Innospace anuncia prazo para retomar voos do foguete Hanbit-Nano após explosão em Alcântara

No mesmo dia em que confirmou a explosão do foguete Hanbit-Nano durante uma missão comercial na Base de Alcântara, no Maranhão, a Innospace divulgou que pretende realizar novos voos no primeiro semestre de 2026. A companhia sul-coreana sustenta que os dados coletados no lançamento fracassado servirão para correções imediatas, abertura de novas janelas de lançamento e amadurecimento tecnológico do veículo.
- Foguete Hanbit-Nano: detalhes da missão interrompida
- Innospace analisa causas da explosão do foguete Hanbit-Nano
- Planos da Innospace para retomar voos do foguete Hanbit-Nano
- Repercussões financeiras após a falha em Alcântara
- Aspectos técnicos do foguete Hanbit-Nano e da Operação Spaceward
- Próximos passos e cronograma estimado para novos lançamentos
Foguete Hanbit-Nano: detalhes da missão interrompida
A decolagem ocorreu às 22h13, horário de Brasília, em 22 de dezembro. Instantes depois de deixar a plataforma, o foguete Hanbit-Nano manteve a trajetória vertical prevista, impulsionado por um motor híbrido de 25 toneladas de empuxo. Aproximadamente 30 segundos após o início do voo, uma anomalia interrompeu a sequência. Seguindo protocolo de segurança, o veículo foi deliberadamente conduzido para a zona terrestre de contenção, onde colidiu com o solo sem provocar danos a pessoas, embarcações ou instalações.
A Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pela coordenação da Operação Spaceward ao lado da Innospace, enviou equipes para analisar destroços e avaliar a área de impacto. Todas as etapas de segurança, rastreio e coleta de dados foram executadas conforme as normas internacionais, segundo o comunicado oficial.
Com 21,8 metros de altura e cerca de 20 toneladas, o Hanbit-Nano carregava oito cargas úteis destinadas à órbita baixa, a 300 quilômetros de altitude. Entre elas estavam cinco pequenos satélites operacionais e três dispositivos experimentais, carga típica de missões orientadas ao mercado de nanosatélites para observação da Terra, comunicações e pesquisa.
Innospace analisa causas da explosão do foguete Hanbit-Nano
Até o momento, a empresa não divulgou a origem exata da anomalia. Engenheiros da sede na Coreia do Sul trabalham em conjunto com especialistas do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e da FAB na revisão dos registros de telemetria. O objetivo imediato é identificar falhas de sistema, comportamento do motor híbrido e integridade estrutural do veículo nos segundos que antecederam a perda de controle.
A carta assinada pelo CEO Kim Soo-jong ressalta que o foco da investigação recai sobre “verificação objetiva de fenômenos observados em ambiente real de voo”, sem antecipar conclusões. A análise inclui validação de dados de propulsão, resposta dos sistemas de bordo e comportamento aerodinâmico sob as condições registradas na noite do lançamento.
Os resultados serão divulgados, segundo a companhia, assim que correlacionar todas as variáveis coletadas, num processo descrito como transparente e sistemático.
Planos da Innospace para retomar voos do foguete Hanbit-Nano
Apesar da falha, a Innospace afirma que o voo forneceu elementos cruciais para aumentar a maturidade tecnológica do projeto. De acordo com a empresa, dados obtidos em condições reais não seriam reproduzíveis em testes em solo ou simulações.
Com base nessas informações, a equipe técnica iniciará imediatamente modificações no projeto, verificações adicionais de componentes e revisão de procedimentos de lançamento. O cronograma interno aponta para retomada das operações comerciais no primeiro semestre de 2026, mantendo a prioridade em voos com perfil semelhante ao que seria executado em Alcântara.
A carta aberta não confirma se o próximo lançamento ocorrerá novamente no Maranhão. Contudo, a Agência Espacial Brasileira (AEB) informa que a Innospace mantém acordo de prestação de serviços com o governo federal, o que por ora preserva a possibilidade de uso do Centro de Lançamento de Alcântara nas próximas tentativas.
Repercussões financeiras após a falha em Alcântara
A notícia da explosão repercutiu rapidamente nos mercados. No pregão seguinte, em Seul, as ações da Innospace chegaram a recuar quase 29%, maior retração já registrada desde a abertura de capital em julho de 2024. Investidores reagiram à incerteza sobre cronogramas e custos adicionais decorrentes da investigação e dos ajustes técnicos.
A administração da empresa atribui a queda ao efeito imediato de um evento de alta visibilidade, mas argumenta que a coleta de dados em voo real cria bases sólidas para confiabilidade futura. Para os executivos, historicamente, outras empresas do setor passaram por processos semelhantes antes de alcançar rotinas de lançamento estáveis.
Analistas consultados pela própria companhia apontam que a velocidade na identificação da causa, a execução das correções e a manutenção de contratos com clientes de cargas úteis serão determinantes para recuperar confiança do mercado.
Aspectos técnicos do foguete Hanbit-Nano e da Operação Spaceward
O Hanbit-Nano utiliza propulsão híbrida, combinação de combustível sólido e oxidante líquido, solução destinada a unir simplicidade operacional e controle de empuxo. O veículo foi desenhado para entregar pequenos satélites à órbita baixa em missões frequentes, mirando o crescente mercado de constelações comerciais.
A Operação Spaceward mobilizou aproximadamente 400 profissionais, entre militares brasileiros, técnicos civis e engenheiros sul-coreanos. A integração dos sistemas de rastreio, telecomando e segurança exigiu coordenação logística avançada, inclusive validação de protocolos bilaterais de segurança.
Segundo a administração do CLA, um lançamento bem-sucedido contribuiria para demonstrar a viabilidade de Alcântara como polo de serviços comerciais. Apesar do insucesso, a base confirmou que suas infraestruturas de apoio, sistemas de rastreio e procedimentos de contingência foram testados com êxito.
Próximos passos e cronograma estimado para novos lançamentos
Enquanto as equipes de investigação analisam destroços e telemetria, a Innospace prepara um plano de ação dividido em três frentes: correção de design, revisão de procedimentos e negociação de novo manifesto de cargas. A empresa prevê finalizar a fase de diagnóstico técnico nos próximos meses, avançar para testes de solo aprimorados e, em seguida, submeter o Hanbit-Nano a nova campanha de lançamento.
Se mantido o acordo com o governo brasileiro, a janela de oportunidades na Base de Alcântara pode abrir ainda em 2026. Caso surjam restrições de agenda ou logística, a companhia avalia opções em outros locais, mas reforça que Alcântara oferece vantagens de latitude e infraestrutura que reduzem consumo de propelente e ampliam a capacidade de inserção orbital.
No horizonte imediato, o ponto de atenção é a consolidação do relatório técnico sobre a anomalia. Essa documentação servirá de base para o pedido de autorização da próxima tentativa junto às autoridades aeroespaciais. O objetivo formal permanece: colocar em órbita cargas úteis comerciais no primeiro semestre de 2026.

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