HBO Max endurece avisos contra partilha de contas para aumentar receitas

A Warner Bros. Discovery vai reforçar as restrições ao partilhar de palavras-passe no HBO Max. O compromisso foi anunciado numa reunião com acionistas dedicada aos resultados trimestrais do grupo, onde o presidente de streaming, JB Perrette, adiantou que as novas mensagens de aviso deixarão de ser opcionais e passarão a exigir ação direta dos utilizadores que acedem fora dos parâmetros permitidos.

Novo passo contra partilha de palavras-passe

Desde abril, o serviço cobra um valor adicional às contas que partilham credenciais fora do agregado familiar. A medida, inspirada na estratégia já aplicada pela Netflix, não produziu o impacto financeiro esperado, levando a plataforma a preparar um mecanismo mais incisivo.

De acordo com Perrette, as equipas técnicas estão a analisar padrões de utilização para distinguir ligações legítimas de acessos considerados irregulares. Assim que essa identificação estiver concluída, o HBO Max passará a apresentar avisos permanentes, impossíveis de ignorar, que obrigam o utilizador a confirmar a legitimidade do acesso ou a aderir ao suplemento de partilha.

O executivo sublinhou que os alertas atuais são “bastante suaves” e podem ser encerrados pelo utilizador sem consequências imediatas. A partir do quarto trimestre, o procedimento mudará: as mensagens “pedirão ação” e, caso não haja resposta, o serviço poderá limitar o streaming no dispositivo em causa.

Impacto previsto nas contas da plataforma

A empresa espera que o aperto às partilhas contribua para um aumento gradual de receitas a partir do final de 2025, com efeito pleno em 2026. A projeção assenta na convicção de que muitos utilizadores preferirão subscrever um plano próprio ou pagar a taxa extra, em vez de perderem acesso ao catálogo.

Além da componente financeira, a identificação mais rigorosa de ligações visa proteger acordos de licenciamento e os direitos de transmissão, uma vez que a distribuição não autorizada de conteúdos pode violar contratos regionais.

Crescimento sustentado de assinantes

Apesar das partilhas, o streaming da Warner Bros. Discovery continua a ganhar utilizadores. No trimestre mais recente, o HBO Max somou 3,4 milhões de novos clientes, elevando a base global para 125,7 milhões.

Séries originais como “The Pitt” e o regresso de sucessos como “The White Lotus” contribuíram para o desempenho positivo. Produções como “The Last of Us”, “Hacks”, “And Just Like That…” e “A Idade Dourada” também foram destacadas pela administração como motores de retenção.

O serviço voltou a adotar a marca HBO Max em julho, abandonando a designação “Max” utilizada desde 2023. A mudança sinaliza um foco renovado na produção de conteúdo premium, mais centrado na qualidade do que na quantidade.

Próximas fases e calendário

Segundo Perrette, a fase de análise de padrões de utilização decorre até ao final do verão. Os primeiros avisos mais firmes começarão a surgir no quarto trimestre, inicialmente em mercados-piloto. A expansão para outros territórios ocorrerá em 2026, depois de ajustados eventuais falsos positivos.

Até lá, os avisos existentes continuam ativos, mas a empresa pretende fechar “brechas” que permitem contornar a cobrança atual. Entre as hipóteses analisadas estão a deteção de localização por endereço IP, a frequência de login em dispositivos desconhecidos e a verificação periódica do endereço residencial principal.

Contexto do setor

A imposição de custos adicionais pela partilha de contas transformou-se numa tendência entre serviços de streaming. Depois de reportar um incremento de subscrições e lucro com a mesma abordagem, a Netflix abriu caminho para que outras plataformas adotassem políticas semelhantes.

A Warner Bros. Discovery encara esta estratégia como essencial para sustentar investimentos em séries e filmes originais. A empresa argumenta que o valor real do serviço depende da capacidade de converter espectadores irregulares em assinantes pagantes.

Com as novas medidas, o HBO Max pretende alinhar-se com as práticas de mercado e garantir receita suficiente para continuar a competir num setor cada vez mais fragmentado.

Imagem: tecmundo.com.br