Hyundai virou foco de tensão diplomática após a prisão de mais de 300 sul-coreanos em uma operação do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) em uma fábrica de baterias no estado da Geórgia.
O governo de Seul classificou a medida como “resposta total” e despachou representantes consulares ao local, enquanto a parceira LG Energy Solution suspendeu a maioria das viagens corporativas ao território norte-americano.
Hyundai: Seul reage à mega operação migratória nos EUA
A ação, realizada na sexta-feira (22), deteve 475 pessoas, das quais a maioria possui nacionalidade sul-coreana, segundo autoridades norte-americanas. De acordo com o presidente Donald Trump, todos seriam “estrangeiros ilegais”, e a iniciativa apenas “cumpriu a lei”. Em imagens divulgadas pelo ICE, trabalhadores asiáticos aparecem algemados, alguns vestindo coletes com as inscrições “Hyundai” e “LG CNS”.
Agentes do Homeland Security Investigations afirmaram que vistos de turista ou de curta duração não permitem atividades laborais, e que a operação busca “proteger empregos americanos”. A detenção ocorreu em um dos maiores projetos de investimento estrangeiro da Geórgia, anunciado como o maior da história do estado, com 1,2 mil vagas para produção de veículos elétricos.
O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul instalou uma equipe de crise e admite a possibilidade de deslocar o chanceler Cho Hyun a Washington. “Sinto grande responsabilidade pela prisão de nossos cidadãos”, declarou o ministro durante reunião de emergência no sábado (23).
Entre os detidos estão 47 funcionários da LG Energy Solution e cerca de 250 trabalhadores terceirizados da joint venture. A companhia confirmou o envio do diretor de Recursos Humanos Kim Ki-soo ao complexo na Geórgia neste domingo (24) e informou que providencia medicamentos para colaboradores que dependem de tratamento contínuo.
A imprensa sul-coreana classificou o episódio como “choque”, temendo efeito inibidor sobre novos aportes industriais nos EUA, cruciais para driblar tarifas e fortalecer a aliança econômica bilateral. O momento é delicado: Washington e Seul negociam termos comerciais estratégicos enquanto a Casa Branca intensifica o estímulo a investimentos estrangeiros, mas endurece regras de imigração corporativa.
Os trabalhadores permanecerão no centro de detenção do ICE em Folkston, Geórgia, até definição do destino final. A Coreia do Sul prometeu “todos os esforços” para uma liberação rápida.
Este episódio mostra como o ambiente regulatório norte-americano pode impactar diretamente cadeias globais de produção de alta tecnologia. Para acompanhar outras análises sobre tendências internacionais, visite a seção Notícias e Tendências e continue informado sobre os próximos desdobramentos.
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