Fórmula 1 mantém-se sem pilotos mulheres: conheça os obstáculos que persistem

A categoria rainha do automobilismo não conta com uma piloto titular desde 1992, quando Giovanna Amati disputou pela Brabham as suas últimas qualificações. Três décadas depois, a presença feminina continua ausente nas grelhas de partida, apesar de várias iniciativas de inclusão.

Histórico de participação feminina

Desde o início da competição, apenas cinco mulheres alinharam em Grandes Prémios de Fórmula 1: Maria Teresa de Filippis, Lella Lombardi, Divina Galica, Desiré Wilson e Giovanna Amati. Lombardi disputou 17 corridas entre 1974 e 1976 e é, até hoje, a única a pontuar, graças ao sexto lugar no GP de Espanha de 1975.

Nos anos mais recentes, Susie Wolff (Williams) e Tatiana Calderón (Alfa Romeo) realizaram sessões de testes, mas nenhuma conquistou lugar permanente. Fora da F1, nomes como Michèle Mouton, no Mundial de Ralis, e Danica Patrick, na IndyCar e NASCAR, demonstraram competitividade ao mais alto nível, sublinhando que o talento não é exclusivo de género.

Custos e acesso à Super Licence

O financiamento continua a ser a barreira mais citada. Orçamentos elevados para subir nas categorias de base exigem patrocinadores sólidos, algo que muitas jovens não conseguem assegurar. Várias empresas ainda hesitam em investir em pilotos mulheres, apontando dúvidas sobre retorno de imagem num ambiente dominado por homens.

A obtenção dos 40 pontos exigidos para a Super Licence da FIA constitui outro entrave. A W Series, criada em 2019 para promover talento feminino, não atribuía pontos suficientes para esse licenciamento e enfrentou dificuldades financeiras. A recém-criada F1 Academy procura colmatar essa lacuna, mas o seu impacto ainda não é mensurável.

Questões físicas e percepções erradas

Argumentos sobre limitações físicas têm sido refutados por estudos e por figuras da modalidade. O ex-piloto David Coulthard, à frente do projecto More Than Equal, sublinha que a exigência principal reside no treino específico, não no sexo biológico. Um estudo da Universidade de Michigan, em 2017, concluiu que mulheres podem igualar homens em resistência, frequência cardíaca e performance cognitiva durante corridas.

Pressão por mudança

Pilotos de destaque, como Lewis Hamilton, criticam publicamente a ausência de diversidade de género e pedem programas de apoio desde os karts até à F1. Um inquérito da More Than Equal indica que as fãs de automobilismo são em média dez anos mais novas que os homens e que a presença de mulheres nas pistas aumentaria o interesse desse público.

Para que a situação mude, equipas, promotores e patrocinadores terão de garantir financiamento, formação física adequada e um percurso competitivo que permita acumular pontos para a Super Licence. Até lá, a F1 permanece como um dos poucos desportos de elite sem representação feminina contínua nas últimas três décadas.

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Imagem: olhardigital.com.br

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