

Reação imediata do mercado de capitais

Após a divulgação do relatório, as ações da Intel avançaram mais de 5 % nas negociações estendidas em Nova York. No acumulado de 2025, o papel já registra valorização superior a 85 %, desempenho concentrado sobretudo após o anúncio do investimento federal em agosto. O retorno positivo sinaliza confiança dos investidores na virada operacional e nas perspectivas decorrentes da nova estrutura acionária.

Demanda por PCs supera previsões interna

A diretoria financeira classificou a procura por processadores de computadores pessoais como acima do esperado. Segundo a administração, grandes empresas anteciparam a renovação de equipamentos para migrar do Windows 10, que perdeu suporte oficial, para o Windows 11. Esse movimento inverteu rapidamente a dinâmica de mercado: a Intel agora enfrenta limitações de oferta depois de planejar um cenário mais conservador para 2025.

Projeções para o quarto trimestre

Para o período outubro–dezembro, a companhia trabalha com receita entre US$ 12,8 bilhões e US$ 13,8 bilhões e lucro ajustado de cerca de US$ 0,08 por ação. O ponto médio da faixa, US$ 13,3 bilhões, ficou ligeiramente abaixo da previsão média de Wall Street, de US$ 13,4 bilhões. O guidance, porém, desconsidera a contribuição da Altera, subsidiária vendida em setembro. Sem esse negócio, a administração avalia que a meta interna se alinha, ou até supera, o consenso de mercado.

Colaboração com Nvidia traz capital e tecnologia

Em setembro, a Intel recebeu um segundo aporte relevante: US$ 5 bilhões vindos da Nvidia. O acordo prevê a integração de processadores centrais da Intel com aceleradores de inteligência artificial da parceira, responsável por cerca de 90 % desse segmento. A expectativa é que a cooperação reative o crescimento da divisão de data centers, cujo faturamento recuou 1 % e totalizou US$ 4,1 bilhões no trimestre.

Desempenho detalhado por segmentos

O grupo de produtos em sua totalidade somou US$ 12,7 bilhões em vendas, alta anual de 3 %. Desse montante, o Client Computing Group, responsável por processadores para computadores pessoais, gerou US$ 8,5 bilhões, acima da previsão de analistas de US$ 8,2 bilhões. O Data Center and AI Group respondeu pelos já citados US$ 4,1 bilhões. A divisão de fundição, dedicada à produção de chips para terceiros, alcançou US$ 4,2 bilhões, retração de 2 % em relação ao ano anterior e resultado composto exclusivamente por lotes destinados a uso interno.

Nova geração de chips inicia produção no Arizona

Durante o trimestre, a Intel começou a fabricar seus componentes mais avançados em instalações no estado do Arizona. Segundo a empresa, a planta emprega litografia de última geração e reforça a posição da companhia como a organização com o parque fabril mais sofisticado em território norte-americano. Os volumes iniciais são direcionados aos próprios produtos, mas a administração projeta abrir capacidade para clientes externos quando a operação ganhar escala.

Plano de reestruturação sob nova liderança

Lip-Bu Tan assumiu o cargo de diretor-presidente em março, após um período de transição marcado por incertezas. Desde então, o executivo estabeleceu três frentes prioritárias: reorganizar o portfólio de produtos, reduzir despesas e atrair novos contratos para a área de fabricação sob encomenda. Para atingir essas metas, a Intel adotou disciplina financeira mais rígida, revisou projetos de capital e realizou cortes de pessoal.

Cortes de custos e impacto no quadro de funcionários

O enxugamento corporativo reduziu o total de empregados de 124,1 mil para 88,4 mil em doze meses. Conforme a administração, a estrutura mais enxuta deve melhorar eficiência e liberar recursos para pesquisa e desenvolvimento. A estratégia, contudo, gerou questionamentos sobre a velocidade de inovação em comparação com concorrentes globais.

Obras de expansão em Ohio são adiadas, mas mantidas

Um dos maiores projetos de capital da empresa, a megafábrica de semicondutores programada para Ohio, foi postergado para depois de 2030. A postergação, segundo a Intel, decorre de ajustes de cronograma e da necessidade de equilibrar investimentos com o atual ambiente de mercado. Mesmo com o adiamento, a companhia reafirmou compromisso com o empreendimento, apontando que ele continua essencial para elevar a produção doméstica de chips nos Estados Unidos.

Oferta apertada deve persistir até 2026

Com a demanda por processadores assumindo trajetória de recuperação mais intensa que a prevista, a companhia admite que a oferta permanecerá limitada pelos próximos dois anos. A expectativa oficial é de que o equilíbrio entre produção e procura seja restabelecido apenas em 2026, quando capacidades novas ou ampliadas entrarem em pleno funcionamento.

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