Governo estuda criar sistema próprio de navegação por satélite diante de risco de bloqueio do GPS

Governo estuda criar sistema próprio de navegação por satélite diante de risco de bloqueio do GPS

O Palácio do Planalto instalou um grupo de trabalho para examinar a viabilidade de um sistema brasileiro de posição, navegação e tempo (PNT), após a possibilidade de o governo dos Estados Unidos restringir o acesso ao GPS em território nacional ganhar destaque nas redes sociais.

A medida ocorre no mesmo momento em que Washington, sob a gestão de Donald Trump, elevou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sinalizou a adoção de novas sanções. Embora não exista confirmação oficial de bloqueio, autoridades brasileiras consideram prudente avaliar opções que reduzam a dependência do serviço norte-americano.

O grupo interministerial terá 180 dias, prorrogáveis por igual período, para apresentar um relatório técnico. O documento deverá traçar rotas tecnológicas, estimar custos, dimensionar prazos e indicar ações necessárias à implantação de um sistema nacional de satélites dedicado a navegação, posicionamento e marcação de tempo.

Entre as atribuições, está o diagnóstico de vulnerabilidades provocadas pela dependência de constelações estrangeiras. A análise incluirá riscos para setores críticos da economia, segurança pública, defesa e infraestrutura caso o sinal do GPS seja retirado ou degradado de forma unilateral.

As reuniões serão conduzidas no Palácio do Planalto e contarão com representantes dos ministérios da Ciência e Tecnologia, Defesa, Comunicações e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Também participam a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsáveis pelo mapeamento de capacidades científicas e industriais já existentes no país.

O levantamento deverá indicar laboratórios, empresas e centros de pesquisa aptos a contribuir com o desenvolvimento de satélites, cargas úteis, estações de rastreamento e receptores, além de apontar possíveis gargalos na cadeia produtiva brasileira.

Outra frente do estudo avaliará mecanismos de financiamento. Entre as hipóteses estão investimentos diretos do Tesouro, parcerias público-privadas, encomendas tecnológicas e convênios com universidades, buscando garantir recursos para cada fase do projeto, do desenho de órbita à colocação dos satélites em operação.

Enquanto uma constelação nacional não é confirmada, o governo analisa aderir a sistemas já existentes. As alternativas globais incluem o GLONASS, da Rússia, o BeiDou, da China, e o Galileo, da União Europeia. Conjuntos regionais, como o indiano NavIC e o japonês QZSS, também estão na mesa de discussão.

Dispositivos modernos tendem a ser compatíveis com múltiplas constelações, reduzindo a chance de interrupção total em caso de bloqueio de uma única fonte. Mesmo assim, técnicos brasileiros alertam que a ausência do GPS poderia provocar atrasos significativos em setores como aviação, transporte marítimo, logística terrestre, cartografia e monitoramento ambiental.

O GPS nasceu no fim do século XX, desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para fins militares, como direcionamento de mísseis, localização de tropas e planejamento de manobras. Na década de 1990, o serviço foi aberto ao uso civil e rapidamente incorporado a celulares, carros, aeronaves e embarcações.

Atualmente, a constelação norte-americana opera com dezenas de satélites distribuídos em seis planos orbitais. Por meio da triangulação dos sinais emitidos, receptores em solo determinam posição geográfica, altitude e horário de forma precisa, função essencial para aplicações comerciais e estratégicas.

Além dos benefícios diretos à soberania tecnológica, um sistema nacional permitiria ao Brasil controlar parâmetros de segurança, calibração e integridade dos sinais, garantindo continuidade de serviços essenciais mesmo em cenários de tensão diplomática.

O relatório final deverá apresentar recomendações técnicas, custos estimados, cronograma preliminar e estratégias de mitigação de riscos, oferecendo ao Executivo subsídios para decidir se o país implantará uma constelação própria ou firmará acordos de cooperação internacional.

Após a conclusão do estudo, caberá ao governo definir o modelo de governança, o grau de participação da indústria nacional e os mecanismos de licenciamento e regulação de receptores, etapas consideradas decisivas para viabilizar o projeto.

Enquanto o debate avança, especialistas enfatizam que a interoperabilidade com sistemas estrangeiros continuará sendo fundamental para garantir redundância, sobretudo no período de transição, caso o Brasil opte por lançar seu próprio serviço de navegação por satélite.

Seja qual for a decisão final, a iniciativa reflete a preocupação em preservar a autonomia do país em áreas críticas e evitar que decisões externas comprometam serviços essenciais presentes em aparelhos do dia a dia e em operações estratégicas.

Fonte: Conteúdo fornecido na solicitação

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