Eleição na Moldávia decide rumo à UE sob alerta russo

Eleição na Moldávia mobilizou eleitores neste domingo, com a presidente Maia Sandu advertindo que a jovem democracia do país corre risco diante de “interferência massiva da Rússia”. A votação para renovar os 101 assentos do Parlamento é vista como decisiva para o caminho de Chisinau rumo à União Europeia.
Dados preliminares da comissão eleitoral apontaram comparecimento de 52%, acima das últimas eleições, impulsionado por mais de 270 mil votos da diáspora. O pleito opõe o governista Partido Ação e Solidariedade (PAS), pró-UE, ao Bloco Eleitoral Patriótico, alinhado ao Kremlin.
Eleição na Moldávia decide rumo à UE sob alerta russo
A corrida aparece empatada e os primeiros resultados parciais devem sair nas próximas horas. Caso o PAS perca a maioria, terá de negociar apoio com o bloco Alternativa ou com o populista Nosso Partido. A tensão levou a ameaças de bomba em seções na Itália, Romênia, Espanha, Estados Unidos e até dentro do país. O líder do PAS, Igor Grosu, atribuiu os episódios a grupos criminosos “patrocinados por Moscou” e pediu calma.
O ex-presidente socialista Igor Dodon, hoje à frente do bloco patriótico, foi à TV logo após o fechamento das urnas, sem base em pesquisas de boca de urna, para declarar vitória e conclamar simpatizantes a se reunirem diante do Parlamento ao meio-dia de segunda-feira. Ele prometeu “não permitir desestabilização” e exigiu a renúncia do governo.
Na véspera, uma sigla de sua coligação fora impedida de concorrer por financiamento ilícito. A polícia afirmou ter desbaratado um esquema russo de compra de votos, desinformação e treinamento de ativistas na Sérvia. Conforme revelou a BBC, uma rede oferecia pagamentos por propaganda pró-Moscou nas redes sociais. A embaixada russa em Londres classificou as denúncias como manobra para “desviar a atenção dos problemas internos” moldavos.
Além do conflito na Ucrânia, os moldavos enfrentam inflação alta e corrupção endêmica. Na fronteira com a região separatista da Transnístria, onde há tropas russas, cerca de 12 mil eleitores atravessaram o rio Dniester para votar em 12 seções montadas fora do enclave. Muitos se queixaram de dificuldades, mas disseram preferir manter o voto em sigilo.
Câmeras instaladas sobre as urnas transparentes gravaram todo o processo como medida extra de segurança. Em Chisinau, o eleitor Dan Spatar explicou seu voto: “Escolhemos um futuro europeu, não um passado russo”. Já Marina afirmou buscar “paz e crescimento econômico”, algo que, segundo ela, seria inviável com um governo pró-Kremlin.
No discurso final antes da apuração, Sandu, reeleita em novembro passado, resumiu o clima: “Não brinquem com seu voto ou perderemos tudo!”. A contagem prossegue sob forte vigilância de observadores nacionais e internacionais.
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Crédito da imagem: Anadolu via Getty Images
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