Falha de Tintina acumula tensão e pode gerar sismo de magnitude 7,5 no Canadá

Investigadores identificaram um nível elevado de tensão na falha de Tintina, no noroeste do Canadá, que poderá resultar num sismo de grande magnitude. A equipa analisou registos topográficos e concluiu que a estrutura geológica, silenciosa há 12 mil anos, reúne condições para produzir um abalo sísmico de até 7,5 na escala de Richter.
Falha percorre mais de mil quilómetros entre Canadá e Alasca
A falha de deslizamento lateral estende-se por cerca de 1 100 quilómetros, desde a Colúmbia Britânica até ao Alasca, acompanhando o curso do rio Yukon. No extremo sul, conecta-se à falha da Fossa das Montanhas Rochosas, responsável pela formação de um vale que separa o sul do Canadá do norte do Montana, nos Estados Unidos.
Há 40 milhões de anos, segmentos da falha deslocaram-se aproximadamente 430 quilómetros em sentido horizontal. Atualmente, o movimento identificado situa-se em torno de 13 milímetros anuais, valor considerado baixo, mas suficiente para acumular energia ao longo de milénios.
Doze milénios de silêncio sísmico aumentam risco de ruptura
Dados obtidos através de satélite e sensores de infravermelhos permitiram mapear ondulações superficiais associadas a eventos passados. Os investigadores dataram cada escarpa formada por deslocamentos entre 2,6 milhões e 12 mil anos atrás, verificando que a falha se moveu mais de mil metros nesse intervalo, a uma média entre 0,2 e 0,8 milímetros por ano.
Desde o final da última era glacial não foram registados sismos significativos na região. Apenas eventos pontuais, com magnitudes entre 3 e 4, ocorreram em secções isoladas. Esta ausência prolongada de actividade indica que a tensão está a ser retida, elevando a probabilidade de uma libertação súbita de energia.
Magnitude estimada e possíveis impactos
Com base na deformação acumulada e na extensão da superfície de ruptura, os autores do estudo estimam que a falha poderá originar um sismo de magnitude 7,5. Para contextualizar, abalos desta ordem libertam energia suficiente para provocar danos consideráveis em edificações e infra-estruturas num raio alargado.
Entre as localidades mais vulneráveis encontra-se Dawson City, comunidade canadiana com cerca de 1 600 habitantes situada ao longo do rio Yukon. Instalações mineiras dispersas pela região também poderão ser afectadas, enfrentando risco acrescido de deslizamentos de terra e cortes de acesso.
Sem cronograma para o evento, monitorização prossegue
Embora a falha reúna condições propícias a um sismo, os cientistas ressalvam que não existe forma de prever quando ocorrerá a ruptura. O processo pode desencadear-se em breve ou atrasar-se milhares de anos, dependendo da evolução da tensão interna.
A equipa pretende continuar a recolher dados geodésicos e sísmicos, reforçando a cobertura instrumental junto às secções mais críticas. O objectivo passa por detectar micro-movimentos que antecedam um eventual episódio maior, fornecendo às autoridades margens de tempo para activar planos de emergência.
Sismos com magnitude superior a 7 são considerados grandes e têm potencial para causar danos generalizados. Apesar da baixa densidade populacional do Yukon, a presença de comunidades isoladas e infra-estruturas vitais reforça a importância de acompanhar o comportamento da falha de Tintina e desenvolver estratégias de mitigação adequadas.

Imagem: Geophysical Research Letters via olhardigital.com.br

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