Instagram desativa contas de influenciadores acusados de explorar menores
Instagram retirou do ar os perfis de Hytalo Santos e Kamylinha Santos depois de um vídeo publicado pelo youtuber Felipe Brassanim, conhecido como Felca, que denunciou conteúdos considerados sexualizadores de crianças e adolescentes.
Perfis ficam indisponíveis após denúncia pública
Na sexta-feira, 8 de agosto, quem tentou aceder às páginas de Hytalo Santos (17 milhões de seguidores) e de Kamylinha Santos (11 milhões) deparou-se com o aviso “Infelizmente, esta página não está disponível”. A plataforma não indicou se a remoção foi executada pela própria Meta ou pelos criadores, e os influenciadores não se pronunciaram.
A medida surgiu poucas horas depois de Felca divulgar o vídeo Adultização, no qual expõe a facilidade com que algoritmos entregam publicações de menores em poses ou contextos sugestivos. O criador de conteúdos mostrou que, após algumas interações, a sua conta de teste foi inundada por imagens de crianças com pouca roupa ou a executar danças sexualizadas.
Acusações de exploração infantil atingem “Turma do Hytalo”
Felca acusa Hytalo Santos de criar conteúdos destinados a atrair adultos com interesses sexuais em menores. Nos vídeos do influenciador paraibano, adolescentes em situação de vulnerabilidade social aparecem a receber prendas de elevado valor, a usar roupas consideradas inadequadas para a idade e, em certos momentos, a trocar beijos com o criador de conteúdos.
O Ministério Público da Paraíba já investigava Santos desde dezembro do ano passado por suspeita de exploração de menores. O inquérito também abrange pais ou responsáveis que, alegadamente, teriam omitido a devida proteção aos filhos.
Além das acusações de sexualização, o influenciador foi associado a uma suposta fraude num sorteio de 50 mil reais divulgado nas suas redes.
Trajetória de Kamylinha envolve gravidez e polémicas
Kamylinha Santos integrou a chamada “Turma do Hytalo” aos 12 anos e ganhou notoriedade ao aparecer nos vídeos do criador. Hoje com 17 anos, aproximou-se ainda mais do grupo ao engravidar do irmão de Hytalo no início de 2025. Meses depois, o próprio influenciador anunciou que a jovem sofreu um aborto espontâneo. Segundo relatos divulgados pelo youtuber Felca, outras duas adolescentes do coletivo também estariam grávidas.
Predadores sexuais e uso de algoritmos
No vídeo de 50 minutos, Felca demonstra que predadores sexuais utilizam a secção de comentários para partilhar ligações externas, incluindo canais no Telegram, onde circulam conteúdos de abuso infantil. O youtuber defende que a plataforma facilita a difusão desse material ao recomendar publicações de menores a utilizadores com determinado padrão de interações.
Ações judiciais contra perfis que difamaram o denunciante
Felca informou ainda que está a processar mais de 230 contas na rede X (antigo Twitter) por o associarem, sem provas, a crimes de pedofilia. Como alternativa ao processo, o youtuber propôs que os administradores façam uma doação de 250 reais a instituições de apoio a crianças e publiquem um pedido formal de desculpa.
Próximos passos e investigação em curso
Até ao momento, a Meta não esclareceu se as remoções são permanentes nem se outras contas ligadas ao caso serão analisadas. O Ministério Público da Paraíba continua a recolher depoimentos de adolescentes que participam nos vídeos de Hytalo Santos, bem como de responsáveis legais.
A legislação brasileira prevê pena de reclusão para quem produz ou divulga material que sexualiza menores. Organizações de defesa dos direitos da infância defendem que as plataformas devem reforçar mecanismos de detecção automática e agilizar respostas a denúncias.
Enquanto as investigações prosseguem, os seguidores dos influenciadores permanecem sem acesso aos conteúdos que geravam milhões de visualizações diárias. Especialistas em segurança digital alertam que a remoção de perfis é apenas uma etapa e que a protecção efetiva das crianças requer monitorização contínua por entidades públicas e privadas.

Imagem: tecmundo.com.br