Ferramentas revelam se fotos, vídeos ou áudios são deepfakes — saiba quais funcionam melhor
A proliferação de conteúdos fabricados por inteligência artificial (IA) — imagens, vídeos e até vozes sintéticas — tornou urgente a verificação de autenticidade. Vários serviços online prometem detetar estes falsos conteúdos, mas nem todos apresentam a mesma eficácia.
Imagens: resultados díspares entre detectores
O Deepfake-o-Meter, criado pela Universidade de Buffalo (EUA), agrega 16 motores de código-aberto. Depois de um registo gratuito, o utilizador recebe 30 créditos e cada análise consome um. Nos testes, a famosa fotografia gerada pelo Midjourney que mostra o Papa Francisco com um casaco acolchoado branco enganou a maioria das ferramentas: apenas duas apontaram probabilidade superior a 50 % de se tratar de uma montagem. Já um retrato feminino produzido no Canva foi identificado por sete dos 16 motores.
O serviço francês Sightengine age mais depressa, apresentando conclusões logo após o envio do ficheiro. Para o retrato criado no Canva indicou 99 % de hipótese de IA, mas ficou indeciso (53 %) perante a fotografia do Papa, demonstrando que o desempenho varia conforme o conteúdo analisado.
Vídeo: IA da Hive supera concorrência
Geradores de vídeo como o Sora, da OpenAI, elevam a dificuldade de deteção. O Deepware.ai, gratuito, não reconheceu qualquer das amostras testadas. Em contraste, o detector da Hive assinalou 99 % de probabilidade de deepfake para todos os clipes Sora enviados, embora a versão sem custos aceite apenas vídeos até 20 segundos.
Texto e voz: indícios subtis e ferramentas específicas
No plano textual, chatbots produzem frases gramaticalmente corretas, mas revelam padrões repetitivos. O Scribbr analisa gratuitamente texto em várias línguas europeias, enquanto o Isgen.ai oferece opção freemium até 12 000 palavras por mês. Ambos procuram regularidade sintática, ausência de detalhes concretos e uniformidade de ritmo — sinais típicos de IA.
Para áudio, a empresa de segurança McAfee disponibiliza o Deepfake Detector em PCs com processadores Intel Core Ultra 200V. Extensões como Hiya AI Voice Detector, gratuitas no Chrome, examinam vozes reproduzidas em páginas web e, nos ensaios, distinguiram gravações artificiais em dois terços dos casos, valor compatível com estudos académicos sobre clonagem de voz.
Dicas visuais permanecem úteis
Mesmo com apoio tecnológico, a observação manual continua relevante. Erros recorrentes incluem mãos com número errado de dedos, sombras incoerentes, texto ilegível em bonés ou cartazes e transições estranhas de cabelo ou roupa. Em vídeo, ausência de pestanejar, movimentos lentos e resolução diferente entre a figura principal e o fundo levantam suspeitas.
Proteção adicional contra burlas online
A tática de enviar SMS ou e-mails falsos acompanhados de links maliciosos também beneficia da IA. A Bitdefender lançou o Scamio, que analisa mensagens, endereços e páginas suspeitas para detetar tentativas de phishing ou fraude, reforçando a segurança do utilizador comum.
Em suma, embora nenhum detector garanta sucesso absoluto, a combinação de várias ferramentas — e um olhar atento a pormenores — aumenta significativamente a probabilidade de identificar deepfakes antes que causem dano financeiro ou reputacional.

Imagem: Jörn via pcworld.com