Donbas: o que a cessão a Putin significaria para a Ucrânia

Donbas: o que a cessão a Putin significaria para a Ucrânia

Donbas: o que a cessão a Putin significaria para a Ucrânia A eventual entrega das províncias de Donetsk e Luhansk à Rússia, proposta que Donald Trump planeja discutir com Volodymyr Zelensky nesta segunda-feira em Washington, reacende o dilema entre preservar território ou encerrar uma guerra que já deixou centenas de milhares de vítimas.

Donbas: o que a cessão a Putin significaria para a Ucrânia

De acordo com interlocutores próximos à Casa Branca, Trump pretende pressionar o presidente ucraniano a aceitar que Moscou mantenha todo o Donbas em troca de congelar as linhas de frente restantes. O formato ecoa sugestão apresentada por Vladimir Putin durante encontro com Trump no Alasca.

Hoje, Luhansk está quase totalmente ocupada, enquanto a Ucrânia controla cerca de 30% de Donetsk, onde se concentram cidades estratégicas e fortificações construídas ao custo de dezenas de milhares de vidas. Desde 2014, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas fugiram da região e outras 3 milhões vivem sob domínio russo, segundo estimativas de Kiev.

Rica em mineração e indústrias pesadas, a área “é parte fundamental da identidade nacional”, afirma o historiador Yaroslav Hrytsak. “Perdê-la seria uma tragédia, sobretudo para os refugiados que não teriam onde retornar.”

O cansaço da guerra é palpável. “Medimos este conflito em vidas, não em quilômetros”, diz Yevhen Tkachov, socorrista em Kramatorsk. Para ele, sem garantias de segurança confiáveis, “não vale sacrificar mais pessoas por alguns milhares de quilômetros quadrados”.

Pesquisa do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev indica que 75% da população rejeita qualquer cessão formal de território. O desconforto também se reflete no parlamento. Para o deputado Volodymyr Ariev, da oposição, entregar o Donbas “beiraria a traição” e violaria a Constituição, que exige aprovação legislativa e referendo para mudanças de fronteira.

A falta de clareza jurídica é ressaltada pela deputada Inna Sovsun: “Não existe procedimento definido para um acordo desse tipo; nossos constituintes nunca imaginaram essa hipótese”. Segundo ela, a solução mais provável seria uma rendição de facto, sem reconhecimento formal da anexação.

Após o encontro no Alasca, Trump sinalizou disposição de se juntar à Europa na oferta de garantias de defesa à Ucrânia. Para muitos ucranianos, sem compromissos tangíveis — como a presença de forças aliadas em Odesa — qualquer pacto territorial seria inaceitável. “Precisamos de garantias reais, não apenas promessas no papel”, resume Tkachov.

Analistas alertam, contudo, que discussões em estilo “troca de terrenos” correm o risco de minimizar o impacto humano de uma década de guerra. Como lembra o historiador Vitalii Dribnytsia, “cada canto do Donbas é parte indissociável da Ucrânia, quer tenha fama cultural ou não”.

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Crédito da imagem: Anadolu via Getty Images

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