Washington — O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que forças norte-americanas realizaram um ataque contra uma embarcação suspeita de transporte de droga no sul do mar das Caraíbas, provocando a morte de 11 pessoas alegadamente ligadas ao grupo venezuelano Tren de Aragua.
Operação decorreu em águas internacionais
De acordo com Trump, a ação ocorreu na madrugada de terça-feira, em águas internacionais próximas da costa venezuelana, sob a responsabilidade do Comando Sul (SOUTHCOM). O chefe de Estado afirmou ter dado ordens diretas para o “ataque cinético” após confirmação da presença de “narcoterroristas” a bordo.
O Presidente indicou que nenhum militar norte-americano ficou ferido e que a embarcação transportava “grande quantidade de drogas” com destino aos Estados Unidos. Em declarações posteriores na Casa Branca, explicou ter sido informado pelo general Dan Caine, presidente interino do Estado-Maior Conjunto, antes de autorizar a intervenção.
Imagens difundidas e contestação venezuelana
Trump divulgou nas redes sociais um vídeo aéreo, de baixa resolução, que mostra uma lancha a alta velocidade antes de explodir em chamas. Pouco depois, o ministro da Comunicação da Venezuela, Freddy Ñáñez, sugeriu — sem apresentar provas — que o registo visual poderia ter sido gerado através de inteligência artificial. A agência Reuters referiu não ter detetado indícios de manipulação nas primeiras verificações, mas manteve a análise em curso.
Também nas redes sociais, o secretário de Estado Marco Rubio confirmou a operação, classificando-a como um “golpe letal” contra um navio saído da Venezuela e operado por uma organização designada como terrorista pelos EUA.
Pressão crescente sobre Caracas
Desde o início do ano, Washington aumentou a presença militar na região, destacando navios de guerra e vários milhares de fuzileiros navais. Paralelamente, o Governo norte-americano ofereceu uma recompensa de 50 milhões de dólares por informações que conduzam à detenção do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusado de narcotráfico.
Maduro reagiu às movimentações militares prometendo “declarar uma república em armas” em caso de ataque dos Estados Unidos, considerando o reforço naval “a maior ameaça vista no continente em cem anos”.
Tren de Aragua no centro das atenções
O grupo Tren de Aragua, originalmente criado no estado venezuelano de Aragua, é apontado pelos EUA como responsável por tráfico de droga, extorsão e outros crimes transnacionais. A administração Trump incluiu recentemente esta organização e o denominado Cartel de los Soles, alegadamente dirigido por altos responsáveis venezuelanos, na lista de entidades terroristas.
Ao classificar cartéis como grupos terroristas, Washington procura ampliar o leque de instrumentos legais para combater o tráfico e justificar operações no exterior. Essa estratégia tem servido igualmente para sustentar expulsões aceleradas de cidadãos venezuelanos, embora um tribunal de recurso tenha bloqueado, na terça-feira, a aplicação de uma lei do século XVIII invocada pela Casa Branca para esse efeito.
Contexto económico e energético
A tensão militar contrasta com uma aproximação limitada no setor energético. O Governo dos EUA permite que a Chevron opere em parceria com a petrolífera estatal PDVSA, exceção que visa garantir fornecimento de crude e manter canais de diálogo económico com Caracas.
Advertência de Trump
No comunicado que acompanhou o anúncio do ataque, Trump deixou um aviso: “Que isto sirva de recado a quem pondera trazer droga para os Estados Unidos. Atenção!”. O Presidente acrescentou que “há mais de onde isto veio”, sinalizando disposição para autorizar novas ações contra o narcotráfico na região.
Até ao momento, as autoridades norte-americanas não especificaram o tipo ou a quantidade de estupefacientes que a embarcação transportava, nem divulgaram detalhes sobre a identidade dos 11 indivíduos mortos. Também não há confirmação independente sobre as circunstâncias do ataque.
O incidente eleva a tensão entre Washington e Caracas numa altura em que ambos os países já trocam acusações políticas e económicas. Observadores internacionais aguardam novos desenvolvimentos enquanto prosseguem as verificações sobre o material divulgado pela Casa Branca.