Incêndio no sul de França destrói aldeias, faz uma vítima e obriga milhares a evacuar
Um incêndio de grandes dimensões deflagrou na terça-feira junto à localidade de La Ribaute, no departamento de Aude, sul de França, provocando a morte de uma mulher idosa, o desaparecimento de outra pessoa e a evacuação de milhares de residentes.
Operações de socorro mobilizam mais de 1 800 bombeiros
Segundo as autoridades regionais, mais de 1 800 bombeiros, apoiados por cerca de 500 viaturas, foram destacados para conter as chamas, que já consumiram mais de 13 000 hectares — uma área superior à da cidade de Paris e a maior registada no país em 2024. Sete bombeiros receberam assistência médica por inalação de fumo e duas pessoas permanecem hospitalizadas, uma delas em estado crítico.
Os focos de fogo avançam rapidamente sobre as aldeias de Lagrasse, Fabrezan, Tournissan, Coustouge e Saint-Laurent-de-la-Cabrerisse. Em Jonquières, o presidente da câmara, Jacques Piraud, indicou que cerca de 80 % da área foi atingida, com pelo menos quatro habitações consumidas. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram viaturas carbonizadas e densas nuvens escuras visíveis a vários quilómetros, inclusivamente em zonas costeiras a três horas de distância.
De acordo com o porta-voz dos bombeiros, Eric Brocardi, trata-se de “um desastre de escala sem precedentes”. Até ao momento contam-se pelo menos 25 casas destruídas e mais de 2 500 agregados familiares sem eletricidade. Várias estradas permanecem cortadas e as autoridades consideram perigoso o regresso dos habitantes às áreas evacuadas.
Vento, calor e vegetação seca dificulta controlo das chamas
O incêndio é impulsionado por ventos fortes, temperaturas elevadas e vegetação extremamente seca. Lucie Roesch, secretária-geral da região de Aude, afirmou que o perímetro está a ser vigiado para evitar reacendimentos, mas antecipou uma operação prolongada: “Todas as condições favorecem o avanço do fogo, pelo que teremos trabalho para vários dias”.
A vulnerabilidade do território agravou-se nos últimos anos devido à redução da pluviosidade e à substituição de vinhas — que anteriormente funcionavam como corta-fogos naturais — por áreas de mato contínuo. Especialistas recordam que o clima mediterrânico, cada vez mais quente e seco, eleva o risco de incêndios severos em toda a região.
Em França, o serviço nacional de emergência contabiliza quase 15 000 hectares ardidos neste verão em mais de 9 000 ocorrências. O sinistro de Aude representa agora a maior parcela desta superfície queimada.
Reação governamental e apelo à população
O Presidente Emmanuel Macron manifestou apoio aos bombeiros e autarcas, assegurando que os meios do Estado estão mobilizados. Através da rede social X, apelou aos residentes para cumprirem as ordens de evacuação e agirem “com máxima prudência”. O primeiro-ministro François Bayrou deverá deslocar-se hoje à zona afetada para avaliar a situação no terreno.
Apesar do emprego de aeronaves de combate a incêndios, que largam milhares de litros de água sobre as frentes ativas, as autoridades admitem que o controlo total poderá demorar vários dias. Enquanto isso, as pessoas deslocadas aguardam em centros de acolhimento e em localidades vizinhas até que as condições sejam consideradas seguras.
Com as temperaturas a manterem-se elevadas e a humidade relativa em níveis baixos, os serviços de proteção civil mantêm o alerta máximo para novos focos. As populações foram aconselhadas a evitar deslocações desnecessárias, a respeitar os perímetros de segurança e a reportar imediatamente qualquer sinal de chama ou fumo.
O incêndio no departamento de Aude reforça o impacto crescente das condições meteorológicas extremas no sul da Europa e sublinha a necessidade de medidas preventivas sustentadas para mitigar o risco de eventos semelhantes nos próximos anos.

Imagem: bbc.com