O Executivo brasileiro manifestou abertura para flexibilizar parte da regulamentação aplicada às gigantes tecnológicas norte-americanas, numa estratégia para convencer a administração de Donald Trump a suspender ou adiar a tarifa de 50 % sobre produtos do Brasil.
Reunião no Planalto junta Alckmin e seis tecnológicas
A posição foi revelada pela GloboNews na quarta-feira, 30 de julho de 2025, após um encontro realizado na véspera, em Brasília, entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes da Apple, Google, Meta, Expedia, Visa e Mastercard. Foi a segunda reunião com o grupo desde que Washington anunciou o novo imposto aduaneiro.
Durante o encontro, as empresas apresentaram uma lista de reivindicações considerada “central” nas negociações com a Casa Branca, dada a proximidade política que mantêm com Trump. Entre os pontos levantados estão:
- Reversão da recente decisão do Supremo Tribunal Federal que amplia a responsabilidade das plataformas sobre conteúdos de terceiros;
- Celeridade na definição da Política Nacional de data centers, com vantagens semelhantes às concedidas a operadores chineses;
- Garantias de que uma eventual taxa sobre serviços digitais, aventada pelo presidente Lula, não será aplicada.
Governo sinaliza cedências, mas mantém carta fiscal na mesa
Fontes do Executivo indicam disposição para discutir alterações à responsabilidade das redes sociais; duas propostas legislativas deverão ser apresentadas nos próximos dias. Quanto aos data centers, uma medida provisória está em análise na Casa Civil e poderá conceder benefícios fiscais ao sector.
Em relação à taxação específica das big techs, Brasília não deu garantias de recuo. A possibilidade continua em aberto como instrumento de pressão caso não haja avanço nas negociações com Washington.
Pix fora das conversações com Trump
Outra questão levantada foi o Pix. Visa e Mastercard criticaram o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, sobretudo a função de parcelamento, alegando concorrência desleal. O Governo, porém, descartou incluir o Pix nas tratativas com a administração norte-americana, lembrando que o tema se restringe ao sector financeiro e não às plataformas digitais.
Próximos passos
O Planalto aguarda agora um sinal de abertura por parte de Donald Trump. Caso não haja recuo na tarifa de 50 %, o Executivo mantém em reserva medidas de retaliação, incluindo a eventual cobrança sobre receitas de publicidade e serviços digitais geradas no país.
Ainda sem datas definidas para nova ronda de contactos, Alckmin deverá voltar a reunir-se com as empresas nas próximas semanas para afinar o conjunto de propostas que será levado a Washington.

Imagem: tecmundo.com.br