Fenômeno do X Lunar: horários, detalhes e outros eventos astronômicos que acompanham a Lua crescente

Palavra-chave principal: X Lunar
- Um contraste raro que desenha a letra X na superfície lunar
- Horário exato e posição no céu para a observação de hoje
- A localização do X em relação ao terminador
- Crateras que compõem a silhueta luminosa
- Outras formas nítidas: o V Lunar
- Periodicidade mensal do fenômeno
- Equipamentos recomendados
- Conjunção entre Lua e Saturno no início de novembro
- Brilho, constelações e separação angular
- Sequência de encontros com outros planetas ao longo do mês
- Por que a Lua e os planetas “viajam” juntos no céu
- Resumo de oportunidades de observação
Um contraste raro que desenha a letra X na superfície lunar
Durante um curto intervalo na fase crescente, a Lua exibe um desenho que chama a atenção de astrônomos profissionais e de quem apenas gosta de olhar o céu: o X Lunar, também conhecido como X de Werner. O efeito ocorre quando a luz do Sol incide sobre um conjunto específico de crateras e montanhas, projetando sombras que formam a silhueta de um grande X. Quem tiver binóculos ou um pequeno telescópio tem a oportunidade de testemunhar esse contraste esta noite, desde que saiba o momento certo para mirar o satélite natural.
Horário exato e posição no céu para a observação de hoje
O primeiro quarto da Lua, fase em que o nosso satélite aparece exatamente pela metade, começa nesta terça-feira, 28 de outubro, às 13h21 no horário de Brasília. De acordo com as estimativas publicadas pelo portal especializado Space.com, o X Lunar deve ser perceptível por volta das 19h, quando a Lua estará pouco acima de 20 graus no horizonte sul. Para quem não tem aparato de medição, a referência prática é usar o braço esticado com o punho fechado: essa largura representa aproximadamente 10 graus. Dois punhos sobrepostos indicam, portanto, a altura aproximada em que o fenômeno se manifesta.
A localização do X em relação ao terminador
O contraste responsável pela figura surge próximo ao terminador, linha que separa o lado claro do lado escuro e, portanto, indica a fronteira entre o dia e a noite na superfície lunar. À medida que o Sol avança nesse limite, vales e picos projetam sombras longas que ressaltam crateras e montanhas. É esse jogo de luz que faz a letra X “acender” por um intervalo restrito: poucos minutos antes de a iluminação avançar a ponto de reduzir o contraste, a marca se torna visível e, logo em seguida, desaparece.
Crateras que compõem a silhueta luminosa
Três crateras específicas dão origem ao X: Blanchinus, La Caille e Purbach. Situadas cerca de 25 graus ao sul do equador lunar, elas apresentam paredes irregulares que geram saliências e depressões adequadas ao efeito claro-escuro. Quando a luz tangencia suas bordas, parte da parede interna permanece na sombra enquanto outra parte recebe iluminação direta. O encontro desses contornos iluminados produz o cruzamento de linhas que, visto da Terra, parece a letra X sobre o cinza da superfície.
Outras formas nítidas: o V Lunar
Embora o X seja o destaque desta noite, a iluminação rasante do primeiro quarto gera outras formas reconhecíveis. Um exemplo recorrente é o “V” luminoso criado nas imediações da cratera Ukert, posicionada a menos de 10 graus acima da linha equatorial, à esquerda do Mare Tranquillitatis. Assim como no caso do X, o V depende de um ângulo preciso de incidência solar e, portanto, tem duração limitada. Observar ambos os desenhos na mesma sessão reforça como variações sutis de luz promovem verdadeiros “eventos” na topografia lunar.
Periodicidade mensal do fenômeno
O X Lunar não é exatamente raro em termos estatísticos: ele se repete todos os meses quando a Lua entra na fase crescente. No entanto, sua curta janela de visibilidade transforma cada ocorrência em algo especial. A projeção só se forma durante um trecho específico do primeiro quarto; antes disso, as crateras estão totalmente na escuridão e, depois, ficam uniformemente iluminadas. Assim, perder a observação de uma noite implica aguardar quase um ciclo inteiro, de aproximadamente 29,5 dias, para tentar de novo.
Equipamentos recomendados
Para enxergar o X, não são indispensáveis telescópios de grande porte. Binóculos com lentes modestas já revelam o contraste, desde que o céu esteja limpo e haja pouca poluição luminosa. Para quem dispõe de um pequeno telescópio, um modelo refrator de 60 mm — mesmo patamar do instrumento usado em imagens de referência do fenômeno — é suficiente. O ponto crucial é ajustar o foco no terminador e acompanhar a evolução das sombras à medida que os minutos se sucedem.
Conjunção entre Lua e Saturno no início de novembro
Logo após a exibição do X Lunar, o satélite natural protagoniza outro evento chamativo: a conjunção com Saturno, prevista para domingo, 2 de novembro, às 7h56. Nessa ocasião, a Lua passará pouco mais de 3 graus ao norte do planeta dos anéis. Na capital paulista, o par torna-se visível às 18h50, 52 graus acima do horizonte nordeste, alcança o ponto mais alto às 21h03, a 70 graus do horizonte norte, e deixa de ser observado por volta das 2h20 da madrugada. Apesar da proximidade aparente, os corpos não cabem juntos no campo de visão de um telescópio comum ou de binóculos; ainda assim, podem ser identificados a olho nu.
Brilho, constelações e separação angular
Durante a conjunção, a Lua estará na constelação de Peixes, com magnitude aparente de −12,6, enquanto Saturno permanecerá em Aquário, com magnitude 0,7. Valores menores de magnitude indicam objetos mais brilhantes, motivo pelo qual o Sol exibe magnitude −27 e domina o céu diurno. A distância angular de pouco mais de 3 graus entre Lua e Saturno equivale, novamente, a cerca de um terço do campo coberto com o braço estendido e o punho fechado, facilitando a localização para observadores sem instrumentos sofisticados.
Sequência de encontros com outros planetas ao longo do mês
Depois da passagem por Saturno, a Lua repetirá o padrão de aproximação aparente com outros corpos brilhantes da eclíptica: encontra Júpiter no dia 10, Marte no dia 21 e retorna a Saturno no dia 29. Essa série de conjunções mensais decorre do fato de a Lua orbitar a Terra praticamente no mesmo plano que os planetas orbitam o Sol. Tal alinhamento, chamado plano da eclíptica, faz o satélite cruzar o caminho visual dos planetas várias vezes a cada ciclo sinódico.
Por que a Lua e os planetas “viajam” juntos no céu
Embora a notícia se concentre no fenômeno do X e nos encontros imediatos, vale frisar que a coincidência de trajetórias não sinaliza proximidade física. A Lua encontra-se, em média, a 384 400 km da Terra, enquanto Saturno situa-se a mais de 1,4 bilhão de quilômetros. A conjunção é puramente angular: um alinhamento visto da perspectiva terrestre. O mesmo princípio vale para as futuras aproximações com Júpiter e Marte, que ocupam posições bem mais distantes no Sistema Solar.
Resumo de oportunidades de observação
Para aproveitar ao máximo o céu das próximas noites, os observadores podem seguir uma sequência simples: mirar o terminador da Lua perto das 19h para encontrar o X Lunar, acompanhar o avanço da iluminação para flagrar o V nas crateras próximas a Ukert e, na virada do mês, voltar a olhar para testemunhar a Lua compartilhando o mesmo trecho do firmamento com Saturno. Binóculos ou telescópios modestos aprimoram a experiência, mas não são imprescindíveis para distinguir a maioria desses eventos.
Com janelas temporais bem definidas, tanto o X Lunar quanto as conjunções inauguram o calendário astronômico de novembro, oferecendo um lembrete concreto de como pequenos ângulos e sombras podem transformar a observação do céu em um espetáculo acessível a qualquer pessoa disposta a erguer os olhos.
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