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Escala da tragédia nas Montanhas Marra
Um deslizamento de terra provocado por vários dias de chuva intensa causou pelo menos 370 mortes nas remotas Montanhas Marra, no oeste do Sudão, segundo confirmou à BBC Antoine Gérard, vice-coordenador humanitário das Nações Unidas para o país. A localidade de Tarseen, situada numa encosta íngreme, ficou praticamente arrasada no domingo, com registo de apenas um sobrevivente de acordo com o grupo armado Movimento/Exército de Libertação do Sudão (SLM/A), que controla a zona. A mesma organização admite que o número de vítimas possa chegar a 1 000, embora o balanço exacto continue incerto devido à dificuldade de acesso.
Imagens recolhidas após o desastre mostram duas ravinas que convergem num nível mais baixo, precisamente onde se localizava a aldeia. A força da massa de terra destruiu habitações de construção rudimentar e cobriu grande parte da área habitada. As chuvas, típicas da estação, saturaram o solo e desencadearam o movimento súbito de rochas e lama, deixando a população sem hipótese de fuga.
Dificuldades de acesso e resposta de emergência
Chegar ao epicentro da tragédia constitui o principal desafio para as equipas de socorro. Gérard explicou que as agências humanitárias não dispõem de helicópteros e dependem exclusivamente de viaturas todo-o-terreno em estradas extremamente acidentadas. Na época das chuvas, atravessar vales pode levar horas ou mesmo dias, atrasando a entrega de mantimentos, tendas e materiais médicos. «Trazer camiões com bens essenciais será um desafio», sublinhou o responsável.
A falta de infra-estruturas adequadas agrava o risco de doenças entre os sobreviventes e dificulta a remoção de corpos, operação necessária para prevenir contaminações. As autoridades locais receiam que a contagem de vítimas continue a subir caso não seja possível actuar rapidamente.
Apelos nacionais e internacionais
O SLM/A, neutral no conflito nacional, lançou um pedido de assistência urgente às Nações Unidas e a outras organizações regionais e internacionais. No mesmo sentido, o governador de Darfur, Minni Minnawi, alinhado com o exército sudanês, qualificou o incidente como «tragédia humanitária» e apelou à «intervenção urgente» da comunidade internacional.
Mahmoud Ali Youssouf, presidente da Comissão da União Africana, instou as partes beligerantes no Sudão a «silenciar as armas» e a facilitar a entrega imediata de ajuda. O apelo surge num momento em que a ONU tenta negociar corredores humanitários seguros num território onde o poder é disputado entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF).
Conflito armado aprofunda vulnerabilidade
Desde Abril de 2023, o confronto entre o exército sudanês e as RSF gerou uma crise de enormes dimensões. Estimativas citadas por um responsável norte-americano apontam para até 150 000 mortos nos combates e cerca de 12 milhões de deslocados internos. Muitos habitantes do estado do Darfur Norte procuraram refúgio precisamente nas Montanhas Marra, consideradas relativamente seguras até à ocorrência deste desastre natural.
Embora o SLM/A se declare neutro, algumas das suas facções prometeram apoio ao exército contra as RSF. Diversos habitantes de Darfur acusam as RSF e milícias aliadas de conduzirem uma campanha destinada a transformar a região etnicamente mista num território sob domínio árabe. A instabilidade permanente dificulta a coordenação de operações humanitárias e impede o reforço de infra-estruturas básicas.
Necessidades imediatas e riscos futuros
Autoridades locais e agências internacionais identificam abrigo, água potável, cuidados médicos e alimentos como prioridades para os sobreviventes em Tarseen e nas aldeias vizinhas. A topografia montanhosa, combinada com previsões de mais precipitação, aumenta o risco de novos deslizamentos. Especialistas alertam que cada atraso na mobilização de meios reforça a possibilidade de perdas adicionais, tanto humanas como materiais.
Com os acessos comprometidos, as primeiras equipas no terreno concentram-se em abrir trilhos transitáveis e avaliar a estabilidade do solo antes de prosseguir com operações de busca. A presença de munições não detonadas, resquício de confrontos anteriores, constitui outro perigo potencial que as autoridades tentam mapear.
Perspectivas de resposta
A ONU estuda a hipótese de desviar fundos de programas existentes para financiar missões de transporte e assistência médica. Caso se obtenha um cessar-fogo temporário, comboios humanitários poderão avançar a partir de El Fasher, capital de Darfur do Norte, embora a distância e o estado das estradas representem obstáculos significativos.
Enquanto isso, organizações locais improvisam abrigos e recolhem donativos para suprir carências imediatas. Porém, sem apoio logístico internacional, esses esforços dificilmente cobrirão a totalidade das necessidades. Especialistas alertam que a conjugação de conflito armado, estações das chuvas e catástrofes naturais ameaça prolongar a crise humanitária na região.