Idade do Ferro: oficina de 3 mil anos revela transição

Idade do Ferro: oficina de 3 mil anos revela transição — Pesquisadores identificaram, em Kvemo Bolnisi, na Geórgia, evidências de uma oficina que muda o entendimento sobre o início da metalurgia do ferro. O estudo, publicado em setembro no Journal of Archaeological Science, indica que o ferro era empregado como fundente na produção de cobre há cerca de 3 mil anos, antes de se tornar o metal dominante das sociedades humanas.
As escavações originais, realizadas em 1950, encontraram grandes quantidades de hematita e resíduos de escória, levando arqueólogos a concluir que o local produzia ferro. A nova equipe reexaminou amostras com análises químicas avançadas e microscopia de alta resolução, revelando outro cenário: a hematita atuava como agente facilitador da fusão do cobre.
Idade do Ferro: oficina de 3 mil anos revela transição
Segundo Nathaniel Erb-Satullo, pesquisador da Universidade de Cranfield e coautor do artigo, a descoberta indica que os metalurgistas já distinguiam o óxido de ferro como material independente e testavam suas propriedades nos fornos. Esse processo experimental teria sido crucial para a posterior adoção do ferro como matéria-prima principal, marcando a passagem da Era do Bronze para a Idade do Ferro.
Ao comparar Kvemo Bolnisi com outros sítios do Cáucaso e do Oriente Próximo, a equipe observou um padrão recorrente: depósitos de cobre apresentam vestígios de ferro. O achado sugere que o uso do mineral como fundente era mais comum do que se imaginava e que a “descoberta” do ferro pode ter ocorrido como subproduto direto desses experimentos.
A pesquisa também destaca por que a origem do ferro é difícil de rastrear. Registros escritos são escassos, o metal tende a oxidar rapidamente e muitos locais de produção foram perdidos ou mal documentados. Para Erb-Satullo, a combinação de geologia moderna e ciência dos materiais permite “entrar na mente dos antigos cientistas” e reconstruir etapas essenciais da tecnologia metalúrgica.
Detalhes técnicos do trabalho podem ser encontrados na página oficial do periódico Journal of Archaeological Science, referência internacional em arqueologia científica.
Descobertas como esta reforçam a importância de revisitar sítios arqueológicos com novas tecnologias, ampliando a compreensão sobre a evolução dos materiais que moldaram a civilização.
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Crédito da imagem: divulgação / Universidade de Cranfield
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