Fadiga menstrual: entenda por que o cansaço se intensifica antes e durante a menstruação

Fadiga menstrual é o nome dado ao cansaço intenso que muitas pessoas que menstruam relatam no período que antecede a menstruação e também durante o sangramento. Embora frequentemente confundida com doença ou falta de condicionamento físico, a exaustão está ligada a oscilações hormonais naturais do ciclo feminino, afetando a disposição, o humor e a capacidade de executar tarefas simples do cotidiano.
O que é fadiga menstrual e como ela se manifesta
O sintoma enquadra-se entre as queixas habituais da Tensão Pré-Menstrual (TPM), conjunto de manifestações físicas e emocionais que surgem na fase lútea, logo após a ovulação. Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia mostram que cerca de 80% das brasileiras apresentam algum sinal desagradável nesse intervalo do ciclo, e o abatimento constante aparece no topo da lista. O quadro pode ser acompanhado por fraqueza muscular, sonolência diurna, menor tolerância a exercícios e até dificuldade de concentração, variando de intensidade conforme o organismo de cada mulher.
Pesquisas sugerem que, em parte das pacientes, o incômodo ultrapassa o desconforto moderado. Um levantamento conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com a Faculdade de Medicina de Catanduva identificou que entre 3% e 11% das mulheres têm sintomas classificados como severos, condição reconhecida como transtorno disfórico pré-menstrual. Nessa forma mais grave de TPM, a fadiga ganha força a ponto de comprometer as atividades profissionais, acadêmicas e sociais.
Oscilações hormonais do ciclo e a origem da fadiga menstrual
O ciclo reprodutivo é marcado por alterações expressivas nos hormônios sexuais. Após a liberação do óvulo, há aumento da progesterona e redução do estrogênio. Esse desequilíbrio impacta o circuito cerebral de neurotransmissores, em especial a serotonina, molécula que colabora para regular humor, sono, apetite e motivação. Com menos estrogênio, a produção de serotonina cai, contribuindo para a sensação de esgotamento e alterações do sono relatadas por muitas mulheres.
Além da componente neurológica, a perda de sangue durante a menstruação reduz os estoques de ferro. O mineral é fundamental para a síntese de hemoglobina, proteína dos glóbulos vermelhos responsável por transportar oxigênio. Concentrações baixas de hemoglobina diminuem a oferta de oxigênio aos tecidos, provocando a clássica sensação de fraqueza e desânimo que caracteriza a fadiga menstrual.
Impactos da fadiga menstrual nas atividades diárias
A repercussão do cansaço vai além do desconforto físico. Em estudo da Universidade Estadual de Londrina, 77 mulheres saudáveis entre 18 e 35 anos e que não utilizavam anticonceptivos responderam a um questionário com escala de zero a dez para mensurar queixas na TPM. As notas mais altas (7 em 10) foram justamente para desânimo e impacto nas Atividades de Vida Diárias, indicando que a fadiga compromete tanto a produtividade quanto o bem-estar psíquico.
A redução da energia costuma dificultar tarefas simples, como caminhar até o transporte público, preparar refeições ou manter a atenção em reuniões de trabalho. A sonolência ao longo do dia interfere na aprendizagem e pode aumentar o risco de erros operacionais. Em alguns casos, a fadiga mental se soma à física, trazendo sensação de mente lenta, esquecimento pontual e irritabilidade.
Como a alimentação interfere na fadiga menstrual
O organismo experimenta uma demanda maior por micronutrientes na fase menstrual. A carência de ferro, vitamina B12 e magnésio intensifica a fadiga, pois todos esses nutrientes participam de processos de geração de energia celular ou de funções neurológicas. Dietas ricas em ultraprocessados, fontes de calorias vazias e com baixo teor de vitaminas e minerais, agravam o quadro, enquanto refeições equilibradas podem contribuir para um ciclo mais confortável.
Alimentos como carnes magras, espinafre, feijão, lentilha e outras leguminosas oferecem ferro em quantidades relevantes. Já ovos, laticínios e pescados adicionam vitamina B12 ao cardápio. No caso do magnésio, quinoa, castanhas e sementes de abóbora são boas opções. Manter hidratação adequada é outro ponto central, já que a desidratação acentua a percepção de exaustão.
Estratégias de autocuidado para reduzir a fadiga menstrual
Mudanças de estilo de vida formam a primeira linha de enfrentamento do cansaço. Atividade física regular, mesmo que leve, aumenta a circulação sanguínea, melhora a oxigenação dos tecidos e estimula a liberação de endorfinas, hormônios associados à sensação de bem-estar. Uma caminhada diária ou sessões curtas de alongamento já são suficientes para observar melhora nos níveis de energia.
Conscientizar-se sobre a necessidade de descanso adicional nesse período também ajuda a preservar a saúde mental. Ajustar a agenda para garantir horas de sono reparador, dividir tarefas e evitar sobrecarga profissional colaboram para atenuar a fadiga. Técnicas de relaxamento, como respiração profunda ou meditação guiada, podem reduzir a ansiedade que costuma acompanhar a TPM e, consequentemente, minimizar o esgotamento.
Quando as medidas caseiras não surtem efeito, a orientação médica passa a ser indicada. A avaliação profissional pode sugerir suplementos nutricionais específicos ou, em situações selecionadas, terapia hormonal para equilibrar progesterona e estrogênio. Esse acompanhamento é fundamental para afastar diagnósticos diferenciais, como anemia clínica ou distúrbios da tireoide, que também causam cansaço.
Se, mesmo após ajustes na rotina, alimentação adequada e prática regular de exercícios, a fadiga menstrual persistir com intensidade que restrinja as atividades diárias, recomenda-se procurar atendimento especializado para investigar a necessidade de suplementação de ferro, vitamina B12, magnésio ou eventual tratamento hormonal direcionado.

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