Gana investiga queda de helicóptero que matou dois ministros
O Presidente do Gana, John Mahama, ordenou uma investigação completa à queda de um helicóptero militar que provocou oito mortos, incluindo dois membros do Governo, na quarta-feira na região de Ashanti.
Queda de helicóptero faz oito vítimas
O aparelho, um Harbin Z-9 da Força Aérea ganesa, descolou de Acra com destino a Obuasi para um evento de combate à mineração ilegal. A bordo seguiam cinco passageiros e três tripulantes. Pouco depois de sobrevoar uma área florestal densa, o helicóptero despenhou-se sem deixar sobreviventes.
Entre as vítimas estão o ministro da Defesa, Edward Omane Boamah, e o ministro do Ambiente, Ciência e Tecnologia, Ibrahim Murtala Muhammed, de 50 anos. Morreram ainda o vice-coordenador nacional de Segurança, Alhaji Muniru Mohammed, e Samuel Sarpong, vice-presidente do partido no poder, Congresso Nacional Democrático. A tripulação era composta pelo comandante de esquadrilha Peter Bafemi Anala, o tenente-piloto Manin Twum-Ampadu e o sargento Ernest Addo Mensah.
Equipes de resgate recuperaram todos os corpos. Amostras foram enviadas para a África do Sul para identificação forense, medida destinada a acelerar a certificação oficial das vítimas.
Condições meteorológicas e relatos no local
O serviço meteorológico nacional alertara para condições atípicas de frio em agosto, com chuvas recentes a originar nevoeiro em zonas florestais. Agricultores próximos do local confirmaram visibilidade reduzida na manhã do acidente. Um testemunho ouvido no terreno referiu que o helicóptero voava “anormalmente baixo” antes de se ouvir um estrondo seguido de explosão.
Este é o mais grave de três incidentes registados com helicópteros da Força Aérea nos últimos anos. Em 2020 um Z-9 fez uma aterragem de emergência perto do Aeroporto de Tamale e, em 2022, outro aparelho aterrou de forma abrupta em Bonsukrom, na região ocidental.
Resposta do Governo e passos seguintes
Numa comunicação televisiva, John Mahama descreveu o acidente como “uma perda pessoal” e decretou três dias de luto nacional a partir de quinta-feira. Todas as atividades oficiais do chefe de Estado foram suspensas e as bandeiras estão a meia-haste em todo o país.
O Presidente garantiu que os gravadores de dados e de voz da cabine já foram recuperados e entregues às forças armadas, que lideram “uma investigação plena e transparente”. Até ao momento, não existe confirmação oficial sobre a causa do desastre.
Um funeral de Estado está agendado para 15 de agosto, segundo informação avançada pela agência noticiosa estatal. Enquanto isso, as autoridades reforçaram medidas de segurança nos restantes meios aéreos militares.
Perfis das principais vítimas
Edward Omane Boamah exercera anteriormente as pastas da Comunicação e do Ambiente, destacando-se recentemente no combate a movimentos jihadistas que atuam junto à fronteira com o Burquina Faso. Ibrahim Murtala Muhammed liderava a ofensiva governamental contra a mineração ilegal de ouro, prática conhecida localmente como galamsey, que tem causado graves danos ambientais.
Alhaji Muniru Mohammed foi ministro da Agricultura antes de assumir funções de coordenação na Segurança Nacional, enquanto Samuel Sarpong ocupava posição de relevo no partido governamental.
Impacto nacional
A notícia abalou a sociedade ganesa, que já partilhava nas redes sociais imagens dos destroços carbonizados. Organizações civis pediram explicações rápidas sobre a manutenção da frota militar. Especialistas recordam que o Z-9 é fabricado sob licença chinesa e opera no país há mais de uma década.
O Ministério da Defesa ainda não divulgou o historial de manutenção do aparelho acidentado. No entanto, fontes militares confirmaram que todos os voos não prioritários ficam suspensos até à conclusão preliminar do inquérito.
Com a investigação em curso, o Governo pretende apurar eventuais falhas mecânicas, humanas ou meteorológicas e evitar novos incidentes numa frota já sob escrutínio público.

Imagem: bbc.com