Estudo calcula quanto tempo megaestruturas alienígenas resistem no Universo

Um artigo recentemente publicado na revista The Astrophysical Journal estimou o tempo de sobrevivência de hipotéticas megaestruturas construídas por civilizações extraterrestres avançadas. O astrónomo Brian C. Lacki analisou a viabilidade de um Enxame de Dyson — conjunto de milhares de componentes orbitais dispostos em torno de uma estrela para captar energia — e calculou o momento em que cada estrutura colapsaria se fosse abandonada.

Resistência depende da estrela hospedeira

O estudo modela a evolução de um Enxame de Dyson sem manutenção activa. Quando a civilização deixa de operar a rede, as peças entram em colisão progressiva, gerando fragmentos cada vez mais pequenos até restar apenas pó. O início desse processo varia segundo o raio estelar:

• Estrelas semelhantes ao Sol: cerca de 41 mil anos até à destruição completa.
• Anãs laranja (≈ metade do raio solar): cerca de mil anos.
• Anãs vermelhas (≈ 10 % do raio solar): o choque entre componentes ocorreria antes mesmo da conclusão da construção.
• Anãs brancas (diâmetro próximo ao da Terra): resistência inferior a 1,5 horas (0,00018 anos).
• Gigantes vermelhas (100-1000 vezes o tamanho do Sol): até 5,3 mil milhões de anos.
• Supergigantes vermelhas (≈ 1500 raios solares): potencial para 8,4 biliões de anos.

A disparidade deve-se à gravidade e à velocidade orbital. Em estrelas mais pequenas, os elementos do enxame movem-se mais rápido e colidem cedo; em astros maiores, a velocidade relativa é menor, prolongando a integridade da estrutura.

Anel de Dyson proposto como solução mais estável

Lacki sugere que uma civilização avançada poderia optar por um Anel de Dyson — faixa orbital única, próxima da estrela e alinhada no plano do equador — em vez de um enxame totalmente esférico. Esta configuração reduz interacções entre componentes e, consequentemente, o risco de colisões em cadeia. Ainda assim, o anel exigiria ajustamentos regulares de órbita para compensar perturbações gravitacionais e pressões de radiação.

À medida que as necessidades energéticas crescessem, essa sociedade teria de expandir a estrutura e possivelmente deslocar planetas inteiros para manter o anel funcional. O processo poderia reorganizar ou destruir sistemas planetários, mas prolongaria a disponibilidade de energia estelar.

Implicações para a busca de inteligência extraterrestre

Para que um telescópio terrestre encontre vestígios de um Enxame de Dyson, a construção teria de manter-se íntegra durante milhões de anos ou colapsar de forma detectável. As conclusões do trabalho indicam que apenas estruturas em torno de estrelas gigantes ou supergigantes permaneceriam visíveis por períodos compatíveis com escalas astronómicas.

Se uma civilização se extinguir antes de a estrutura ruir, o enxame continuará a degradar-se até desaparecer, eliminando sinais observáveis. Em estrelas de pequena massa, esse desaparecimento pode ocorrer num intervalo curto em comparação com a idade da Via Láctea, reduzindo a probabilidade de detecção.

Método de modelação

O autor baseou-se em mecânica orbital e em cenários de colisão em cascata. O cálculo considerou o tempo necessário para que elementos do enxame atinjam tamanhos inferiores a um milímetro, ponto em que a radiação estelar os expulsa do sistema ou vaporiza. Cada caso partiu de um enxame concluído, depois abandonado sem intervenção.

Conclusão

O trabalho demonstra que a durabilidade de megaestruturas alienígenas depende fortemente do tipo de estrela hospedeira. Em estrelas de grande raio, um Enxame de Dyson pode persistir durante milhares de milhões de anos, enquanto em estrelas compactas ruiria em escalas humanas ou mesmo em horas. Este contraste estabelece novos limites para estratégias de observação de possíveis artefactos extraterrestres.

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Imagem: cokada via olhardigital.com.br

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