Elize Matsunaga: rotina em Franca, trabalho por aplicativo e desafios após deixar Tremembé

Elize Matsunaga: rotina em Franca, trabalho por aplicativo e desafios após deixar Tremembé

Palavra-chave principal: Elize Matsunaga

Após cumprir dez anos em regime fechado no presídio de Tremembé, no interior paulista, Elize Matsunaga leva atualmente uma vida de baixa exposição pública em Franca, cidade do mesmo estado. Condenada a 26 anos de prisão pelo homicídio e esquartejamento do marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, em 2012, ela foi colocada em liberdade condicional e passou a arcar pela própria subsistência longe dos holofotes que marcaram o seu julgamento.

Índice

O crime que ganhou repercussão nacional em 2012

O caso que projetou o nome de Elize Matsunaga ocorreu em julho de 2012. Na época, ela era casada com Marcos Kitano Matsunaga, diretor-executivo da empresa alimentícia Yoki. Em circunstâncias que se tornaram objeto de intensa cobertura jornalística e de produções audiovisuais de true crime, Elize foi acusada de matar o marido e esquartejar o corpo. A brutalidade dos atos, somada ao perfil de alta renda da família, fez do episódio um dos crimes mais noticiados no país naquele ano.

A justiça paulista considerou Elize responsável pelo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O tribunal impôs pena de 19 anos e 11 meses pelo assassinato, acrescida de seis anos e três meses pela ocultação, totalizando 26 anos de reclusão. A condenação determinou o início do cumprimento em regime fechado, o que a levou à Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé.

Condenação, rotina carcerária e progressão de regime

Durante o período em Tremembé, Elize manteve comportamento avaliado como satisfatório pelo sistema penitenciário, condição que contribuiu para a progressão de pena. Depois de uma década em regime fechado, ela obteve o direito à liberdade condicional, medida prevista na legislação para condenados que cumprem parte da pena, apresentam bom histórico de disciplina e não registram faltas graves.

Com a progressão, a ex-detenta tornou-se responsável por assegurar moradia, renda e acompanhamento regular perante a Justiça. O cumprimento das condições impostas inclui endereço fixo, presença periódica em juízo e proibição de se ausentar da comarca sem autorização.

Instalação em Franca e procura por sustento próprio

Já fora do sistema prisional, Elize estabeleceu residência em Franca, município conhecido pelo polo calçadista no interior de São Paulo. A escolha por uma cidade longe da capital e de Tremembé reforça o propósito de manter discrição em meio à atenção que o caso ainda desperta. Segundo informações divulgadas pelo escritor Ulisses Campbell, autor do livro que inspirou a série de streaming “Tremembé”, a ex-condenada passou a buscar formas de renda compatíveis com as restrições do regime condicional.

Entre as opções disponíveis para pessoas que deixam o cárcere, atuar como motorista de aplicativo se mostrou viável. A atividade exige documentação relativamente simples e pode ser desempenhada sem a necessidade de vínculos tradicionais de emprego, condição útil a quem precisa conciliar trabalhos eventuais com comparecimentos judiciais.

Atuação como motorista do aplicativo TaxiMaxim

Fontes consultadas pelo mesmo autor e confirmadas pela empresa TaxiMaxim em 2023 apontam que Elize realizou corridas na plataforma. A operadora, concorrente de alcance regional da Uber, informou à época que os requisitos para cadastramento de condutores restringem-se à apresentação de Carteira Nacional de Habilitação válida, veículo em bom estado de conservação, idade mínima de 18 anos e documentação regularizada. O histórico criminal do candidato não consta entre os impeditivos elencados pelo serviço.

A companhia declarou ainda que a condutora, registrada sob o nome de solteira Elize Araújo, mantinha boa avaliação e não acumulava queixas de usuários. Tais informações sugerem que, no exercício da função, ela cumpria as normas de atendimento e segurança do aplicativo.

Apesar do desempenho sem registros negativos, a permanência de Elize na atividade foi breve. A divulgação do fato pela imprensa acarretou exposição incompatível com o desejo de anonimato. Com a presença do nome em reportagens, a continuidade das corridas tornou-se inviável, levando ao abandono do serviço prestado à TaxiMaxim.

Transição para a confecção de artigos para animais de estimação

Após deixar o trabalho em transporte de passageiros, Elize dirigiu esforços ao segmento pet. Ela passou a confeccionar roupas e acessórios para animais, alternativa que se adequa à necessidade de sustento e, ao mesmo tempo, possibilita reduzir a circulação pública. A escolha por costura doméstica permite controlar horários, evitar deslocamentos constantes e minimizar a visibilidade em pontos de grande fluxo.

O ramo de produtos para animais apresenta demanda consistente em várias regiões do país, o que amplia a possibilidade de renda sem exposição direta. Embora não haja detalhes sobre escala de produção ou faturamento, o fato demonstra estratégia de adaptação à realidade social e jurídica que enfrenta.

Distanciamento permanente da filha adolescente

Enquanto tenta reconstituir a vida, Elize permanece afastada da filha, que tem atualmente 15 anos. A menina, entregue aos avós paternos logo após o crime de 2012, não manteve contato com a mãe desde então. Segundo posicionamento do casal, qualquer decisão sobre eventual aproximação será prerrogativa da jovem apenas quando atingir a maioridade.

Elize buscou na Justiça o direito de acompanhar o crescimento da filha e restabelecer vínculo legal de maternidade, mas não obteve êxito. Com isso, permanece sem visitas nem comunicação autorizada. A circunstância reforça o isolamento familiar e compõe um dos aspectos mais sensíveis de seu processo de reintegração social.

Repercussão das narrativas audiovisuais

A trajetória da ex-detenta voltou a receber destaque com o lançamento de duas produções de streaming. Em 2021, a Netflix exibiu o documentário “Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime”, no qual a própria condenada manifestou arrependimento pelos atos. Posteriormente, o Prime Video desenvolveu a série “Tremembé”, inspirada no livro de Ulisses Campbell, retomando o caso em formato ficcional.

A exposição em larga escala tende a reacender o interesse público e prolongar o escrutínio sobre a vida pós-prisão. Ao revisitar detalhes do homicídio, das investigações e do julgamento, as séries adicionam novos ciclos de atenção midiática. Esse cenário pode impactar a tentativa de manter discrição, pois amplia a chance de reconhecimento na rua, no trabalho ou em redes sociais.

Liberdade condicional e exigências legais vigentes

Enquanto cumpre a etapa final da pena em liberdade, Elize deve obedecer às condições estabelecidas pelo juízo de execução penal. Entre elas, apresentar-se periodicamente à Justiça, comunicar mudança de endereço, não se envolver em infrações e respeitar limites territoriais fixados. O descumprimento de qualquer obrigação pode ensejar regressão de regime ou revogação da liberdade condicional.

Ainda que a legislação não restrinja a atuação profissional em setores como transporte ou comércio de produtos pet, a realidade prática acrescenta barreiras informais. A notoriedade do caso e a circulação de informações sobre seu paradeiro influenciam a receptividade de clientes e empregadores, fazendo com que cada tentativa de recolocação exija avaliação cautelosa.

Permanência do nome nos registros criminais

O cumprimento das obrigações penais não remove o processo do histórico judicial da condenada. O crime e a sentença permanecem disponíveis em bancos públicos, já que a legislação brasileira não prevê sigilo para casos de homicídio de grande repercussão. Assim, buscas simples podem associar de imediato o nome Elize Matsunaga a reportagens, decisões judiciais e produções audiovisuais.

Esse fator amplia o desafio de reinserção. Ao contrário de crimes de menor potencial ofensivo, nos quais se pode postular sigilo ou escusa de antecedentes, delitos contra a vida de repercussão nacional tendem a conservar registros abertos que afetam a imagem do ex-apenado por tempo indeterminado.

Perspectivas e limitações para o futuro

Sem acesso à filha e sujeita às condições impostas pela Justiça, Elize Matsunaga segue em um processo de autossustento que depende de baixo grau de exposição. O trabalho artesanal direcionado ao público pet surgiu como alternativa após a inviabilidade de continuar como motorista. O tempo restante até eventual extinção da pena em definitivo dependerá do cumprimento das regras da liberdade condicional e da ausência de novos conflitos com a lei ou com a sociedade civil.

Enquanto isso, a manutenção de endereço fixo em Franca, o recolhimento de renda próprio e o acompanhamento judicial regular configuram os pilares de sua rotina presente. Resta verificar de que maneira a circulação de séries, livros e reportagens manterá o caso no debate público e qual será o impacto direto sobre suas tentativas de permanecer fora do radar.

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