Dez jogos eletrônicos que traduzem a experiência dos RPGs de mesa para a tela

A passagem dos role-playing games do tabuleiro para o universo digital criou uma ponte entre duas formas de entretenimento que compartilham imaginação coletiva, regras específicas e decisões colaborativas. Nos jogos de mesa, participantes assumem papéis e constroem histórias guiados por um mestre; nos videogames, esse mesmo princípio ganhou novas camadas ao ser automatizado por motores gráficos, sistemas de inteligência artificial e ambientes interativos. A lista a seguir apresenta dez títulos que se inspiraram diretamente em RPGs de mesa, preservando mecânicas centrais, ambientação e foco narrativo para oferecer ao jogador uma experiência que remete ao lançamento de dados de vinte faces sem deixar a tela do computador ou do console.
- Vampire: The Masquerade – Bloodlines e Bloodlines 2
- Baldur’s Gate 3
- Solasta: Crown of the Magister
- Shadowrun (1993) e a trilogia posterior
- Pathfinder: Wrath of the Righteous
- Cyberpunk 2077
- Call of Cthulhu (2018)
- Warhammer 40,000: Space Marine 2
- Dungeons & Dragons: Tower of Doom
- Dungeons & Dragons: Shadow over Mystara
Vampire: The Masquerade – Bloodlines e Bloodlines 2
Derivada do RPG gótico criado pela White Wolf, a franquia Vampire: The Masquerade transporta o jogador para uma sociedade de vampiros estruturada em clãs e marcada por disputas políticas. No primeiro Bloodlines, lançado em 2004, a interface digital reproduz diálogos extensos e um clima de tensão permanente. Já em Bloodlines 2, o protagonista surge como um vampiro de grande antiguidade na Seattle contemporânea, precisando equilibrar ambição e discrição para não violar a “Máscara”, norma interna que garante o segredo da existência dos vampiros perante os humanos. As duas produções mantêm o peso das escolhas sociais e morais previsto no sistema de mesa, fazendo com que alianças, traições e atitudes individuais alterem relacionamentos e consequências ao longo da campanha.
Plataformas: o primeiro título está disponível para PC; a continuação foi anunciada para PlayStation 5, Windows e Xbox Series X/S.
Baldur’s Gate 3
Inspirado na quinta edição de Dungeons & Dragons, Baldur’s Gate 3 converte para o digital a liberdade de ação oferecida em mesas presenciais. A obra da Larian Studios aplica um sistema de combate em turnos calcado em rolagens de dados, permite que cada decisão altere o enredo e dá ao usuário a mesma autonomia de um jogador sentado diante de livros de regras. O conjunto de escolhas, combinadas a um mundo que reage de forma orgânica, constitui uma transposição fiel do espírito de D&D.
Plataformas: Windows, PlayStation 5, macOS, Xbox Series X/S e Linux.
Solasta: Crown of the Magister
Criado por entusiastas de Dungeons & Dragons, Solasta: Crown of the Magister atua como homenagem direta à quinta edição do RPG de mesa. A estrutura tática utiliza um tabuleiro virtual em grade e adiciona verticalidade aos cenários, o que faz da posição dos personagens um elemento estratégico decisivo. Na prática, cada jogada exibe na tela a rolagem de dados correspondente, reforçando a sensação de participação em uma sessão presencial. O jogador monta um grupo de quatro aventureiros, explora ruínas antigas em busca de artefatos e encara desafios que demandam improviso constante.
Plataformas: Microsoft Windows, macOS, Xbox One, Xbox Series X/S e PlayStation 5.
Shadowrun (1993) e a trilogia posterior
A versão de 1993 para Super Nintendo adaptou o RPG de mesa que mescla fantasia, magia e tecnologia em cenário cyberpunk. O usuário controla Jake Armitage, personagem sem memória que vasculha a própria identidade enquanto se envolve com conspirações e megacorporações. O título combina atmosfera investigativa, tom noir e combates táticos que, à época, eram considerados inovadores. Décadas mais tarde, jogos como Shadowrun Returns, Dragonfall e Hong Kong retomaram a ambientação com visual isométrico e foco estratégico, mantendo viva a essência do sistema original.
Plataforma de origem: Super NES.
Pathfinder: Wrath of the Righteous
Derivado de regras baseadas na edição 3.5 de Dungeons & Dragons, Pathfinder: Wrath of the Righteous reproduz no ambiente digital um conjunto robusto de possibilidades táticas. O enredo coloca o jogador no comando de uma cruzada contra demônios que atravessam uma fenda mágica para invadir o mundo mortal. A oferta de múltiplas classes, raças e caminhos míticos gera combinações diversas, enquanto decisões morais e combate em turnos conferem profundidade estratégica comparável àquele encontrado em mesas tradicionais.
Plataformas: macOS, Microsoft Windows, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox One.
Cyberpunk 2077
O RPG de mesa Cyberpunk 2020, criado por Mike Pondsmith, serve de base para o universo retratado em Cyberpunk 2077. Elementos centrais — megacorporações, implantes cibernéticos e hackers urbanos — foram mantidos, mas agora apresentados por meio de narrativa cinematográfica em primeira pessoa. Personagens reconhecíveis da obra original, como Johnny Silverhand, migram diretamente para a adaptação eletrônica, reforçando a continuidade entre a experiência de mesa e a versão para videogames.
Plataformas: PlayStation 4, Windows, Xbox One, PlayStation 5, Xbox Series X/S, Nintendo Switch 2 e macOS.
Call of Cthulhu (2018)
Baseado no RPG que se inspira na literatura de H. P. Lovecraft, Call of Cthulhu (2018) combina investigação com horror psicológico. O jogador assume o papel do detetive Edward Pierce, enviado a uma ilha isolada para averiguar a morte da família Hawkins. À medida que o enredo avança, segredos antigos e cultos obscuros testam a sanidade do protagonista. Fiel ao jogo de mesa, o título enfatiza escolhas, interpretação de personagem e o frágil estado mental diante de um terror de escala cósmica.
Plataformas: Microsoft Windows, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.
Warhammer 40,000: Space Marine 2
Nascido do cenário de ficção científica da Games Workshop, Warhammer 40,000: Space Marine 2 coloca o usuário no papel do tenente Titus, integrante dos Ultramarines. A missão consiste em enfrentar hordas de alienígenas Tirânidas utilizando armas de fogo e ataques corpo a corpo. Embora o ritmo seja marcado pela ação, o jogo preserva a profundidade tática e o extenso lore descrito no RPG de mesa, incluindo conflitos entre facções, divindades e tecnologias avançadas.
Plataformas: PlayStation 5, Windows e Xbox Series X/S.
Dungeons & Dragons: Tower of Doom
Lançado nos anos 1990 pela Capcom, Dungeons & Dragons: Tower of Doom surpreendeu ao levar o universo de D&D para o estilo beat ’ em up dos arcades. Apesar do ritmo acelerado, o jogo incorporou elementos típicos do gênero de mesa: magias, coleta de itens, rotas alternativas e combate cooperativo. A trama se passa no mundo de Mystara e acompanha heróis que enfrentam o lich Deimos e seu exército. O êxito comercial e de crítica impulsionou a criação de uma continuação direta.
Plataformas originais: Arcade e Sega Saturn. A coletânea que reúne Tower of Doom e o título seguinte chegou ao PlayStation 3, Windows, Xbox 360 e Wii U.
Dungeons & Dragons: Shadow over Mystara
Sequência de Tower of Doom, Shadow over Mystara amplia a fórmula de ação em deslocamento lateral ao adicionar equipamentos diversos, magias expandidas e finais alternativos. A história retoma os eventos após a derrota de Deimos e revela que a principal ameaça agora é Synn, feiticeira que, na verdade, se trata de um dragão vermelho ancestral. A combinação de combate intenso, progressão de personagem e enredo ramificado transformou o jogo em referência entre beat ’ em ups com componentes de RPG.
Plataformas originais: Arcade e Sega Saturn, com posterior inclusão na coletânea para PlayStation 3, Windows, Xbox 360 e Wii U.
A seleção de títulos acima demonstra como diferentes estúdios converteram sistemas de regras, ambientações e mecânicas de interpretação de RPGs de mesa em experiências interativas eletrônicas. Cada produção equilibra fidelidade às fontes e adaptações exigidas pelo formato digital, revelando a versatilidade dos mundos originalmente construídos com livros, lápis e dados.
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