História completa do Game Boy: da estreia em 1989 ao legado que ecoa no Switch

História completa do Game Boy: da estreia em 1989 ao legado que ecoa no Switch

Palavra-chave principal: Game Boy

Índice

O ponto de partida: um mercado pronto para portáteis

No final da década de 1980, o Famicom, conhecido no Ocidente como NES, já se aproximava do encerramento de um ciclo comercial vitorioso. Paralelamente, novos rivais domésticos, como o Mega Drive, entravam em cena. Nesse cenário, a Nintendo possuía experiência prévia em dispositivos móveis com o Game&Watch, lançado em 1980 e composto por versões de um único jogo em tela simples. Antes dele, em 1979, a norte-americana Milton Bradley apresentou o Microvision, primeiro console de mão capaz de trocar cartuchos. Ainda que pioneiro, o modelo mostrou que o público não estava, àquela altura, plenamente preparado para esse tipo de proposta.

A concepção do Game Boy e a liderança de Gunpei Yokoi

A virada de chave ocorreu quando o designer Gunpei Yokoi idealizou um sucessor para o Game&Watch. Autor do direcional em forma de cruz e colaborador em séries como Metroid, Yokoi reuniu-se a Satoru Okada e a uma equipe de pesquisa e desenvolvimento para criar um novo portátil. O resultado apareceu em 21 de abril de 1989, data do lançamento japonês do primeiro Game Boy.

Primeira geração: especificações, jogos iniciais e vendas

O aparelho chegou ao mercado com um único acabamento em cinza, tela inferior a três polegadas que exibia quatro tons de uma mesma cor e processamento equivalente aos 8 bits do Nintendinho. Quatro pilhas AA garantiam, no máximo, quinze horas de operação. Um diferencial inédito era o cabo Game Link, acessório opcional que conectava duas unidades para partidas simultâneas.

A linha de estreia contou com Alleyway, Baseball e Yakuman, além do destaque Super Mario Land. O sucesso foi imediato: as 300 mil unidades do primeiro lote esgotaram-se em duas semanas no Japão.

Expansão internacional e o impacto de Tetris

Em julho de 1989, o Game Boy desembarcou em outros países, incluindo os Estados Unidos, acompanhado de Tetris. O emparelhamento entre o portátil e o quebra-cabeças transformou as vendas em escala global, fixando o console como referência do segmento.

Biblioteca em crescimento e marcos comerciais

A partir de 1992, títulos como Kirby’s Dream Land expandiram o catálogo. No ano seguinte surgiram The Legend of Zelda: Link’s Awakening e a primeira aparição do personagem Wario. Outras produções relevantes incluíram Metroid II e uma versão de Donkey Kong. Somada, a geração ultrapassou 100 milhões de unidades comercializadas.

Concorrentes diretos e dificuldades enfrentadas por outras marcas

Embora rivais tenham surgido, a competição esbarrou em limitações técnicas e estratégicas. O Sega Game Gear ofereceu tela colorida, porém sacrificava portabilidade e autonomia de bateria. O Atari Lynx, lançado em meio a problemas financeiros da fabricante, não conquistou espaço. Já o NEC Turbo Express trouxe bom poder de processamento, mas registrou vendas modestas.

Chegada oficial ao Brasil e ampliação de possibilidades

No Brasil, unidades importadas via Paraguai circularam antes da distribuição oficial, iniciada somente em 1994 pela representante Playtronic. A partir desse ponto, o portátil consolidou presença também no mercado nacional.

Variações monocromáticas: adaptador para Super Nintendo e versões Pocket e Light

Enquanto a primeira geração mantinha fôlego, a Nintendo lançou, em 1994, o Super Game Boy, adaptador que permitia o uso dos cartuchos de Game Boy no Super Nintendo. Em 1996, o Game Boy Pocket reduziu o tamanho, passou a exigir apenas duas pilhas e melhorou a qualidade de tela. Dois anos mais tarde, o Japão recebeu o Game Boy Light, modelo com retroiluminação, solução para ambientes de pouca luminosidade.

Pokémon Red & Green: novo impulso ao ciclo original

O mesmo ano de 1996 marcou o lançamento japonês de Pokémon Red e Green. Em 1998, as versões Red e Blue chegaram a outros territórios. O software converteu-se no cartucho mais vendido do Game Boy e revitalizou o console, já distante da estreia. As trocas de criaturas e as batalhas por meio do cabo Link tornaram-se componentes essenciais da experiência.

A transição para a cor: Game Boy Color

Somente em outubro de 1998 a Nintendo introduziu o Game Boy Color, segundo estágio da linha e primeiro portátil retrocompatível da empresa. A tela agora exibia até 56 cores e o processador era significativamente mais veloz, abrindo espaço para projetos maiores. Entre os jogos marcantes figuram The Legend of Zelda: Oracle of Ages e Oracle of Seasons, além da nova leva de Pokémon Gold, Silver e Crystal, produções da franquia Dragon Quest e versões específicas de Donkey Kong Country.

Rivais da era Color

Nesse ciclo, os concorrentes deslocaram-se para o Neo Geo Pocket, inclusive em versão Color, voltado a jogos de luta, e para o Wonderswan, projeto de Yokoi já fora da Nintendo.

32 bits e formato horizontal: Game Boy Advance

O Game Boy Advance chegou em 2001, sob liderança de Satoru Okada e já sem Gunpei Yokoi. O aparelho adotou processador 32 bits, maior resolução e formato horizontal, incorporando botões de ombro e mantendo retrocompatibilidade. Entre os títulos notáveis estão Metroid Fusion, Final Fantasy Tactics Advance, Golden Sun, a série Mario & Luigi, três capítulos de Castlevania, o primeiro Fire Emblem com lançamento global e mais uma geração de Pokémon. As vendas ficaram abaixo dos 100 milhões de unidades, resultado inferior ao anterior, mas distante de ser considerado fracasso.

Design em concha: Game Boy Advance SP

Em 2003, o Game Boy Advance SP adicionou bateria recarregável e backlight, mantendo desempenho interno idêntico ao do Advance. O formato flip aumentou a portabilidade e atendeu a pedidos por iluminação integrada.

Retirada gradual do nome Game Boy e chegada do Nintendo DS

A substituição efetiva ocorreu em 2004, quando a empresa apresentou o Nintendo DS. O dispositivo possuía dois painéis, sendo um sensível ao toque operado por caneta, e oferecia compatibilidade com cartuchos de GBA. Embora promovido como alternativa, o DS assumiu o posto principal, encerrando o uso sistemático da marca Game Boy.

O último modelo da família: Game Boy Micro

Lançado em 2005, o Game Boy Micro tocou a reta final ao exibir tamanho reduzido e compatibilidade exclusiva com jogos de GBA, devido à dimensão dos cartuchos. As vendas foram modestas, em contraste com a tradição da linha.

3DS, híbridos e continuidade da influência

Em 2011, o Nintendo 3DS apresentou efeito estereoscópico sem óculos e, após ajuste de preço, quebrou recordes. Variantes como 3DS XL, New 3DS e 2DS atenderam a públicos distintos. A produção encerrou-se em 2020, enquanto a loja digital eShop manteve serviços até 2023.

No rastro de inovações portáteis, 2016 marcou o nascimento do Nintendo Switch, console principal que se converte em handheld. O passo seguinte ocorre em 2025, com o Switch 2, processador mais potente e Joy-Con com uso de mouse. Em ambos os sistemas, a assinatura on-line concede acesso a jogos de diferentes gerações do Game Boy.

Acessórios e caminhos de preservação

Ao longo das décadas, a Nintendo apresentou itens como câmera acoplada a impressora portátil, Transfer Pak para interação com o Nintendo 64, Mobile Game Boy Adapter para conexão com celulares, Game Boy Player para o GameCube e o e-reader do GBA, que escaneava cartões especiais. Fora do ecossistema oficial, a emulação de praticamente toda a linha tornou-se comum em computadores e smartphones, contribuindo para preservação e fortalecendo o sentimento nostálgico, especialmente em países como o Brasil.

Legado duradouro

Da arrancada em 1989 à presença no catálogo digital do Switch 2, o Game Boy confirmou importância histórica ao vender dezenas de milhões de unidades, introduzir formatos variados e consolidar franquias que permanecem relevantes. A trajetória comprova o peso de uma série que, mesmo sem o nome original nas embalagens atuais, continua a moldar a experiência de jogos portáteis.

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