Evacuação de Gaza City: resistência civil desafia Israel marca a nova fase da guerra no enclave palestino. O governo israelense ordenou que toda a população da cidade abandone o norte da Faixa, mas muitos moradores afirmam que não sairão ou que não têm recursos para isso.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) dizem ter obtido controle operacional de 40% de Gaza City e se preparam para um ataque terrestre contra o que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chamou de “último bastião importante” do Hamas. Apesar de Netanyahu contabilizar 100 mil evacuações, organizações humanitárias calculam que até um milhão de pessoas continuam na área, grande parte abrigada em tendas ou escolas improvisadas.
Evacuação de Gaza City: resistência civil desafia Israel
Moradores como Ammar Sukkar e Wael Shaban relatam que não pretendem deixar suas casas. Sukkar desafiou Netanyahu, dizendo que mesmo sob bombardeio ficará “enterrado em sua terra”. Já Shaban afirmou ter recebido apenas 15 minutos para fugir antes de um ataque a um edifício vizinho e que a passagem para o sul custa 1.500 shekels, valor fora do alcance de sua família.
O exército garante que há água, comida e abrigo suficientes em “zonas humanitárias” ao sul. Entretanto, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha alertou que tal deslocamento em massa é “incompreensível” e inviável, pois os locais já estão superlotados e sem recursos adequados.
Para aliviar a pressão, Israel está construindo um novo ponto de distribuição de ajuda próximo a Rafah, cerca de 30 km ao sul. A área, visitada pela BBC em um “embed” militar, terá dois bolsões de 100 m de largura para descarregar e distribuir mantimentos em circuito contínuo. O local será administrado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF) com segurança privada norte-americana, enquanto tropas israelenses farão o perímetro.
A ONU, porém, informa que mais de 1.100 pessoas morreram tentando acessar ajuda em centros da GHF desde maio. O porta-voz militar, tenente-coronel Nadav Shoshani, sustenta que “lições foram aprendidas” e que novas barreiras de areia e concreto evitarão confrontos entre civis e soldados, reduzindo o risco de saques.
Especialistas avaliam que a operação em Gaza City será ainda mais complexa do que a ofensiva de maio em Rafah, hoje praticamente reduzida a escombros. Guerrilhas do Hamas adotam táticas de insurgência, como o ataque que matou quatro soldados israelenses esta semana. Enquanto isso, famílias de reféns pressionam Netanyahu, temendo pelas vidas de seus parentes detidos na zona de combate.
Com as negociações de cessar-fogo estagnadas, Israel insiste que apenas uma última ofensiva separa o país da vitória sobre o Hamas, mesmo com centenas de milhares de civis ainda no epicentro do conflito.
Para acompanhar novas atualizações sobre o conflito e outras tendências globais, continue navegando em nossa editoria e receba as notícias mais relevantes em primeira mão.
Crédito da imagem: BBC/Dave Bull