IA analisa fotos e indica caminhos para sucesso profissional, mostra estudo da Universidade da Pensilvânia

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, apresentaram um sistema batizado de Photo Big 5 capaz de avaliar retratos de perfis no LinkedIn. A partir do momento em que a IA analisa fotos, ela extrai indicadores de personalidade e, com base nessas informações, estima salário inicial, probabilidade de crescimento hierárquico e ritmo de progressão de carreira de 96 mil graduandos de programas de MBA em instituições norte-americanas de elite.
- IA analisa fotos e identifica cinco traços de personalidade
- Metodologia: como a IA analisa fotos de perfis no LinkedIn
- IA analisa fotos e projeta salário, hierarquia e progressão
- Diferentes traços e a influência da IA que analisa fotos sobre carreiras
- Questões éticas geradas quando a IA analisa fotos em processos seletivos
- Impacto futuro e necessidade de uso responsável
IA analisa fotos e identifica cinco traços de personalidade
O ponto de partida da pesquisa foi o modelo psicológico dos “Cinco Grandes Fatores de Personalidade”. A tecnologia mapeia abertura à experiência, conscienciosidade, extroversão, agradabilidade e neuroticismo — variáveis consolidadas em estudos de comportamento organizacional. Para cada imagem, a rede neural calcula sinais visuais relacionados a esses cinco grupos e gera um perfil quantitativo. A partir desse perfil, os cientistas correlacionam percentuais de traços positivos ou negativos com dados objetivos de carreira cedidos por universidades e ex-alunos.
Metodologia: como a IA analisa fotos de perfis no LinkedIn
O estudo utilizou exclusivamente fotografias de graduandos que mantêm uma conta ativa na plataforma profissional. Cada arquivo foi submetido a um processo de reconhecimento facial que transforma pixels em métricas geométricas — distância entre olhos, curvatura do sorriso, inclinação da cabeça, entre outras. Em seguida, algoritmos supervisionados relacionam tais métricas aos cinco fatores de personalidade, formando o núcleo de predição do Photo Big 5. Todo o fluxo foi calibrado e validado sobre um universo de 96 mil perfis, garantindo amostra estatisticamente robusta segundo os autores.
IA analisa fotos e projeta salário, hierarquia e progressão
Com os perfis psicométricos gerados, os pesquisadores cruzaram as informações de personalidade com três indicadores principais de sucesso: remuneração inicial ao término do MBA, posição ocupada dentro da hierarquia corporativa e velocidade de mobilidade vertical. A evidência mais forte apontou que altos índices de extroversão se relacionam a salários mais elevados logo no primeiro emprego após a graduação. Na direção oposta, abertura à experiência tendeu a vir acompanhada de remuneração inicial menor, ainda que pudesse ser vantajosa em outras métricas.
Outro achado relevante é que possuir pelo menos 20 % de traços considerados positivos aumentou o salário médio de partida. A pesquisa ainda registrou situações em que um mesmo traço beneficiou um critério e prejudicou outro, destacando a complexidade de fatores que influenciam a trajetória profissional.
Diferentes traços e a influência da IA que analisa fotos sobre carreiras
Ao detalhar cada fator, o relatório mostrou nuances importantes. Extroversão, por exemplo, esteve ligada não apenas ao ganho financeiro imediato, mas também à maior visibilidade dentro de equipes, fator que pode acelerar promoções. Já conscienciosidade, frequentemente associada a organização e disciplina, demonstrou correlação com estabilidade de emprego e menor rotatividade. A agradabilidade apresentou resultados ambíguos: colaborou com ambientes de trabalho harmônicos, mas não se converteu diretamente em avanço hierárquico acelerado.
As diferenças de gênero surgiram como variável adicional. De acordo com os cientistas, certos traços influenciaram resultados de forma distinta para homens e mulheres, embora os números detalhados não tenham sido divulgados no resumo do estudo. Esse recorte indica que a aplicação de ferramentas como o Photo Big 5 pode reproduzir desigualdades pré-existentes, caso não haja monitoramento cuidadoso.
Questões éticas geradas quando a IA analisa fotos em processos seletivos
Apesar de seu potencial de oferecer métricas objetivas, a tecnologia traz implicações éticas relevantes. O primeiro ponto crítico é o risco de viés digital. Caso o algoritmo seja treinado principalmente com rostos de grupos majoritários, minorias podem receber classificações distorcidas, o que afetaria decisões de contratação. Outra preocupação refere-se à privacidade: imagens que antes serviam apenas como cartão de visita virtual tornam-se fonte de dados sensíveis, capazes de influenciar o destino profissional de indivíduos.
Os autores também advertem para possíveis efeitos colaterais sociais. A divulgação de que certos traços faciais se relacionam a melhores salários pode estimular a busca por procedimentos estéticos voltados a “otimizar” a própria imagem, alterando padrões de comportamento e reforçando estereótipos visuais. Além disso, entrevistas presenciais e avaliações humanas continuam essenciais, pois a análise automatizada não capta aspectos como valores pessoais ou adequação cultural à empresa.
Impacto futuro e necessidade de uso responsável
A demonstração de que traços de personalidade não cognitivos podem ser medidos de forma automática inaugura uma etapa inédita na análise de perfis profissionais. Ainda que o Photo Big 5 produza insights sobre potencial de desempenho, os próprios pesquisadores ressaltam que a adoção em larga escala deve ser conduzida com critério, transparência e regulamentação. Até o momento, o estudo não menciona cronograma para disponibilização comercial da ferramenta, e a universidade não divulgou parcerias com empresas de recrutamento.
Enquanto novas pesquisas investigam limitações e oportunidades da abordagem, a comunidade acadêmica acompanha os desdobramentos em temas como governança algorítmica, proteção de dados pessoais e equidade de acesso ao mercado de trabalho. A discussão permanece aberta sobre como equilibrar ganhos de eficiência com salvaguardas capazes de impedir discriminações automatizadas.

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