Genocídio em Gaza: ONU aponta Israel como responsável

Genocídio em Gaza é a conclusão central de um novo relatório da Comissão de Inquérito Independente da ONU, que afirma haver “fundados motivos” para considerar que Israel cometeu quatro dos cinco atos definidos pela Convenção de 1948.

Segundo o documento, publicado nesta terça-feira, as Forças de Defesa de Israel teriam matado civis, causado danos físicos e psicológicos graves, imposto condições de vida destrutivas e até impedido nascimentos, citando a destruição de uma clínica de fertilidade em dezembro de 2023.

Genocídio em Gaza: ONU aponta Israel como responsável

Os investigadores, liderados pela ex-alta comissária Navi Pillay, analisaram declarações do presidente Isaac Herzog, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, classificadas como incentivo direto ao extermínio. “A intenção genocida é a única inferência razoável”, conclui o texto.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou “categoricamente” as acusações, chamando o relatório de “distorcido e falso” e acusando seus autores de atuarem como “proxies do Hamas”. A pasta sustenta que, na realidade, o Hamas tentou praticar genocídio ao matar 1.200 pessoas e sequestrar 251 em 7 de outubro de 2023. Um porta-voz militar reforçou que “nenhum outro país fez tanto para evitar vítimas civis nessas condições”.

Desde o início da ofensiva israelense, o Ministério da Saúde de Gaza — controlado pelo Hamas — contabiliza ao menos 64.905 mortos. Mais de 90% das residências estariam danificadas ou destruídas, e organismos apoiados pela ONU já declararam fome na cidade de Gaza.

Criada em 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos, a comissão já havia apontado crimes de guerra de ambos os lados. Agora, alerta que todos os Estados têm obrigação imediata de prevenir e punir o crime de genocídio, sob risco de cumplicidade. O relatório completo pode ser acessado no site do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos.

Israel defende que suas ações visam apenas neutralizar o Hamas e libertar reféns, alegando operar dentro do direito internacional. Paralelamente, a Corte Internacional de Justiça analisa processo movido pela África do Sul que também acusa Tel Aviv de genocídio, acusação tida por Israel como “infundada”.

O debate deve se intensificar após a renúncia anunciada dos três integrantes da comissão, que pediram reestruturação do órgão. Mesmo assim, Pillay afirma que futuras investigações podem apontar outros atores como cúmplices.

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Crédito da imagem: Reuters

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