Imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS são registradas pela sonda chinesa Tianwen-1 em órbita de Marte

Imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS são registradas pela sonda chinesa Tianwen-1 em órbita de Marte

Índice

Visita interestelar observada a partir de Marte

Imagens recém-divulgadas pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA) mostram o cometa 3I/ATLAS em pleno deslocamento próximo à órbita de Marte. O registro foi obtido em 3 de outubro pela câmera de alta resolução instalada no orbitador da missão Tianwen-1. No instante da captura o objeto estava a aproximadamente 30 milhões de quilômetros da espaçonave, distância considerada uma das aproximações mais curtas já documentadas para esse corpo celeste específico.

Planejamento iniciado um mês antes da passagem

A equipe responsável pela operação da Tianwen-1 começou a projetar a observação no início de setembro, assim que cálculos orbitais indicaram que o 3I/ATLAS teria passagem relativamente próxima ao planeta vermelho em 3 de outubro. Com a data determinada, os controladores reconfiguraram os parâmetros da câmera de alta resolução e de outros instrumentos a bordo, garantindo que a sonda estivesse orientada no momento exato do sobrevoo do cometa. A antecedência permitiu ajustes finos de exposição, direção e tempo de aquisição, fundamentais para registrar um alvo tênue e em rápido movimento contra o fundo estelar.

Detalhes técnicos da captura

A sequência disponibilizada pela CNSA resulta de 30 segundos de fotografia contínua. Cada quadro foi posteriormente alinhado em solo para eliminar o tremor residual da plataforma orbital. O processamento revelou estruturas delicadas da coma e sugestões de cauda, fornecendo material valioso para análise de partículas e gases expelidos pelo núcleo. Ao transformar as imagens em uma animação, os cientistas puderam visualizar a trajetória relativa do cometa em intervalo curto, ferramenta útil para estudar variações de brilho e pequenas mudanças de direção.

Contribuição de missões europeias complementa o registro

No mesmo fim de semana, duas sondas da Agência Espacial Europeia (ESA) — o Trace Gas Orbiter (TGO) do programa ExoMars e a veterana Mars Express — também voltaram suas câmeras para o 3I/ATLAS. Por ocuparem órbitas diferentes da chinesa, esses veículos forneceram ângulos suplementares, permitindo montar um mosaico tridimensional da posição do cometa em relação a Marte. A combinação dos conjuntos de dados amplia a precisão de medidas de velocidade, direção e intensidade de emissão de material cometário.

Processamento em solo e primeiros resultados

Após a recepção dos arquivos, o sistema de aplicação da missão em solo executou rotinas de filtragem, calibração fotométrica e realce de contraste. O procedimento destacou variações sutis na luminosidade da coma, indício de jatos de sublimação de voláteis que escapam do núcleo conforme este se aquece na aproximação ao Sol. A clareza atingida pela imagem é considerada um progresso em relação a observações anteriores de objetos interestelares, que costumam apresentar brilho muito baixo e estruturas difusas.

Relevância para a evolução das missões Tianwen

A CNSA classifica a observação como um teste crítico das capacidades da Tianwen-1. Detectar e registrar um alvo tão fraco a dezenas de milhões de quilômetros exigiu refinamento de apontamento e sensibilidade que serão úteis para a missão Tianwen-2. Lançada em maio, a nova sonda tem objetivos mais ambiciosos: coletar amostras de um asteroide próximo da Terra e estudar um cometa pertencente ao cinturão principal. A experiência obtida com o 3I/ATLAS, portanto, fornece um laboratório prático para a calibração de sensores e rotinas de navegação que serão replicados em voos futuros.

Características e raridade do 3I/ATLAS

Descoberto em 1.º de julho, o 3I/ATLAS é somente o terceiro objeto conhecido proveniente do espaço interestelar a atravessar o Sistema Solar, depois do 1I/‘Oumuamua e do 2I/Borisov. Estudos preliminares, baseados na trajetória hiperbólica e no espectro de luz refletida, sugerem que o corpo se formou em torno de estrelas antigas localizadas próximo ao centro da Via Láctea. Modelos de idade estimam entre 3 e 11 bilhões de anos, potencialmente tornando-o mais velho que o próprio Sol, que tem cerca de 4,6 bilhões de anos.

Indícios de mudança de cor e aceleração não gravitacional

Além dos registros obtidos no entorno de Marte, um estudo recém-submetido ao servidor de pré-impressão arXiv relata modificações de cor e pequenas acelerações no 3I/ATLAS. Os autores empregaram dados do Observatório de Relações Solar-Terrestre (STEREO) da NASA, do Solar and Heliospheric Observatory (SOHO) — missão conjunta NASA/ESA — e do satélite meteorológico GOES-19 da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). A equipe observou o cometa nas semanas que antecederam o periélio, identificando variação cromática que pode decorrer de mudanças na composição da superfície exposta ou da liberação de material volátil. A aceleração, por sua vez, sugere influência de fatores não puramente gravitacionais, como jatos de gás que atuam como pequenos propulsores naturais.

Configuração da missão Tianwen-1

Lançada em julho de 2020, a Tianwen-1 é composta por três componentes principais: um orbitador equipado com múltiplos instrumentos de imageamento e sensoriamento remoto, um módulo de pouso e o rover Zhurong, dedicado à exploração de superfície. Desde a inserção bem-sucedida na órbita marciana, em fevereiro de 2021, a missão mantém operações estáveis. Seus resultados incluem mapeamento topográfico de altas resoluções, estudo do clima marciano e coleta de dados sobre estrutura geológica. A captura do 3I/ATLAS adiciona um capítulo interestelar ao portfólio, demonstrando flexibilidade para tarefas além da pesquisa do planeta vermelho.

Importância científica dos dados obtidos

Os registros simultâneos de diferentes sondas constituem um conjunto inédito sobre um objeto originado fora do Sistema Solar observado a partir de um planeta que não seja a Terra. A análise detalhada da coma e da cauda pode indicar proporções de água, monóxido de carbono e compostos orgânicos, pistas que ajudam a comparar a química de sistemas estelares distintos. O monitoramento de eventuais mudanças de trajetória possibilita medir a intensidade de forças não gravitacionais, refinando modelos de dinâmica cometária. Todos esses dados tendem a alimentar bancos internacionais de observação e a orientar futuras campanhas de rastreamento de visitantes interestelares.

Perspectivas para estudos futuros

Com o 3I/ATLAS seguindo sua rota de saída do Sistema Solar, equipes da China, da Europa e dos Estados Unidos continuarão processando a grande quantidade de arquivos gerados. Espera-se que a comparação de medições espectroscópicas, fotométricas e de posição produza novas estimativas de massa, densidade e composição. Embora a passagem seja breve em escalas astronômicas, a quantidade de sondas ativas em Marte oferece uma oportunidade única: registrar, em diferentes faixas de comprimento de onda, a evolução de um cometa interestelar em tempo quase real.

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