Gentrificação na Cidade do México gera protestos violentos
Gentrificação na Cidade do México gera protestos violentos
Gentrificação na Cidade do México gera protestos violentos foi o mote de uma série de manifestações iniciadas em 4 de julho, Dia da Independência dos EUA. Moradores de bairros como Condesa, Roma e La Juárez acusam a disparada dos aluguéis, impulsionada por locações de curta duração e pela chegada contínua de norte-americanos e europeus, de expulsar famílias tradicionais do centro da capital.
Aluguéis em dólar e despejos em massa
Estima-se que, apenas na Condesa, uma em cada cinco residências já esteja voltada a turistas ou nômades digitais. Casos como o da família de Erika Aguilar ilustram o impacto: após 45 anos no mesmo apartamento, eles receberam ordem de despejo em 2017. O prédio de 1920, em La Juárez, foi vendido para uma incorporadora que ofereceu a compra por 53 milhões de pesos — valor inalcançável. Hoje, o endereço se converte em apartamentos de luxo para aluguel de curto e médio prazos, anunciados em dólares.
Protestos ganham tom de hostilidade
Durante a passeata no Parque México, faixas pediam “Fuera Gringo!”. Grupos radicais quebraram vitrines de cafeterias e boutiques voltadas a estrangeiros. A presidente Claudia Sheinbaum criticou o ato, classificando-o como xenofóbico: “A causa é legítima, mas não se pode mandar sair pessoas de outras nacionalidades”, declarou em coletiva.
Planos oficiais sob fogo
Diante da pressão, a prefeita da Cidade do México, Clara Brugada, lançou um plano de 14 pontos para limitar aluguéis, proteger contratos antigos e ampliar moradias sociais. Para o ativista Sergio González, que mapeou mais de 4 000 deslocamentos forçados em La Juárez na última década, a medida é tardia e “paliativa”. Em 2007 ele pagava 4 000 pesos mensais; hoje, o mesmo imóvel supera 40 000 pesos.
Turismo versus comunidade
Embora alguns moradores apontem diretamente os estrangeiros, outros, como Erika, responsabilizam proprietários, autoridades e construtoras pela perda do “direito de centralidade”. A chegada de nômades digitais foi incentivada em 2022, quando o governo local firmou parceria com a Airbnb, lembra reportagem da BBC.
Enquanto aulas de boxe e salsa agora acontecem em inglês no Parque México, casais norte-americanos, atraídos pelo câmbio favorável, já cogitam fixar residência na capital. Eles defendem respeito à cultura local, porém o ritmo das mudanças já alterou o tecido social: pequenos comércios familiares dão lugar a cafeterias gourmet, e antigos vizinhos migram para municípios periféricos.
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Crédito da imagem: Getty Images