Dose do gene SHOX ajuda a explicar por que homens são mais altos que mulheres

A diferença média de 13 centímetros entre a estatura de homens e mulheres pode estar parcialmente ligada à quantidade do gene SHOX, concluíram pesquisadores de instituições norte-americanas ao analisar dados genéticos de mais de um milhão de pessoas.

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, investigou como a presença desse gene nos cromossomos sexuais influencia o crescimento ósseo e, consequentemente, a altura final de cada indivíduo.

O SHOX está localizado perto da extremidade dos cromossomos X e Y, região que escapa em parte ao processo de inativação de um dos dois X nas mulheres. Mesmo assim, a atividade do gene no sexo feminino fica ligeiramente reduzida, pois apenas um cromossomo X permanece totalmente ativo.

Nos homens, a situação é diferente: o gene se mantém funcional tanto no X quanto no Y, resultando em uma dose mais alta da proteína associada ao alongamento dos ossos. Essa diferença de expressão genética foi apontada pelos autores como um dos fatores que favorecem maior estatura no sexo masculino.

Para testar a hipótese, a equipe buscou variantes de número de cromossomos sexuais em três grandes bancos de dados. Foram identificadas 1.225 pessoas com conjuntos XXY, XXX ou X0, condições que oferecem um modelo natural para avaliar o efeito da quantidade de SHOX.

Os resultados mostraram que indivíduos com um cromossomo X a menos (X0) eram mais baixos do que a média, enquanto aqueles com um Y extra (XXY) apresentavam ganho de altura. Já a presença de um terceiro X (XXX) não produziu aumento significativo, reforçando a diferença de atividade entre X e Y.

Cálculos estatísticos indicaram que a dose adicional de SHOX nos homens pode representar cerca de 25 % da disparidade média de altura observada entre os sexos. O restante da variação possivelmente envolve hormônios sexuais masculinos e outros genes ainda não totalmente compreendidos.

De acordo com os pesquisadores, entender como a fórmula cromossômica interfere na produção de proteínas relacionadas ao crescimento pode oferecer novas pistas sobre distúrbios de desenvolvimento e condições clínicas ligadas à baixa estatura.

Os autores ressaltam que a análise de combinações cromossômicas atípicas não só esclarece diferenças físicas como também pode lançar luz sobre a incidência desigual de doenças autoimunes, transtornos neuropsiquiátricos e outros problemas médicos entre homens e mulheres.

Estudos adicionais estão previstos para detalhar o papel de hormônios e de outros segmentos do genoma no crescimento humano, além de investigar se ajustes terapêuticos na expressão do SHOX podem beneficiar pessoas com baixa estatura causada por deficiência do gene.

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