Inquérito Steve Biko reacende busca por justiça na África do Sul

Inquérito Steve Biko reacende busca por justiça na África do Sul reúne, 48 anos depois, novos depoimentos que podem finalmente levar à responsabilização penal dos policiais apontados como autores da morte do líder do Black Consciousness Movement.

A primeira audiência, realizada na Alta Corte de Gqeberha exatamente no aniversário de falecimento de Biko, contou com a presença de seu filho, Nkosinathi, que tinha seis anos quando o pai morreu em 1977. Ele afirmou que o país “não pode avançar sem enfrentar o passado violento” e revelou confiança em condenações.

Inquérito Steve Biko reacende busca por justiça na África do Sul

Detido em um bloqueio policial sob uma ordem de restrição que limitava seus movimentos, Steve Biko sofreu lesão cerebral fatal após quase um mês preso. Na época, os agentes alegaram que ele “bateu a cabeça na parede”. Com o fim do apartheid, ex-policiais admitiram agressões, mas nenhum processo criminal prosperou.

Agora, dois suspeitos — ambos na casa dos 80 anos — continuam vivos e podem responder por homicídio. “Basta seguir os fatos; um tribunal democrático concluirá que o assassinato foi orquestrado pelos cinco policiais envolvidos”, disse Nkosinathi. Segundo ele, a impunidade pós-apartheid mina a democracia sul-africana.

O novo inquérito surge cinco meses após o presidente Cyril Ramaphosa instituir uma comissão para investigar suposta interferência política em processos de crimes do regime anterior. A Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC), criada em 1996, expôs torturas e assassinatos, mas poucas recomendações viraram ações penais.

Especialistas apontam que a revisão do caso Biko pode abrir caminho para outras famílias que se sentiram abandonadas. “Não se constrói democracia ignorando o sangue derramado nas ruas”, reforçou o filho do ativista.

Steve Biko, então estudante de Medicina na Universidade de Natal, fundou o movimento que buscava fortalecer a autoestima da população negra quando líderes como Nelson Mandela estavam presos. Sua morte provocou indignação global e inspirou o filme “Cry Freedom”, de 1987.

De acordo com a BBC, o processo foi adiado para 12 de novembro, quando novas testemunhas devem ser ouvidas e laudos periciais apresentados.

No encerramento da sessão, o juiz destacou que “a sociedade aguarda respostas concretas”. Para a família Biko, cada passo no tribunal é um passo rumo à reparação histórica.

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Crédito: AFP/Getty Images

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