EUA duplicam recompensa e oferecem 50 milhões de dólares pela captura de Nicolás Maduro
O governo dos Estados Unidos aumentou para 50 milhões de dólares o prémio por informações que conduzam à detenção do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O anúncio foi feito pela procuradora-geral Pam Bondi, que descreveu o chefe de Estado venezuelano como “um dos maiores narcotraficantes do mundo”. O valor duplica a recompensa divulgada em anos anteriores.
Recompensa passa para 50 milhões
Pam Bondi comunicou a nova quantia através de um vídeo publicado na rede social X. A responsável norte-americana afirmou que as autoridades pretendem reforçar o empenho na captura de Maduro, acusado de dirigir uma rede internacional de tráfico de droga. Segundo Bondi, a Drug Enforcement Administration (DEA) apreendeu 30 toneladas de cocaína alegadamente associadas ao círculo do presidente, das quais quase sete toneladas estariam diretamente ligadas ao próprio.
Para justificar o aumento do incentivo financeiro, Bondi salientou que Maduro teria colaborado com organizações como o grupo venezuelano Tren de Aragua — classificado pelos EUA como entidade terrorista — e com o Cartel de Sinaloa, sediado no México. A procuradora-geral não especificou quais os passos seguintes nem indicou de que forma as autoridades esperam que a recompensa produza resultados concretos.
Acusações e reacções
As autoridades norte-americanas imputam a Maduro crimes de narcoterrorismo, corrupção e conspiração para introduzir droga nos Estados Unidos. Estas acusações remontam a 2020, quando o Departamento de Justiça afirmou que o presidente venezuelano cooperava com a antiga guerrilha colombiana FARC para “inundar” o mercado norte-americano de cocaína.
Em Caracas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yvan Gil, classificou a nova recompensa como “patética” e considerou-a “propaganda política”. Gil sugeriu que o anúncio serve de “distração desesperada” face a polémicas internas nos EUA, sem se referir a outras alegações apresentadas por Washington.
Nicolás Maduro tem rejeitado repetidamente qualquer envolvimento direto em tráfico de estupefacientes e denuncia as acusações como parte de uma campanha de desestabilização conduzida pelos Estados Unidos.
Antecedentes judiciais e pressão internacional
Desde que sucedeu a Hugo Chávez em 2013, Maduro enfrenta sanções e condenações de vários governos. A eleição presidencial de 2023, que garantiu a sua permanência no cargo, foi alvo de denúncias de fraude e não obteve reconhecimento de parte da comunidade internacional. Protestos internos, alegações de repressão a opositores e restrições à liberdade de imprensa agravaram o isolamento diplomático de Caracas.
Em junho deste ano, Hugo Carvajal — antigo chefe da inteligência militar venezuelana — foi condenado nos Estados Unidos por tráfico de droga, após ter sido detido em Madrid e extraditado. O ex-responsável, conhecido como “El Pollo”, mudou o seu depoimento para culpado, alimentando especulação sobre possível colaboração com as autoridades norte-americanas em troca de redução de pena, potencialmente envolvendo informação sobre Maduro.
Além de Washington, tanto a União Europeia como o Reino Unido impuseram sanções económicas e restrições de viagem a altos membros do executivo venezuelano. Até ao momento, a postura de Caracas tem sido a de recusar qualquer legitimidade a essas medidas.
Próximos passos
O Departamento de Justiça não divulgou detalhes sobre eventuais operações ou parceiros internacionais que venham a ser mobilizados para localizar Maduro. Ainda assim, a duplicação da recompensa sinaliza a continuidade da estratégia de pressão sobre o presidente venezuelano, numa altura em que a relação bilateral permanece marcada pelo corte de ligações diplomáticas e pelo recurso a sanções económicas.
Apesar da intensificação das iniciativas norte-americanas, Maduro mantém o controlo das instituições venezuelanas e conta com o apoio das forças armadas. Analistas indicam que qualquer avanço no caso dependerá de cooperação de países terceiros e de informação de primeira mão que permita às autoridades agir fora do território venezuelano, onde os EUA não dispõem de jurisdição direta.

Imagem: bbc.com