Forças israelenses ocupam e incendeiam casa na Cisjordânia

Forças israelenses ocupam e incendeiam casa na Cisjordânia é a acusação feita pelo empresário palestino Nasser Faratawi, dono de um imóvel de quatro andares em Tulkarm, norte da Cisjordânia ocupada. Segundo ele, soldados chegaram em 3 de março, deram 90 minutos para a família sair e transformaram o prédio em base militar por três meses.

Em 11 de junho, já fora da residência, Faratawi viu fumaça: o galpão onde funcionava sua loja de artigos para festas ardia em chamas. Estofados de luxo, objetos de decoração e todo o estoque foram destruídos, elevando o prejuízo a cerca de US$ 700 mil.

Forças israelenses ocupam e incendeiam casa na Cisjordânia

No interior dos três andares de apartamentos, a cena, relatada pela BBC, incluía móveis quebrados, alimentos apodrecidos, cada página de um Alcorão rasgada e pichações obscenas nas paredes, inclusive no quarto da filha do comerciante. “Eles viveram aqui como em um hotel e depois atearam fogo”, afirmou Faratawi.

Questionado, o Exército de Israel declarou ao serviço público britânico não ter conhecimento de incêndio provocado por seus militares e informou que a queixa “está sob revisão”. Em nota, reiterou que a destruição de propriedade civil viola valores das Forças de Defesa de Israel (IDF) e que possíveis desvios são investigados pelos comandantes.

Entidades humanitárias registram aumento de ações semelhantes desde os ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023. Dados do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) mostram que, apenas nas últimas duas semanas de junho, soldados tomaram 267 casas palestinas, deixando mais de 1.300 pessoas temporariamente deslocadas.

Tulkarm, bem como os campos de refugiados vizinhos Jenin e Nur Shams, foi declarado “forte terrorista” por Israel em janeiro, durante a Operação Iron Wall. Ocha contabiliza mais de 1.400 ordens de demolição na Cisjordânia desde então. Somente em Tulkarm, a Unrwa estima a demolição de 150 moradias, com 10.600 residentes ainda impossibilitados de voltar.

Sem renda da antiga loja de casamento e com filhos cursando Medicina no Egito, Faratawi diz não ter meios para reconstruir o prédio. A Autoridade Palestina, antes responsável por ressarcir danos de incursões israelenses, enfrenta crise financeira e tem atrasado salários do funcionalismo.

“Sou um homem de negócios, quero paz”, resume o comerciante. “Nunca tive arma em casa e agora não tenho nem casa para morar.” Ele pretende buscar ajuda de organizações internacionais, mas reconhece que o histórico de indenizações é mínimo.

O caso de Tulkarm ressalta o impacto humano das operações militares na Cisjordânia, onde mais de 900 palestinos foram mortos por soldados ou colonos desde outubro, enquanto mais de 60 israelenses morreram em confrontos ou ataques.

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Crédito da imagem: BBC / Reprodução

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